domingo, 20 de setembro de 2015

Comentários: Gakkou Gurashi #11 – Cicatriz

Como sugestionado pelo título, um episódio que meche com as memórias. Feridas, mesmo após cicatrizadas, continuam ali, nos lembrando de que algo aconteceu. Mas, chega um momento na vida, que é preciso superá-las. Elas sempre estarão ali, mas não mais te limitando. 
Constituído de uma atmosfera imersiva repleta de uma sensação de nostalgia agridoce, o maior êxito deste episódio é a sua harmônica trilha incidental, que rege as ondas de sentimentos provocadas pelo fim de um ciclo, cheio de despedidas e a necessidade de dar um passo além para continuar sobrevivendo.

Foi um episódio crítico para Miki e Yuki. O medo de Miki em sair da proteção do esconderijo e encarar os perigos de tal mundo, a necessidade de Yuki em superar seu estado de negação e permitir que Megu-nee “partisse”, ao atravessar a porta. As duas ações dessas garotas são pontuais no episódio e se tornam por excelência, emblemáticas, ao olharmos para trás e percebemos que foram questões que sempre estiveram em voga na série. 
Miki sempre teve este lance de olhar para si mesma e se deixar paralisar pelo medo, e mesmo quando ela seguiu com o Clube de Vida Escolar, isto ainda se manteve em menor grau através de um novo senso de proteção e apego às memórias de sua amiga. Tanto que a afeição desperta por Yuki foi gradativo, já que no inicio ela ainda se mantinha numa postura defensiva, que acabou se tornando um charme da personagem a partir do ponto que isto foi meio que descambando pra um leve arquétipo de tsunderismo. Miki até o fim foi a personagem que com a qual menos relacionei e mesmo assim, ela sempre conseguiu me tocar de alguma forma. Mesmo agora, ao fim, quando as vezes parecia estar se importando mais com Taroumaru do que com Kurumi. Mas se analisarmos, não é que ela não estivesse se importando com Kurumi, mas é que Taroumaru se torna muito mais do que um simples mascote do grupo – especialmente para ela, com o cãozinho sendo uma espécie de elo com sua amiga. 

E pensar que aquele deixar-se tocar de Taroumaru, por Miki, se tornaria a despedida entre eles... Aquilo sempre me soou como algo significativo, que na época não conseguia compreender sua exata dimensão. 
Mas é Yuki que rouba toda a cena. A direção é muito sensível na condução dos fatos relacionados à personagem, quando num primeiro momento somos levados ao equivoco ao pensarmos que ela havia recobrado a memória ao surgir tão espirituosa e forte diante dos zumbis. Parecia que havíamos perdido algo no processo. Não parecia a Yuki de sempre. Porém, ainda que seja capaz de lidar com um tipo de situação adversa que soa como uma repetição do que havia ocorrido anteriormente com Megu (o que torna, consequentemente, esta atitude como se fosse um despertar semiconsciente, com a mente estimulando externamente seu corpo através de memórias gravadas), ela ainda mantinha um forte bloqueio psicológico. 

Ou seja, Yuki estava agindo, mas era incapaz de compreender com exatidão suas ações. É como um animal ou um homem em estado psicologicamente primitivo, agindo apenas por impulso. É romântico e sensível que o seu despertar definitivo (que na verdade, já vem ocorrendo há alguns episódios) se dê não no sentido clássico do termo, com choque e gritos, mas como se fosse um sonho semiconsciente – que é exatamente aquele tipo de sonho que nós já estamos um pouco despertos, mas ainda com um pé no universo metafisico. Assim, ela desperta de um sonho incrivelmente real. Depois disso, não mais vemos Megu-nee se não através da sugestão. O que significa que ela definitivamente não mais existe no campo material, para Yuki. Sua presença física está se esvaindo, e enquanto Yuki ainda é capaz de ouvir sua voz em sua mente, o corpo se desfaz completamente quando esta chega diante da porta, e então chega o momento em que para Megu finalmente é permitido o descanso. 

É bastante mágico como tudo isto se desencadeia, com o sobrenatural ganhando forma através do estado psicológico alterado. A série flerta com o aspecto etéreo que não pode ser assentido se não pelo apelo emocional e, com isto, dá uma importância intuitiva para Megu-nee em seu último momento. Como se fosse uma daquelas respostas inexplicáveis que surge em nossa mente, como se alguma entidade tivesse assoprado no ouvido. De outra forma não é possível compreender racionalmente como Yuki está se dirigindo para aquela sala sem ao menos ter conhecimento, consciente ou não, de sua existência, e pior: de que Miki se dirigira para lá. Afinal, quando as demais garotas abrem o relatório, ela sequer estava presente. 
Essa sensação de magia sobrenatural permeia todo o episódio. Como quando Miki é cercada e, se utilizando daquele velho recurso narrativo dramático de empatia – onde uma personagem sente quando outra está em perigo ou morrendo –, o diskman dela cai ao chão e se quebra; Yuki desperta de sua lisérgia em sobressalto. 

É sempre uma proposta delicada quando um episódio se sustenta unicamente na imersão do expectador, ou melhor, na possibilidade deste comprar ou não o drama das personagens, sendo este um estado crítico para a sua apreciação ou não. Obviamente é algo que não se pode evitar. A série deve simplesmente trabalhar todas as questões pertinentes, para que depois possa atingir o seu clímax. Gakkou Gurashi sempre fez isso. Sentir pela Kurumi ao ponto de torcer pela existência de uma possível curta, nestes termos, se torna completamente natural, e nisto, surge uma apreensão: bad ending ou good ending?
Em contraste com o episódio anterior, que se estabelece mais pelo choque e apreensão, este é triste, mesmo com tudo desmoronando e tragédia sendo anunciado (como é lindo a visão dos zumbis rompendo todas as proteções, os grunhidos incompreensíveis, o lamento deles no terraço da escola; aqueles dois zumbis balançando a haste da bandeira com o plano aéreo retratando a cena foi sensacional. Fez parecer a tempestade emergiu uma espécie de pavor neles), mas também repleto de uma energia positiva em meio ao caos. Essa energia, que representa a fé num futuro melhor distante de toda aquela calamidade do momento, é representada pelas ações de Yuki e Miki, que nadam em busca de uma margem segura. 

O ponto mais baixo é Yuuri, que a um episódio do fim, é uma personagem inacessível que em nenhum momento se mostrou mais do que uma sombra entre as demais, e até mesmo por isto, seu conflito em relação a Kurumi é fraco, mesmo este sendo de grande potencial dramático. Caso se sinta alguma coisa ai, é somente pela Kurumi e a empatia comum que é se colocar no lugar de alguém que deve tirar a vida de outro alguém, sendo este, tão especial. No entanto, Yuuri permanece como um elo frágil lamentável. Principalmente se descartamos um ou dois episódios aleatórios, que poderiam ser utilizados para este fim. 

Por fim, como eu disse o grande mérito do episódio é a trilha sonora. Extremamente envolvente e apaixonante, ela nos leva mais fundo ao embalar os conflitos de personagens que aprendemos a apreciar no decorrer de 11 episódios. Faz parecer mais do que realmente. Isso é muito bom.

ESSE EPISÓDIO ROMPEU AS CORDAS DO MEU CORAÇÃO! 

Avaliação: ★★★★
Staff do episódio:
Roteiro:  Makoto Fukami
Diretor do episodio: Hitomi Ezoe
Storyboard: So Toyama
Direção de Animação: Naoko Kuwabara, Masumi Hoshino, Misaki Kaneko, Takashi Narikawa, Tamako Miyanishi, Eri Ogawa, Takehiko Matsumoto
Direção: Masaomi Ando

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