Imagina um belo dia, você descobre que sua vida inteira foi uma mentira e que na verdade você é uma mulher. Essa é a história de Kei.
Yoshimura Kei, um garoto que sempre atraíra inexplicavelmente a atenção dos garotos em sua escola, descobre durante a noite que ele é na verdade um hermafrodita. Consciente de que ele nunca poderia ser um homem de verdade, decide mudar para se tornar uma mulher. Seis meses depois de tomar esta decisão séria, Kei retorna à sua escola sob a sua nova identidade; agora ele é Megumi, e terá que enfrentar seus antigos amigos. Mas agora eles parecem querer mais do que apenas sua amizade.
Vida dupla é algo mais comum do que se imagina para artistas
japoneses, desde mangakás, a renomados diretores – O caminho mais fácil quando
este não quer se expor, seja por qual motivo for, é criar um pseudônimo. E há
uma boa diferença entre pseudônimos e os chamados “nomes artísticos”. Quem
diria que a renomada (e minha escritora
favorita de todos os tempos pra qual eu pago um pau absurdo) Agatha
Christie, conhecida no mundo inteiro como "Rainha do Crime" e "Duquesa
da Morte", também escrevia romances melosos e densos sob o pseudônimo de Mary
Westmacott? Hoje sim, mas na época ela conseguiu manter o segredo por 15 anos!
Mikiyo Tsuda provavelmente não é muito conhecida por quem
frequente o ELBR; Ela é autora dos shoujos Family Complex (2000) e Princess Princess (2002
– lançado no Brasil pela editora Panini), que seguem a mesma linha de
séries como Colégio Ouran Host Club; Uma combinação de humor nonsense e
bishounens. Sob o pseudônimo de Taishi Zao, ela faz histórias pecaminosas recheadas de sexo; tanto
yaoi, quanto yuri. Aparentemente ela queria manter segredo de sua família sobre
o fato de também fazer histórias homossexuais, mas logo foi descoberta.
Enfim, fui atraída por “The Day of Revolution” (1999 – Originalmente Kakumei no Hi)
por parecer ser um shoujo que lidava com questões de gênero; Um garoto um belo
dia descobre que é hermafrodita. É o tipo de leitura que me atrai pela
complexidade. E a sinopse de The Dai of Revolution engana bastante,
principalmente porque essa sua descoberta envolve diretamente a sua família que
está vivendo uma crise.
Logo no primeiro capítulo, todas as boas impressões deixadas
se dissipam com um argumento que se sente desenvolvido de forma abrupta e com
os personagens tomando atitudes caricatas. Isso se explica porque originalmente
se trata de uma história pensada para ser de capítulo único. Como relatado pela
própria, Mikiyo Tsuda acaba cedendo às pressões dos amigos e resolve dar
sequência à trama.
Porém, The Day of Revolution não tem realmente a intenção de
tratar desta questão de forma séria ou se aprofundar no tema sobre transgêneros.
Pelo contrário, é tudo muito [e intencionalmente] estereotipado. As
preocupações de Kei se resumem a fugir de seus amigos que querem tê-lo como
namorada, etiquetas femininas como ser mais suave e sempre sentar de pernas
fechadas, e claro, encontrar um namorado, porque é a coisa “certa” a se fazer.
Inclusive chega a rolar algumas insinuações homossexuais, tanto de Kei com seus
amigos (mesmo quando este era
caracterizado como homem), quanto dele com sua nova amiga e tutora
responsável por lhe ensinar a se comportar como uma garota.
A autora nem chega a entrar no tema complexo, que é a
escolha dos sexos; O médico era um idiota e deu a entender que Kei não havia
escolha, a não ser se transformar numa garota. E quando se desfez o mal
entendido, ele viu que a boa relação entre a família, muito também dependia
desta transformação, pois seus pais sempre quiseram ter uma filha. Bom, The Day
of Revolution é uma comédia de situações até que engraçada, com algumas tiradas
risíveis que te faz, invariavelmente, abrir um sorrisão no rosto. Seria mais do
que apenas mediano se não fosse os tropeços da autora que parecia realmente não
estar muito a fim de levar a história adiante, deixando de explorar boas
situações criadas por ela mesma e chegando logo ao resumo dos conflitos.
Chega a ter um capítulo totalmente aleatório envolvendo um
personagem novo, de outro mangá da autora. Mikiyo Tsuda tem essa mania de
colocar personagens de uma história, em outra. Mikoto, o garoto pelo qual Kei
se apaixona, por exemplo, é um personagem de Princess Princess. O extra com
comentário da autora é bem interessante, com ela relatando que recebeu cartas
de pessoas que passaram pela mesma situação do Kei, de optar pelo sexo feminino
mesmo que interiormente se veja como um homem e acabar se apaixonando por um
garoto que também passou por uma situação parecida; Ou seja, era mulher e optou
por ter um pênis no lugar da vagina. E The Day of Revoltion pode causar certa estranheza
inicial em alguns, que logo será quebrada com a utilização de diversos clichês pela
autora para fazer humor. Peca na estruturação, mas ainda pode ser válido se
estiver afim de um entretenimento bem marginal, principalmente por que Mikoto e Kei são uns fofos (aliás, dá vontade de dar umas mordidas em Kei quando ele começa a perceber que gosta de Mikoto!)!
Nota: 05/10
Autora: Mikiyo Tsuda
Volumes: 02 (finalizado)
Ano: 1999
Editora: Shinshokan
Revista: South e Wings
Demográfico: Shoujo
Liencenciado: EUA, França
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Nota: 05/10
Autora: Mikiyo Tsuda
Volumes: 02 (finalizado)
Ano: 1999
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Demográfico: Shoujo
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