sábado, 19 de janeiro de 2013

Comentários: PSYCHO-PASS #13 – Convite do Abismo

 KouKane está, como sempre, muito HHNGGG<33

Discutindo sobre o episódio da semana passada com o @MT_virus (do XtremeDivider), ele comentou justamente a possibilidade do episódio dessa semana voltar para a linha temporal atual – E foi realmente o que aconteceu, e foi DEMAAAAAIS, diga-se de passagem. E aí fiquei pensando se a história agora entrou nos trilhos definitivamente, seguindo uma narrativa linear, sem arco ou casos. Porque agora, aparentemente o foco se voltou para o tema central da série, sem a necessidade de desenvolver questionamentos e estruturar um mundo (a estruturação do mundo de PP é um pouco fraca, convenhamos).

E onde o episódio anterior se encaixa nisto? Não acredito que ele tenha servido apenas para substanciar personagens e solidificar mais aquela sociedade através de uma nova perspectiva, mas também como um prólogo que logo deverá mostrar sua importância. Assim espero. Mesmo neste episódio, é notável como a narrativa se correlaciona com o anterior. E abrindo um parênteses, não acredito muito numa futura união entre Shougo, que se coloca mais como um terrorista, e a tribo da Rina, protestante.


Agora, se permitem: Este episódio de PP foi A-LU-CI-NAN-TÊÊÊÊÊÊÊ, sem ao menos apresentar uma sequência de ação sequer! Sério, eu me senti viva novamente somente aos 9 minutos, quando o diálogo intrínseco entre Ginoza e a chefe da Secretaria de Segurança Pública, enfim deu abertura para a outra linha narrativa do episódio. Se no anterior reclamávamos da falta dos diálogos verborrágicos do Urobuchin, neste, paradoxalmente o ponto alto é justamente eles serem dinâmicos, sem a eloquência de uma atmosfera densa, afinal, este é um episódio que retrata o cotidiano dos personagens – Neste aspecto, os diálogos soam naturais, como algo banal do dia-a-dia, ainda que esconda-se uma cortina de fumaça por traz da intenção de cada personagem.

A visita de um inspetor à um psicanalista [?] que lhe adverte sobre a crescente elevação do nível de poluição do seu Psycho-pass. A visita de uma inspetora visualmente ainda abalada, mas disposta, à um justiceiro. Ele se surpreende por ela ter se recuperado tão rápido, e mal imagina que a sua força em se manter de pé se encontra em uma motivação inabalável. O episódio traz Akane e  Ginoza como personagens centrais, conflitantes e orbitando sobre uma trama paralela que promete abrir passagem para uma reta final simplesmente orgástica. Além disso, foi um episódio sensível ao trazer a tona o conflito entre Akane e Ginoza, dois personagens antagônicos, embora joguem no mesmo time, e evidenciar a possível queda do tsundere mais charmoso da temporada. Não foi um episódio obvio. A sutileza com que desenvolveu esses dois personagens que até aqui ficavam muito à margem e o PLOT, tornam este episódio incrível e um dos meus prediletos de PP (e foi escrito pelo mesmo cara do episódio anterior).


Sobre o Ginoza, quando o episódio abriu com ele naquela sala com o doutor questionando-o, eu já senti que algo não estava muto beeem. Será que o Gino-san será a primeira vítima do time principal? Essa insinuante tensão trabalhada sob um clima calmo e com diálogos burocráticos, me deixou NERVOSA; mas confesso que ri quando Ginoza foi questionado com relação à um namorado e ele vira o rosto. Eu pensei maldadezinhas, é CLAAAAAAAARO, mas o fato dele nunca ter namorado, não ter uma família, uma vida social, diz muito sobre o temperamento dele. A direção faz um excelente trabalho na montagem desta miscelânea de conflitos, tornando o episódio intenso, envolvente, e até mesmo nervoso em alguns momentos. Porém eu vou desmontar isso para meu raciocínio ser passado de forma prática.

Pais e Filhos

O contexto em que se dá a, já obvia, relação de pai e filho entre Gino e o velho Masaoka foi a mais apropriada possível, de forma direta e casual. Desculpem-me, mas quem se espantou com esta revelação é porque não estava prestando atenção na história com os crescentes indícios de afetos conflituosos e uma intimidade que superou até mesmo as patentes quando Masaoka ergue Gino e lhe dá uma lição de moral, com todos encarando aquilo com a maior naturalidade [entre outros momentos onde Gino nunca se atrevesse se opor ao velhinho simpático]. A conversa entre ambos tem um significado ainda maior ao sintetizar a angustia transparente de Gino durante todo o episódio. Ele tem a confiança da Chefe de Segurança Pública, age de acordo com o protocolo, mas é evidente durante todos estes episódios o quanto ele é desconfortável com toda essa situação.


Com o pai sendo diagnosticado como criminoso latente e uma família já inexistente, ele parece canalizar todo seu desgosto por um sistema que lhe tirou tudo, em sua carreira, sendo o melhor naquilo que seu pai um dia fora. Como em “Admirável Mundo Novo” [de Aldous Huxley], nem tudo é tão perfeito como se supõe, temos uma fuga nestas ideias de sociedade tecnológica que é do jovem protagonista, que começa a questionar e a sentir o vazio de viver uma vida sem muitos sentimentos, quase que a de um robô. Sufocado. E este crescente stress e questionamentos internos, parecem ter se intensificado com a chegada de Akane, que parece atormentá-lo com sua ingenuidade e fé na humanidade. Ginoza então vive um conflito paradoxal por, ao contrário de Akane [uma “indisciplinada”], executar sem questionar as ordens do sistema, mas nunca aceita-lo verdadeiramente, guardando um profundo rancor. Isto explica o porquê ele se irrita e retorce tanto com as atitudes de Akane, ao ponto de mesmo não sendo no fundo sua intenção (aprendi a gostar bastante do Gino, mesmo ele me irritando muitas vezes), querer feri-la e demovê-la desse idealismo.

E isto tudo transborda neste episódio, que chega ser de uma sutileza dolorosa até. Foi épico ele perguntando à Masaoka qual o segredo de Akane (!!). Conscientemente é uma pergunta absurda, mas quem poderá julgá-lo naquele momento? A garota não segue o protocolo, se arrisca, vê a amiga ser morta cruelmente na sua frente, entra em choque, e ainda continua um com psycho-pass acentuadamente baixo. POR QUE CARALHO? Se ele é um profissional exemplar e seu Psycho-pass se encontra em crescente ascensão... Aparentemente a resposta se encontra no próprio pai.

Velho Masaoka: “(...) Como você estava falando...se você questionar o seu trabalho, se você começar a sentir que falta alguma coisa, tenha cuidado. Se você seguir por este caminho, pode ser que caia no mesmo buraco que eu.”


Não seria curioso se o Gino acabasse como o pai, por cometer o mesmo equivoco? E essa parece ser a diferença entre ele e Akane. Ele parece se questionar o tempo todo (nota para o momento onde ele questiona a precisão do Síbila frente à sua superior e esta rebate seu argumento, explicitando os benefícios que o mesmo traz para a sociedade), enquanto ela segue (e age por) seus impulsos, fazendo o que considera ser certo.

Assintomáticos

Levando isto em consideração, Akane pode ser considerada uma anomalia? Uma pessoa assintomática? Afinal, qual o segredo da Akane? E do Shougo? E de toda a orla de criminosos que ele reuniu? O comportamento consciente do que está fazendo lhe parecer  o correto. Claro que Akane não é psicopata, nem sociopata, mas se antes eu pensava que ela pudesse ser biologicamente alterada, já começo a refutar dessa possibilidade. Ironicamente o síbila falha justamente na ideia com o qual foi concebido: emoções humanas. Ele pode diagnosticar a conformidade, mas lhe escapa as variáveis. No inicio eu questionava essa vulnerabilidade, mas o cérebro humano nunca será uma ciência exata – E o argumento da chefe da Secretaria de Segurança Pública foi impecável e em extrema conformidade com o enredo.


Sobre a Akane... CHUPA HATERS! Simplesmente fabulosa e convicta! Destaque para o bom trabalho em cima da personagem, que mesmo esboçando uma reação positiva, ficou evidente em seu semblante e na forma de se postar, que ela ainda estava psicologicamente fragilizada. A Kana Hanazawa deu a entonação ideal em sua dublagem.

Um sistema perfeito

E pra fechar, gostaria de ressalvar em como o argumento da superior de Ginoza é crível ao dizer que, não importa se o sistema é ou não, perfeito, mas sim que a sociedade pense que ele o é. Gen Urobuchi buscou este argumento no que se entende como “lei e ordem”, que em linhas simples, é oriundo da anomia; um estado de coisas em que não existem ordem, leis ou normas de conduta para as pessoas. Período presenciado, por exemplo, por Berlim nos últimos dias da 2.ª Guerra Mundial, onde a sociedade não sabia dizer se Hitler ainda estava vivo ou não. Neste intervalo de tempo entre uma autoridade e outra, aquela sociedade viveu em agonia, um estado sem leis e de desordem. Nenhum país se mantém de pé sem a lei pra garantir o direito da sociedade e a ordem para governar. E nenhum regime totalitário nasce imposto à população. A ditadura militar surgiu em 64 devido à um clamor popular, que pedia a intervenção militar para combater o comunismo. O Golpe Militar era associado à ideia de futuro, de esperança e de um tempo melhor.

Dessa forma, este argumento do Urobuchi tem muito do conceito impregnado por Orwell através do seu Big Brother, que imortalizou a expressão “Big Brother is watching you” (“O Grande Irmão está a observar-te”), no célebre livro 1984. Orwell vê como o ponto fraco do utopismo o conceito de perfectibilidade humana. E o sibila nasceu com este com conceito, e embora não saibamos o que de certo levou à sociedade optar por ele (o que fica subtendido é que foi mesmo a elevação do nível da água, mas será apenas isso?), sabemos que foi com sua aprovação. Em “Admirável Mundo Novo”, vemos a sociedade viver o pesadelo da excessiva falta de ordem em seu passado, enquanto no futuro seria o pesadelo da ordem em demasia. Desculpem ter ficado um pouco chato, mas queria contextualizar melhor o estado sibila, que certamente nasceu da desordem buscando um mundo “perfeito” que não abre mão para negociações. Esses regimes caem quando a sociedade começa a perceber que ele não é tão perfeito assim, e ao que tudo indica, veremos a gloriosa queda do Síbila. Tomara! (XDD).

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★

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>Heart of Darkness.. Nessa referência o Urobutcher foi longe. Desconheço, mas é um livro que rendeu até game. Alguém conhece? LOL


>Só eu senti vontade de lascar uma mordida nele aqui? OWWWNN OLHA ESSE OLHAR!!!

>Que sinistrão. Andam dizendo que, assim como Senguji, ela é biônica. Será? A rapidez do processamento de informações, mais o fato dela parecer estar recebendo os dados, sem ao menos olhar para a tela, é um forte indicio. E perceberam como ela chama o Shougo? Shougo-kun. Uma forma íntima demais de o tratar, além de sua entonação de voz e feições denunciar que ela já o conhecia, embora desconhecesse o fato dele ser a pessoa por trás de todos aqueles eventos... Surpresas virão!

>Eu gostei muito do afeto mostrado neste episódio de Gino por Akane. O tapa em seu rosto para despertá-la, a sua defesa frente à sua superior. Seria bacana ver o Gino antes de morrer, em uma cena emotiva com ela. Não é spoilers, mas estou supondo que ele será o primeiro a sucumbir...

 

>Novamente, sobre a OP, estava pensando sobre qual o significado destes logos que aparecem na tela. Além do símbolo da justiça que representa o síbila, e que já discutimos antes, temos o da emergência médica e o de proteção de fronteiras, que surgiram agora com esta nova OP. O de emergência médica dá pra se supor vagamente, levando em conta uma hipotética guerra cívil, e o de operações de proteção à fonteira? A provincia da cidade de PP fica num arquipelogo, e pelo que se saiba, assim é também com outras cidades. E bem, acho que quem levou fé no simbolismo do Kougami segurando uma arma sem ser uma Dominator e estilhaçando o vidro (que seria o Síbila), estava certo sobre a queda do sistema.