terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Animador do Estúdio Xebec Exibe "Salário de fome"

Mais um animador andou postando seu descontentamento com a situação em que vivem no Japão. Contratado pelo estúdio Xebec (To Love-Ru), ele postou um contracheque de cerca de mil dólares (US$1,103) de salário recebido. Segundo o mesmo, seu salário base seria de US$1,092 acrescidos de US$44.50 para vale transporte – mas que destes, 33 dólares eram descontados para impostos. 
O mais surreal, segundo a notícia do ANN, é as horas de trabalho estarem definidas para “tanto quanto você puder [trabalhar] em 24 horas”, enquanto o cartão de ponto é preenchido à mão e, ao que implica, é uma rotina normal de todos os meses.

A baixa renumeração em relação aos animadores da indústria de animes é algo que tem se tornado em evidência a partir da década de 2010, mas que vem sendo debatida por críticos, estudiosos, produtores, realizadores e artistas desde a aurora dos 2000. Com o advento da digitalização e a sua rápida popularização nos anos de 1990. Acontece que, e está é a maior reivindicação dos profissionais do meio, a tabela de renumeração foi criada na era pré-digital e segue inalterada até os dias atuais. Ou seja, todo o processo de produção do storyboard e animação mudou drasticamente, mas os valores não acompanharam este processo, criando um dinossauro pesado de ser carregado por cada animador. 

Por exemplo, hoje o processo é muito mais veloz e a computação o tornou também mais metódico. Naqueles tempos, as impressoras eram, grosso modo, selvagens, não permitiam a impressão de traços finos e não transferiam para o papel nada mais que a impressão do grafite, sem linhas de cor. Isto permitia um maior “amadorismo” aos profissionais, pois sem os programas de preenchimento automático das cores as linhas na arte final da animação não precisavam estar perfeitamente conectadas uma na outra. Essa entre outras sintomáticas (seria necessário um artigo próprio para passar a exata dimensão do que porque isto ocorre), não foram compreendidas na modernização da animação, criando um abismo entre dois mundos: a dos profissionais do meio e a do processo envolvido. 

Enfim, há vários casos e cada qual envolve valores bem próprios. Mesmo porque, há animadores contratados por longos períodos por determinado estúdio e aqueles que trabalham como freelances. Além de haverem muitas diferenças envolvidas nas condições de trabalho.

Via ANN