domingo, 23 de julho de 2017

Por que Dragon Ball GT é melhor que o Super

Saudações do Crítico Nippon!


Há muitos argumentos relevantes para essa discussão no meu texto comparando os filmes de Dragon Ball Z antigos com os atuais. Sugiro fortemente que leiam também para entender um pouco melhor alguns pontos. Tentei fazer uma análise nova dessa vez. Vamos lá.


Pegamos brevemente o Z antes, como estudo de caso o Vegeta. Em uma saga, ele é o vilão absoluto e vence Goku inquestionavelmente. Aí em Freeza (já analisei duas vezes esta saga: aqui e aqui), continua aterrorizante, mas já ganha o papel de anti-herói ao se ver obrigado a unir-se a Gohan e Kuririn para enfrentar a terrível Tropa Ginyu. Na saga Cell, seu personagem já se torna mais “domesticado”. Embora nem tanto, visto seu desafeto com Trunks na maior parte dela (chegando a enfrentá-lo para permitir que Cell evolua para forma perfeita. Praticamente um vilão novamente). Ao final, perde a cabeça vendo a morte do filho e resolvem suas desavenças. Culminando, assim, na saga Majin Boo. Treinando com o filho e aceitando levá-lo ao parque de diversões e enfim abraçando-o antes de se sacrificar. Além do mais, Vegeta só aceita fundir-se a Goku depois de saber sobre a morte de Bulma, novamente agregando ao seu caráter e afeto. Como se não bastasse, finalmente admite Kakarotto como número 1. É uma sucessão de desenvolvimentos e conflitos ao longo das sagas, todos novos e bem resolvidos, não deixando nenhum pendente. Sua relação com o filho, esposa e rival/amigo. 


Dragon Ball GT compreende isso ao excluí-lo por boa parte do tempo. A primeira e longa saga, o príncipe é completamente irrelevante.  Ponto negativo? De jeito nenhum, afinal, grande parte dos dramas do Vegeta já foram resolvidos. Aliás, ele ganha contornos de vaidade com seu bigode e trajes de couro, e sua relação com a mimada Bra é hilária, por se revelar justamente um pai que não conseguiu impor autoridade. Sua rivalidade com Kakarotto é quase inexistente, afinal... já foi resolvida! É uma sucessão lógica.

Dragon Ball Super é uma tragédia em todos os sentidos possíveis. É uma regressão absoluta de tudo que já vimos e que já foi estabelecido. Seu descaso para com Trunks do futuro retorna. A rivalidade para com Kakarotto volta com tudo. Vegeta torna-se apenas um estereótipo de si mesmo. Uma paródia. Se no primeiro parágrafo citei várias mudanças de uma saga pra outra, quais mudanças ocorreram até agora em Super? O que Vegeta teve que resolver no arco batalha dos deuses? E no Freeza dourado? E no torneio? E no Goku Black? Resposta: resmungar e querer superar Kakarotto (saudades Sasuke). Sim, ele fica irritado com Bills acertando Bulma, mas novamente não passa de uma ideia já reciclada e utilizada tanto com Trunks quanto com, de novo, Bulma. E ao estabelecê-lo como Super Saiyajin Azul (?!?!) igual Goku, é um absurdo ele ainda se considerar inferior. Aliás, Whis também diz que ele está atrás de Goku. Oras, quando ele virou Super Saiyajin pela primeira vez, o arrepio no espectador era real. Aceitávamos com facilidade que ele podia ser mais forte que Goku (afinal, ele venceu os androides que Kakarotto não conseguiu). Então mesmo empatado em termos de transformação... a série consegue regredi-lo e mantê-lo no status quo inferior de sempre. Retrocesso puro.


Peguei como exemplo apenas o Vegeta, pois já é suficiente para inúmeros pontos. Embora Goku tenha sua parcela idem. Com 100 episódios já de Dragon Ball Super, onde está um momento semelhante ao Goku encontrando Goten pela primeira vez? Ao Goku se sacrificando na saga do Cell? Ou ensinando uma técnica nova como a fusão? Dragon Ball Super é uma infindável sucessão de repetições. Começando pelo Freeza dourado, que dispensa comentários. A “”eterna”” fusão Potara novamente não é eterna. Por que não fizeram os passos da dança? Ponto pra Dragon Ball GT que fez a dança (novamente, Vegeta não era mais um envergonhado-imbecil-rival-cabeça-quente). Novamente fazem Trunks do futuro voltando ao passado pra vencer um inimigo. Incrível que os vilões sempre deixam o mesmo guerreiro Z por último, né? E justo o filho da dona da máquina do tempo, impressionante. 


Dragon Ball GT cria visuais novos e interessantes para praticamente todos. O traje azul e amarelo de Goku é belíssimo em sua simplicidade e cores harmoniosas. O laranja do Super chega a dar sono de preguiça. O Vegeta novamente usa trajes dos homens de Freeza, sendo que ele já os havia abandonado completamente na saga de Boo. Mais um retrocesso pra conta do Super. O visual de Trunks em DBGT ficou tão bom que ele é praticamente copiado no Super, notem o lenço no pescoço, por exemplo.




E já que estamos em uma época em que as mulheres cada vez mais avançam em franquias mundialmente famosas, é de chorar ver Kuririn assumindo as rédeas das lutas no lugar da Nº 18. E como não podia deixar de ser, DBGT merece todos os créditos por colocar uma jovem moça, corajosa e de personalidade forte, como protagonista no trio principal. Em Super, Videl, Bulma, 18 e Chi Chi são relegadas a donzelas indefesas. Em DBGT, quem morre é o Kuririn e a Nº 18 quem explode e dá uma surra no Super Nº 17. Bulma se torna braço direito do Baby Vegeta, além de ser fundamental na transformação do marido em SSJ 4. Acrescente aqui as filhas de Kuririn e Vegeta que mandam nos pais... O empoderamento feminino naquela franquia era mais de 8 mil. 

















Não sei vocês, mas as esferas do dragão terem se espalhado pelo universo me soa bem mais interessante (até meio Star Trek, não?) do que um zilhão de universos novos, com um zilhão de deuses, e absolutamente zero desenvolvimento de qualquer um. Os personagens em Super possuem um design horroroso, e segue a comparação com Baby Vegeta, os Shen Longs malignos, entre outros vilões ao longo da série. Aliás, o próprio conceito de vilões criados por alguma energia negativa das esferas sempre me soou bacana e aceitável (independente de seu desenvolvimento que deixa a desejar). Super é uma sucessão de deuses que me lembra os enfadonhos especiais de Cavaleiros do Zodíaco. Todos com um deus diferente. Todos com o mesmo discurso de vencer deus é impossível como ousa desafiar um deus. Todos morrem no final. E, querendo ou não, soa absurdo os heróis vencendo deuses. É uma palavra muito forte. Já dragões malignos... androides... alienígenas... é bem mais aceitável e pé no chão. 


Como defender o trio Pilaf que todo episódio ganha um tempo absurdo em tela? O que havia em DBGT que possa ser minimamente comparável a uma babaquice dessas? O pequeno androide Gill, talvez. E assim mesmo, seu visual era referência ao HAL-9000 de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Ele cria certo arco dramático com a Pan que torna sua traição minimamente mais pesada. Enfim, mesmo os pontos fracos de DBGT, tiveram referências bacanas e almejavam algo maior.


Em Super o descaso é tanto, mas tanto, que a morte do Gohan do futuro pelo Black é LITERALMENTE a cópia exata dele morrendo pelos androides. Sim, Gohan sem braço, deixa Trunks inconsciente, vai lutar sozinho e morre. Sim, foi passo a passo repetido com o vilão do futuro distópico. Que por si só já é uma cópia. É um absurdo além das palavras. É indefensável esse anime. 

 


Se a saga do Freeza focava nos protagonistas Gohan, Kuririn e Bulma perdidos em Namekusei; a de Cell focava no desenvolvimento de Trunks e de Gohan; e Majin Boo trazia agregados valiosos como Videl, Mr. Satan, Goten, Gotenks, Kaio-shin. Dragon Ball Super... é puro Goku e Vegeta. E é impossível sentir empolgação escrevendo isso. Yey, os mais fortes sendo mais fortes. Pode ser uma babaquice Goku voltar a ser criança no GT, mas ao menos traz alguma carga de tensão. Bem como Pan e Trunks que estão longe de serem os mais fortes. É quase como o trio da saga em Namekusei, aliás. DBZ já focava bastante em um dos filhos da Goku (Gohan), seria repetição trazerem Goten como principal. Então até aí GT se mostra inteligente a percorrer um caminho novo, pegando o filho de Vegeta para protagonista. E se anteriormente falei de ideias sempre repetidas em Super, DBGT recicla o Oozaru gigante. Mas trocentas sagas depois de sua última aparição na saga dos Saiyajins. Desde que viraram SSJ, nunca mais viraram macacos gigantes, nem seus rabos cresceram de novo. Pode ser uma ideia repetida, mas ganhou distanciamento suficiente para soar atrativa com os poderes de todos bastante avançados.


Falei do design dos personagens e acho que é completamente desnecessário comparar as animações entre DBGT e Super. Os gifs e imagens ao longo do artigo são claros o suficiente. Além do Super fazer Dragon Ball cair no estigma de lutas desnecessárias, longas e irrelevantes. Goku VS Kuririn; Goku VS Nº 17; Goku VS Gohan; Goku VS Trunks do futuro. Não sei vocês, mas me deu sono só de ler. Todas essas aconteceram, uma mais aborrecida e sem emoção que a outra. Perda de tempo que jamais ocorreu nas sagas anteriores. JAMAIS. Goku podendo chegar até à forma SSJ Azul, luta com o Black em SSJ 2 (!!!). Contra o Boo gordo ele foi direto SSJ 3, mostrando de cara a força do vilão a ser temido. Tudo em Super é um atraso de vida e enrolação máxima. 


A rivalidade do Goku e Vegeta foi martelada muito menos do que as pessoas pensam. E vou organizar de uma maneira bem simples. Lista de prioridades do Vegeta na saga do Freeza:
 - Não ser morto por Freeza;
 - Roubar as esferas do dragão;
 -... para matar Freeza e conseguir imortalidade;
 - Matar Gohan e Kuririn que ele viu passeando pelo planeta;
 - Aé, venci um Kakarotto lá na Terra.
Eles interagem muito pouco nesta saga, não há tempo de ficar de frescura entre eles. No pouco tempo que estão no mesmo local, Goku está na máquina de recuperação, ou Vegeta enterrado e morto.


E na saga do Cell eles se veem menos ainda! Vou colocar agora aonde Goku estava, pois fica mais fácil:
 - 1/3 tendo ataque cardíaco;
 - 1/3 na Sala do Tempo treinando com Gohan;
 - 1/3 assistindo a luta final do Gohan contra Cell.
Goku e Vegeta trocam meia palavra na saga inteira. E isso prejudicou ela de alguma forma? De jeito nenhum. Chegamos então na saga Boo. E aí surge uma rivalidade por um pequeno fator chamado... SETE ANOS sem se ver. Até eu ia querer lutar pra matar saudades. Lembrando que Vegeta se sacrifica lá no Boo gordo ainda, ou seja, é metade da saga sem o príncipe dos saiyajins. De novo: prejudicou alguma coisa? Claro que não. E o que o GT fez? Isso mesmo, seguiu certinho a fórmula de distanciamento.
... aí vem o Super e acha que colocar 100 episódios dos dois grudados treinando e lutando juntos e discutindo que nem marido e marido é uma boa ideia. Pelamordedeus putaquepariu.


Em suma, Dragon Ball GT sempre teve aquele mesmo estigma das prequels de Star Wars. Porém, quando comparados com esta nova série que é uma verdadeira ofensa a qualquer espectador, fã ou não, percebemos que não estávamos com algo tão ruim assim. GT está longe de ser um bom anime, inquestionável. A animação e design de produção tem algum mérito. Porém a continuação dos arcos de Z é feita de maneira muito mais consistente que o Super, que só regrediu tudo que havia sido construído. Eu realmente não consigo achar absolutamente nenhum ponto positivo nesta nova série. Mesmo. Nada. E em Dragon Ball GT até que não foi tão difícil. Afinal, até Shingeki no Kyojin tem uma trilha sonora do caralho. E se eu consigo achar ponto positivo nos titãs e não em DB Super... é sinal de que cometeram um crime gravíssimo contra o Japão.
Ou talvez eu só considere o GT melhor por causa daquela música de abertura lindona.


(para mais dos meus textos, é só ir no menu "Crítico Nippon" lá em cima)
Twitter: @PedroSEkman

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