quarta-feira, 25 de abril de 2018

Psychokinesis (2018)


Saudações do Crítico Nippon!

O cineasta Yeon Sang-ho vem se estabelecendo como um dos gigantes da Coréia do Sul (melhor país de Cinema do mundo, na minha singela opinião). Abriu seu caminho nas animações com The Fake, seguido do excelente The King of Pigs. Em 2016 deu um salto definitivo na carreira, com os formidáveis Seoul Station e seu irmão em live action, Train to Busan, com o popular “gênero zumbi”. Esse último estourou no Ocidente, e a maior constatação disso é que chegou a passar nos cinemas do buraco de vilarejo que eu moro (!!!). O que nos traz a este Psychokinesis, que nos mostra um diretor versátil, diferente de tudo que já tinha feito até então. Embora com problemas mais graves que os seus antecessores.




Seok-heon é um porteiro de meia idade, que abandonou a família há 10 anos e, subitamente, vê sua vida transformada ao receber a ligação da filha, Roomi, dizendo que a mãe havia morrido em um acidente. Ah, e quase que ao mesmo tempo, ele recebe os poderes de mover objetos com a mente.


Resgatando um tema recorrente na sua filmografia, Yeon Sang-ho faz um paralelo entre os poderes e a... paternidade. Se em The King of Pigs os pais eram tão algozes quanto os bullies; em Train to Busan narrava um pai ausente fazendo uma viagem com a filha; e Seoul Station, céus, eu não vou nem falar (seria spoiler). Aqui, o protagonista lida com suas novas habilidades de maneira tão irresponsável quanto sua paternidade. Seok-heon é desajeitado e espalhafatoso ao entrar na vida da filha, exatamente da mesma forma como lida com seus poderes. Seus motivos para se afastar da família são injustificáveis, sim, mas mais tarde, ouvimos ele dizer que “sequer tem passaporte” para viajar o mundo e demonstrar suas habilidades e enriquecer. Ou seja, mesmo com poderes mágicos e a perspectiva de enriquecer, ele consegue colocar empecilhos rasos, revelando-se uma figura ainda mais trágica do que supúnhamos. 

Demonstrando um excelente humor físico (completamente diferente de sua ótima performance em O Almirante Correntes Furiosas), notem todos os trejeitos hilários do ator Seung-yong Ryoo ao tentar fechar uma porta com a mente, torcendo as pernas e a língua. E, claro, o meu xodozinho, Shim Eun-kyung, que já havia se revelado uma atriz excepcional em Sunny (e se eu tivesse que recomendar só um filme pra vocês assistirem antes de morrer, isso mesmo, Sunny, corram), vive novamente uma mulher forte e determinada. Sua alegria contagia e seu sofrimento e choro são genuínos e cortam o coração do espectador em segundos. Infelizmente, tanto ele quanto ela, acabam presos em personagens incompletos que não concluem seus dramas. Encerrando o filme com o término da ação desenfreada, ao invés de construir o crescimento daquela relação fraternal (que nunca se consolida). E o que dizer da incrível atriz Jung Yumi, que compõe uma vilã divertidamente aterradora, mas que só aparece próxima do terceiro ato? Desperdício colossal.


O diretor não encontra o ritmo da sua história, ora interessado na relação dos personagens e ora claramente apenas preparando terreno para as cenas de ação. Assim, a vilã some sem resolução; jamais temos uma continuação da profissão de “mágico” do protagonista; ou qualquer repercussão do uso de seus poderes absurdamente visíveis na rua; e, neste sentido, filmes como o apocalipse zumbi parecem ter universos muito mais realistas que esse.


Porém, como não poderia deixar de ser, as cenas envolvendo a telecinese se revelam extremamente bem feitas. Repletas de energia e criatividade, tentem lembrar do Superman aprendendo a voar em Homem de Aço, e comparem com o protagonista nesse filme. É absurdamente superior. Comparem até mesmo com os garotos de Poder sem Limites, que já era bastante divertido. Porém, falando em Superman, o diretor abusa demais das pessoas penduradas prestes a cair de prédios, se segurando até o último minuto. E todos sabemos exatamente qual será a resolução disso.


Assim, Psychokinesis se revela uma tentativa problemática de inovar e, talvez, apelar para um público mais abrangente. E como costuma acontecer com Hollywood, o resultado não é dos melhores. De qualquer modo, Yeon Sang-ho merece toda nossa atenção por ousar projetos com estilos completamente diferentes. E mesmo que este filme se revele abaixo dos excepcionais que costumava fazer, não se trata de nada tão grave como algumas abominações que Makoto Shinkai já fez. E que se recuperou rapidinho em seguida, não?


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