quarta-feira, 4 de julho de 2012

Hiki: A Garota Das Gavetas


Terrorzinho básico pra se ler entre uma xícara de chá de sua preferência e uma mastigada.

Hiki (que significa poder/Anseios da alma) é aquele tipo de terror mais palatável, bem limpo esteticamente e com personagens bonitos. Bem diferente do terror clássico, onde a atmosfera é terrivelmente perturbadora, onde os personagens na maioria das vezes tinham um traçado muito feio e as páginas encharcadas de tudo que é bizarrice! Particularmente, é o que eu gosto. Mas vez ou outra eu me deparo com esses mangás mais recentes e com uma estética completamente favorável ao público casual.

Foi o caso de Ibitsu (comentando aqui no blog, não faz muito tempo) – Mas diferente deste, Hiki tende a ser ainda mais light visualmente. O que se explica facilmente pelo fato de ter sido publicado pela revista shoujo, Wings,a  mesma de títulos consagrados do CLAMP, como RG Veda e Tokyo Babylon. Com isso, nos tempos um título bem favorável a esse público, com as personagens femininas sendo deixadas em segundo plano, ao ponto de quase passarem despercebidas. A bem da verdade há apenas duas e uma delas é Himeko; uma garota meio machona, apesar dos fortes traços delicados e corpo feminino que possui. E nosso trio de garotos lindos; Rin, Chiku e Yama. E verdade seja dita, não é o ponto principal, mas eles são realmente adoráveis e no traçado da Nangoku Banana, acaba sendo um atrativo e tanto – Seja nas trocas de blusas do Rin (uma pena a Banana não explorar melhor o corpo dele~hehe) e seu belo corpo ou na amizade entre esses três garotos. Aliás, a ligação existente entre Rin e Yama, lembra bastante Touru Mutou e Natsuno Yuuki, de Shiki.


Aham! É exatamente o que você está pensando. Pode se encarar como um insinuante fanservice [mas, nada apelativo ou que comprometa]. Porém, a amizade entre esses quatro, é algo que se desenvolve bem e é quase imperceptível, mas a química entre eles é excelente. Imperceptível, porque a senhora Banana, com apenas 5 capítulos, conseguiu ilustrar bem essa amizade, sem precisar recorrer a linhas e linhas de diálogos. Ao invés disso, ela desenhou, insinuou em um balão ou outro e logo, a interação entre eles já era super natural. Estou ressaltando este ponto, pois os laços que unem esses 4 amigos de infância, acaba se mostrando bem importante para o desfecho da série – E claro, seu perfeito entendimento.

A história começa com Rin, procurando um CD dentro de sua gaveta, mas no lugar ele encontra um mapa desenhado a mão do pequeno vilarejo onde mora, com um enorme X sinalizando alguma coisa. Rin não reconhece o mapa, o que acaba se tornando uma situação corriqueira na história, com ele apresentando pequenos lapsos de memória. Curioso, juntamente de Yama, Himeko e Chiku, ele vai atrás pra descobrir o que há naquele local marcado com X. O que eles descobrem, é uma grande cômoda. E ao abri-la suas gavetas, ele acaba desencadeando uma série de eventos bizarros.


O inicio é pouco empolgante, mas atraente o suficiente para continuar despertando a sua atenção. Assim como foi com Another, como terror, Hiki é bem fraco. Chamamos de terror porque é o certo, assustando ou não, toda a atmosfera estética parte do ponto de vista de um sujeito assustado com estranhos eventos que fogem do seu controle. A idéia é se passar o feeling de que os personagens estão assustados. Mas, Hiki é instigante mesmo, como mistério. O que é aquela garota dentro das gavetas? Por que aquelas gavetas parecem se conectar com outro mundo? Por que a garota de cabelos negros está perseguindo Rin? Hiki tem sacadas bem interessantes, como por exemplo, essa estranha garota que quer se comunicar desesperadamente com Rin, mas ele está tão assustado, que age irracionalmente. Com isso, temos uma perseguição para lá de instigante.

Rin nunca permite que a garota saia das gavetas da cômoda, mas estranhamento, ela pode aparecer em tudo que é orifício. Quando eu digo tudo, é TUDO MEEEEEEESMO; Tanto do buraco em seus bolsos, até mesmo de sua boca. Logicamente, ele entra em pânico absoluto.


Acredito que, desde que assistíamos ao popular “O Chamado”, quando éramos crianças, que essas situações de fantasma que volta do mundo pós-morte para perturbar alguém, sempre estão ligadas a algo ocorrido na sua infância ou na causa de sua morte. Eu não vou revelar o quê, mas é clichê e com 3 capítulos, você já terá matado a charada. Mas na verdade, o Az de Espadas de Hiki, se encontra em seu final e como todo terror que se preze, nos guarda um reviravolta que é puro mindfuck. Você para. Olha praquela situação toda. Coça a cabeça ou solta um suspiro; Ah, então é isso! Como eu não percebi antes? A resposta estava na cara e eu não enxerguei.  

A história é curtinha, mas bem amarradinha e satisfatória. Simpática. Como comentei no inicio, é o típico mangá que você lê despretensiosamente, apenas numa sentada. A Nangoku Banana é uma autora interessante, já publicou alguns mangás yaois e um yuri, suas histórias tendem a ser bem divertidas, seu traço é realmente belíssimo e caracteristicamente shoujo. Sempre. Não tem nada de exótico, é bonito, por ser bonito mesmo. Ao ponto de ser um pouco genérico. Seu traçado em Hiki é bem limpo, com um bom cenário ao fundo, o enquadramento é excelente e usufrui de toda aquela linguagem visual cinematográfica que só um mangá consegue oferecer. Todo o mangá faz uso apenas de imagens com traços retorcidos, rabiscados, pra provocar o horror. E consegue. Não é assustador, mas é no mínimo... curioso. Você olha para aquela assombração, todos aqueles efeitos estéticos nos 2 últimos capítulos e sente uma sensação de Déjà vu. Eu parei alguns segundos olhando praquilo e pensando; “... mas, que pohãn....” .


Nota: 07/10
Autora: Nangoku Banana
Volumes: 01
Editora: Shinshokan
Revista: Wings
Ano: 2007
Demografico: Shoujo
Gênero: Horror/ Mistério/ Psicológico/ Sobrenatural
Onde encontrar: Pururin

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