Terrorzinho básico pra se ler entre uma xícara de chá de sua
preferência e uma mastigada.
Hiki (que significa poder/Anseios da alma) é aquele tipo de terror mais palatável, bem limpo
esteticamente e com personagens bonitos. Bem diferente do terror clássico, onde
a atmosfera é terrivelmente perturbadora, onde os personagens na maioria das
vezes tinham um traçado muito feio e as páginas encharcadas de tudo que é
bizarrice! Particularmente, é o que eu gosto. Mas vez ou outra eu me deparo com
esses mangás mais recentes e com uma estética completamente favorável ao
público casual.
Foi o caso de Ibitsu
(comentando aqui no blog, não faz muito tempo) – Mas diferente deste, Hiki
tende a ser ainda mais light visualmente. O que se explica facilmente pelo fato
de ter sido publicado pela revista shoujo, Wings,a mesma de títulos consagrados do CLAMP, como RG Veda e Tokyo Babylon. Com isso, nos tempos um título bem favorável a esse
público, com as personagens femininas sendo deixadas em segundo plano, ao ponto
de quase passarem despercebidas. A bem da verdade há apenas duas e uma delas é
Himeko; uma garota meio machona, apesar dos fortes traços delicados e corpo
feminino que possui. E nosso trio de garotos lindos; Rin, Chiku e Yama. E
verdade seja dita, não é o ponto principal, mas eles são realmente adoráveis e
no traçado da Nangoku Banana, acaba sendo um atrativo e tanto – Seja nas trocas
de blusas do Rin (uma pena a Banana não
explorar melhor o corpo dele~hehe) e seu belo corpo ou na amizade entre
esses três garotos. Aliás, a ligação existente entre Rin e Yama, lembra
bastante Touru Mutou e Natsuno Yuuki, de Shiki.
Aham! É exatamente o que você está pensando. Pode se encarar
como um insinuante fanservice [mas, nada apelativo ou que comprometa]. Porém, a
amizade entre esses quatro, é algo que se desenvolve bem e é quase imperceptível,
mas a química entre eles é excelente. Imperceptível, porque a senhora Banana,
com apenas 5 capítulos, conseguiu ilustrar bem essa amizade, sem precisar
recorrer a linhas e linhas de diálogos. Ao invés disso, ela desenhou, insinuou
em um balão ou outro e logo, a interação entre eles já era super natural. Estou
ressaltando este ponto, pois os laços que unem esses 4 amigos de infância,
acaba se mostrando bem importante para o desfecho da série – E claro, seu
perfeito entendimento.
A história começa com Rin, procurando um CD dentro de sua
gaveta, mas no lugar ele encontra um mapa desenhado a mão do pequeno vilarejo
onde mora, com um enorme X sinalizando alguma coisa. Rin não reconhece o mapa,
o que acaba se tornando uma situação corriqueira na história, com ele
apresentando pequenos lapsos de memória. Curioso, juntamente de Yama, Himeko e
Chiku, ele vai atrás pra descobrir o que há naquele local marcado com X. O que
eles descobrem, é uma grande cômoda. E ao abri-la suas gavetas, ele acaba
desencadeando uma série de eventos bizarros.
O inicio é pouco empolgante, mas atraente o suficiente para
continuar despertando a sua atenção. Assim como foi com Another, como terror, Hiki é bem fraco. Chamamos de terror porque é
o certo, assustando ou não, toda a atmosfera estética parte do ponto de vista
de um sujeito assustado com estranhos eventos que fogem do seu controle. A idéia
é se passar o feeling de que os
personagens estão assustados. Mas, Hiki é instigante mesmo, como mistério. O
que é aquela garota dentro das gavetas? Por que aquelas gavetas parecem se
conectar com outro mundo? Por que a garota de cabelos negros está perseguindo
Rin? Hiki tem sacadas bem interessantes, como por exemplo, essa estranha garota
que quer se comunicar desesperadamente com Rin, mas ele está tão assustado, que
age irracionalmente. Com isso, temos uma perseguição para lá de instigante.
Rin nunca permite que a garota saia das gavetas da cômoda,
mas estranhamento, ela pode aparecer em tudo que é orifício. Quando eu digo
tudo, é TUDO MEEEEEEESMO; Tanto do buraco em seus bolsos, até mesmo de sua
boca. Logicamente, ele entra em pânico absoluto.
Acredito que, desde que assistíamos ao popular “O Chamado”, quando éramos crianças,
que essas situações de fantasma que volta do mundo pós-morte para perturbar
alguém, sempre estão ligadas a algo ocorrido na sua infância ou na causa de sua
morte. Eu não vou revelar o quê, mas é clichê e com 3 capítulos, você já terá
matado a charada. Mas na verdade, o Az de Espadas de Hiki, se encontra em seu
final e como todo terror que se preze, nos guarda um reviravolta que é puro
mindfuck. Você para. Olha praquela situação toda. Coça a cabeça ou solta um
suspiro; Ah, então é isso! Como eu não percebi antes? A resposta estava na cara
e eu não enxerguei.
A história é curtinha, mas bem amarradinha e satisfatória. Simpática.
Como comentei no inicio, é o típico mangá que você lê despretensiosamente,
apenas numa sentada. A Nangoku Banana é uma autora interessante, já publicou
alguns mangás yaois e um yuri, suas histórias tendem a ser bem divertidas, seu
traço é realmente belíssimo e caracteristicamente shoujo. Sempre. Não tem nada
de exótico, é bonito, por ser bonito mesmo. Ao ponto de ser um pouco genérico.
Seu traçado em Hiki é bem limpo, com um bom cenário ao fundo, o enquadramento é excelente e usufrui de toda aquela linguagem visual cinematográfica que só um mangá consegue oferecer. Todo o mangá faz
uso apenas de imagens com traços retorcidos, rabiscados, pra provocar o horror. E consegue.
Não é assustador, mas é no mínimo... curioso. Você olha para aquela
assombração, todos aqueles efeitos estéticos nos 2 últimos capítulos e sente
uma sensação de Déjà vu. Eu parei alguns segundos olhando praquilo e pensando; “...
mas, que pohãn....” .
Nota: 07/10
Autora: Nangoku Banana
Volumes: 01
Editora: Shinshokan
Revista:
Wings
Ano: 2007
Demografico:
Shoujo
Gênero:
Horror/ Mistério/ Psicológico/ Sobrenatural