Certa vez eu perguntei no twitter, se a franquia de Lupin
III era linear, responderam que não e disseram que o mais indicado era começar
pelo elogiado filme Castle of Cagliostro,
dirigido por Hayao Miyazaki, do estúdio Ghibli. Logicamente, enrolada que sou,
nem baixei o filme. Mas agora surgiu a oportunidade de conhecer um pouco sobre
o clássico Lupin III e eu devo dizer que eu adorei e considero como uma das
melhores estreias da temporada. A artstyle, a animação, a dublagem de Sawashiro
Miyuki (Fujiko Mine) e Kanichi
Kurita (Lupin III), a excelente
direção de Sayo Yamamoto como diretora geral e Tooru Takahashi (Episode Director), que chegou a
dirigir 10 episódios de Shoujo KakumeiUtena – Proporcionaram 20 minutos de um episódio bem divertido de se
acompanhar.
Eu estava curiosa pra ver o desempenho de Mari Okada como
roteirista aqui, mas obviamente depois que eu assisti, percebi que roteiro não
é o forte aqui e dificilmente um roteirista irá influenciar no andamento e
apreciação da história. O que não é exatamente um grande problema, uma vez que
a própria história não exigiu tanto e os diálogos são bons. Mas não foi por
isso que esse episódio foi sensacional, mas sim pela deliciosa execução, a
trilha sonora e principalmente a animação. Primeiro, a trilha sonora é super
envolvente e isso se deve a um cara chamado Shinichiro Watanabe – O mesmo de Cowboy Bebop, Samurai Champloo e o novo anime que estreará em breve e que boa
parte do fandom está na expectativa: Sakamichi
no Apollon. Um fato interessante nessas séries é o lado musical. Ele também
está como produtor musical Lupin III; Mine Fujiko to Iu Onna e esse é um acréscimo
que sem dúvida fez a diferença, fazendo deste episódio, algo repleto de
melodias de jazz, que se enquadrou gostosamente no feeling da premissa. Tem um
arroubo bem sensual, que casa de uma forma meio louca com o apelo sexual de Mine
Fujiko e a dá um tom completamente sensual. E em meio a isso, as soundtracks
conseguem se destacar e se alinhar na história aventuresca desse casal de
ladrões.
O segundo ponto, é a direção que torna Lupin III; Mine
Fujiko to Iu Onna algo gostoso e divertido de se ver. Dinâmico, corrido e
transmite bem o feeling de aventura, casando bem com o roteiro repleto de diálogos
fáceis, dando passagem para a “ação”. Com enquadramentos e diversos ângulos, o
episódio consegue ser bem pulsante no sentido de transmitir dinamismo e
valorizar a bela arte, assim como os dois personagens. Até aqui estou bastante
satisfeita com o desempenho de Sayo Yamamoto e creio que isso não deve mudar.
Eu já havia gostado dela em Michiko to
Hatchin, onde também há uma protagonista com certo apelo sexual. Dito isso,
acho que fizeram realmente uma boa escolha em escolhê-la como diretora, pois o
que mais se destaca visualmente nesse anime também é a grande armadilha deste;
O apelo sexual de Mine Fujiko e o fato dela se despir tão facilmente para
alcançar seus objetivos (qualquer
semelhança com a vida real, não é mera coincidência hahaha).
E sem o feeling certo, isso aqui pode se tornar facilmente
um show de vulgaridade e exposição gratuita e o primeiro episódio consegue
passar por isso de forma magistral. Claro, obvio, é evidente que, você achar
toda essa exposição um tanto quando exagerada e apelativa, vai muito da
concepção de cada um. Mas eu encarei com naturalidade, acho que há uma certa
diferença entre o que é gratuito e o que faz parte do conjunto.
E eu disse que essa era minha experiência no universo de Lupin, mas talvez isso não seja totalmente verdade, já que esse anime trata da história de Mine Fujiko. A primeira aparição de Lupin III foi na Weekly Manga Action (revista seinen, voltada para o público adulto) em Agosto de 1967, onde o personagem homônimo de Kazuhiko Kato (que assume o pseudônimo de Monkey Punch) vive perigosas e divertidas aventuras na liderança de um grupo ladrões. Neto de Arsène Lupin, Arsène Lupin III é considerado o maior ladrão do mundo e conhecido por avisar as suas vítimas sobre o item que deseja roubar, e isso, antes de roubá-los, afinal é preciso acrescentar um pitada de desafio e perigo pra coisa toda ficar emocionante. E o anime, adapta a história da Femme Fatale criada por Monkey Punch; Fujiko Mine em seus melhores momentos.
E já começa mostrando o primeiro encontro entre a ladra, que
não se abstém de usar o próprio corpo, como arma de sedução a fim de alcançar
seus objetivos e o aparentemente mulherengo e espero, Lupin III. Os dois, que
almejam a mesma vítima, iniciam então um alucinante jogo, para ver quem chega
primeiro no tesouro. E claro, além da tensão existente entre a dupla de
vigaristas, tem o forte apelo provocativo e sedutor do enredo. E é ai que eu
acho bacana a entrada de Sayo Yamamoto e em menor escala, Mari Okada, que
transmitem um quê bacana de sensualidade à personagem que mantém a figura
clássica de uma mulher ampulheta (aquelascurvas, sabe?) e que remete as décadas de 60 e 70 (engraçado que lembrei das heroínas de Tezuka, que também não vacilavam
em usar o corpo para beneficio próprio, isso além de definida personalidade que
marcava e as curvas do corpo) onde esse tipo de perfil feminino, era o
fetiche atual e sinônimo de sex appeal. Isso falando de uma época, onde a
figura estética Marilyn Monroe predominava e o Tezuka levou bem isso para os
seus mangás. E se tratando esse anime, de um mangá que é datado exatamente
dessa época, o perfil de Fujiko Mine se justifica, e claro, alinhado a
concepção original do autor em explorar isso.
Fujiko é plenamente consciente do que faz, o que a torna uma
personagem um tanto quanto perigosa que faz uso do corpo, aparência e
inteligência para conseguir o que quer. Mas o que acontece quando ela é
desafiada a usar somente a maça cinzenta do cérebro? O que temos é uma boa
combustão envolvendo os dois personagens que tornam a ação veloz e com um ritmo
intenso. A mistura dois é boa, tem química e quando isso é bem explorado, gera
bons conflitos, como o dos tópicos referente à sexualidade (dela) e masculinidade (dele)
e cada um usando o que sabe melhor para derrotar o outro. É obviamente, um jogo
de gato e rato e já que aparentemente eles se tornam amantes mais a frente (me corrijam se eu estiver errada),
aguardo ansiosa para visualizar isso. E bem, Lupin é extremamente divertido e
malandro, de uma forma que não vemos sempre em personagens japoneses. Assim
como a Fujiko, sexy e ambígua – Realmente uma mulher e sendo assim, também não
é o que se vê sempre nas protagonistas de animes.
E é com essa ambiguidade presente na história original, com
que a produção do anime terá que lidar. Até aqui, ponto positivo para a equipe
e um bom trabalho de Sayo Yamamoto, afinal, essa é uma história essencialmente
focado no público masculino, mas que, desde que não errem o tom, também pode
vir a ser algo bem agradável para todos os gostos.
E terceiro ponto: Lupin III; Mine Fujiko to Iu Onna até aqui
se mostrou um anime repleto de estilo, com elementos estéticos que valorizam o apelo
sexual da premissa da série. É tanto estilo, que provocou até a ira de Yamakan (dono do estúdio que produz BRS),
sempre em um cara de língua afiada e incompreendido por todos (!), ao qual declara que estilo não é
importante e que é inútil esperar qualquer coisa e um anime e demais envolvidos
no processo. Bem, inútil ou não, isso caiu muito bem na série. E Takeshi Koike
que foi o diretor de animação desse episódio, realmente fez algo espetacular.
Eu sinceramente não gostei de REDLINE,
tanto que só assisti o primeiro [e entediante] terço do filme. Mas a animação e
visual deste filme são esplendidos. Aqui nos temos uma riqueza de expressões
bem bacana, em uma animação fluente, com boa movimentação dos personagens,
incluindo ai os secundários e os que fazem figuração.
Tem um estilo bem estilizado, com trucagens como o uso de linhas de lápis escuros usados para retratar as sombras e a escuridão. E claro, alinhado ao charater designer exótico (oi?) e no estilo cartunesco bem próprio pra algo criado há tanto tempo, que não agrada tanto o público hardcore atual, mas que dão um quê de originalidade. Então, isso faz com que a série se destaque um pouco das demais nesse quesito e me lembra de Mononoke e seu estilo de arte textual com elementos de 3DCG ao fundo. Aliás, não me incomodei com esses recursos, durante a execução do anime. Casou bem com o 2D e passa despercebido de olhos menos atentos. É bem agradável ver os personagens se movimentarem com essa suavidade, algo bem aproveitado em Saint Seiya Omega e que deixa a desejar em Zetman.
E é isso. Comentários longos, mas que expressam o quanto a
estreia me empolgou. Sendo assim, aproveite para conferir algo um pouco
diferente do habitual. Mesmo que tenha sido uma excelente estreia, não acho
seja pra todos, afinal, questão de GOSTOS. E há tantos por ai; há quem não
goste desse tipo de traço, quem não curta essa abordagem e quem deteste ver
peitos de fora, seja qual forem às circunstâncias. Mas, com certeza vale uma
olhadela.
P.s.: Opening e Ending, extremamente bem feitas e originais.
A OP com a música New Wuthering Heights de Naruyoshi Kikuchi dá o tom certo
para o que veremos a seguir…e claro, juntamente com a animação que tem uma atmosfera
bem artesal. A ED é mais simples, mas tem uma música pulsante, que é DutyFriend de NIKIIE. Já vi que, vai ser mais um aninsong obrigatório para mim.
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