Eu não gostei desse episódio.
Dito isso, vamos ressaltar os pontos positivos.
Confesso que adoro essas caras do Ginoza. Ele é muito afetado, o que de uma forma estranha, é muito sexy |
Carinha de cachorro vira-lata querendo brincar com a dona |
~moe~ |
Sempre penso o que os personagens ficam pensando em meio a discussões desinteressantes |
Own olha esse cabelo.... cachorro de rua! |
Dos 05 episódios até o momento, este foi o que menos me
agradou, fiquei com a impressão de que foi muito burocrático, embora tenha
executado a proposta com certa competência. Só que eu não vejo competência,
como sinônimo de algo interessante. No geral, as pessoas preferem algo que seja
divertido narrativamente – O ponto alto do que se entende como entretenimento –,
mas eu não me importo que a narrativa seja um tanto quanto maçante, porque se
as engrenagens ali forem atrativas o suficiente para manter minha massa cinzenta
acordada, o saldo final será de puro êxtase.
Enfim, o episódio da semana, "No One Knows Your Face" [“Ninguém Conhece o Seu Rosto”],
é um daqueles onde o título faz todo o sentido. Citações diretas à Rousseau,
questões filosóficas e toda uma trama, que tem sim seus pontos positivos e
reflete bastante sobre o futuro da série, mas que parece ter tido o grande
objetivo de passar uma mensagem especifica. O Urobuchi lê e assiste pra
caramba, é um escritor com uma larga bagagem cultural, e eu costumo gostar
bastante de seus embates morais. Porém as questões filosóficas dessa trama em
especifico (que se refere ao mundo
virtual), não me desperta interesse algum – É algo que já cansei de ler
sobre, e até assistir, e a narrativa não trouxe nada de novo para a questão.
Gosto mais da ideia da tribo se refugiando no virtual, para
fugir da REAL LIFE (ou seja, do sistema
Sibila), contudo isso foi trabalhado por um âmbito moralista, soando quase
um sermão. Não é o estilo do Urobuchi, que o combatente das ideologias, não do
social, isso me parece mais como um argumento criado pelo Katsuyuki Motohiro,
que é o dono da história. Ele que já havia criticado o moe, e implicitamente
os otakus, parece ter feito deste episódio o seu pleito, onde o vilão – Um otaku
(lembrando que no Japão, otaku não se
restringe a animes e mangás. É basicamente um nerd nível hardcore. Sim, não o
nerd poser cool, mas aquele feioso e antissocial que o americano repudia)
– é confrontado com uma dura realidade: Passou tanto tempo submerso naquilo,
que ele simplesmente não construiu uma história própria, ele não tem uma
identidade, ele não tem uma vida.
E o episódio é sobre isso. Porra! Caralho! Foda-se! Eu não
paguei (desculpe, mas o Crunchyroll não
faz streaming de PP, hô hô hô), mas não é pra isso que eu apostei minhas
fichas nessa série. Eu não poderia me importar menos com um personagem random
gordo e virgem, e o que ele faz da vida dele, se isso não tiver ligação direta
com o enredo. Até por isso, nos comentários do post anterior, fiz questão de
ignorar essa questão, embora tenha notado essa faceta. “Sua personalidade é nula. Vazia.
Você não tem um rosto próprio. Sem ter um rosto, você poderia vestir qualquer
mascara” – É até interessante, os diálogos escritos por Urobuchi estão
ótimos nessa linha, principalmente se pensarmos na questão da indústria de
animes do Japão, que têm mantido suas atenções para o nicho, e sua crise de
[falta] identidade, mas parece se adequar melhor em algo como Jinrui ou mesmo
Penguindrum. Ou podemos dizer que simplesmente está mal encaixado mesmo,
dentro da narrativa. Agora, essa linha de diálogo (a seguir), com relação aos ídolos e a imagem projetada, é bem
interessante:
Akane: “Eles agora são mais populares do que eram
com os donos verdadeiros”
Ginoza: “Por que dezenas de milhares de usuários não
notam que são falsos?”
Kougami: “Porque não se trata de ser verdadeiro ou falso.
Esses avatares são ídolos na internet. Em outras palavras, eles são ícones.
Ícones não existem pra fazerem o que querem. Nem Hayama e nem Suguwara
estabeleceram seus status sozinhos. Eles puderam se tornar Talisma e Spooky
Boogie porque seus fãs o idolatravam baseados em suas percepções distorcidas.
Os verdadeiros sentimentos e verdadeira personalidade do ídolo não são iguais
aos ideais que o personagem representa”.
Se você não notou, se trata de uma crítica aos otakus, às
idols, e à indústria como um todo. É um subtexto bem óbvio, até.
Por isso, guys, o censo crítico, que traz a INCRÍVEL (sarcasmo level hard) capacidade de discernimento,
é muito importante.
A arte estava tão criativa quanto à do episódio passado [cores, filtros, angulações dinâmicas, a direção estava muito bem], com
uma animação que privilegiou os momentos estratégicos. Por isso, algumas cenas
acabaram nem sendo muito inspiradas, vide toda perseguição, a explosão com
direito a personagens estáticos ao fundo, afinal esse é um anime de 2 cours. O
ruim é que perdemos aquela sensação de movimentação frenética nas cenas de
ação, mas por outro lado, as cenas de distorções visuais foram ótimas.
Esse episódio também preencheu algumas lacunas. Assim como
também, acabou abrindo outras questões.
O plot twist me pegou de surpresa. Não que seja surpreende o
fato de Kogami ter sido um oficial, isso era obvio, mas o fato dele ser um
ex-parceiro de Ginoza. Eu, e acho que muitos de vocês também estavam esperando
que fosse o velho Masaoka. Por outro lado, isso explica a intimidade existente
entre eles. Eu sempre fiquei encucada interiormente com Kogami o chamando de “Gino”,
e a forma respeitosa com que este o tratava, deixando este ter voz ativa, e até
decidir os rumos a tomar – Enquanto trata o Masaoka como um marginal.
Comentaram comigo que há um boato no /a/, que ele teria sido um professor. E
olha, encaixa assustadoramente bem no plot, até mesmo num suposto conflito
entre ele e Ginoza.
Kogami, que acabou sendo rebaixado a um mero justiceiro,
estava perseguindo/investigando Shogo Makishima. Ele acabou se tornando
prisioneiro do estado, enquanto Shogo continua livre. E nem faz ideia de que
seja ele por trás de toda essa trama. A questão que fica é; qual terá sido o
gatilho que iniciou toda essa fixação de Kogami? Certamente deve ter sido algo
trágico.
Também fica um pouco mais claro o motivo de existirem
criminosos, mesmo num mundo como aquele. Ao que parece, mesmo num futuro
distante, e com todo um aparato tecnológico ao dispor, o governo ainda
continuará sendo falho. Não existir scanners em pontos estratégicos, para mim,
é algo intencional do Urobuchi, ao querer explicitar àquele mundo de uma forma
não tão obvia (que seria através dos
diálogos expositivos). Sim, me recuso a acreditar que seja uma falha do
roteiro, porque... porque é o Urobutcher. Simples.
Outra: Não apenas a politica ali é incompetente, como também
isso se estende à justiça criminal. Se não bastasse haver apenas uma equipe
diminuta responsável pelo serviço “sujo” em toda uma ilha (a civilização atual vivem em algumas ilhas dispersas, com muita água
ao redor, e regidos aparentemente pelo mesmo sistema), essa equipe ainda se
mostra inapta em lidar com situações triviais, que fogem do óbvio. Como assim,
eles simplesmente mataram uma testemunha daquele naipe, sem ao menos questionarem
se não havia nada por trás daquilo? Quer dizer, eles questionam, eles
claramente perceberam que ele estava conversando com alguém. MÃS, a atitude do
Shogo, em simplesmente deixa-lo para os justiceiros, já demonstra que ele
conhece exatamente como é o protocolo, e que os Enforces o seguem a risca. Sem
questionar. E mesmo que questionem, sem agirem. O que levanta outra questão: As
Dominators.
Estariam elas apenas programadas no automático, ou seria
possível para um Enforce/Justiceiro, regulá-la manualmente? Ao que sabemos até
agora, com base em diálogos dos episódios passados, apenas no automático. Bom,
o ponto é que eles não ouvem o testemunho das vítimas. Esse sistema é
completamente falho, e não vejo a hora da Akane começar a perceber isso de
forma latente.
Eu ia questionar a conveniência do Kogami chegar rapidamente
a um denominador comum através de um encadeamento de informações tão simples, mas
aí eu me lembrei dos clichês de séries policiais. Ok. Essa passa.
Em suma, este foi um episódio eficiente, mas com altos e
baixos em alguns pontos. Os diálogos estavam instáveis, nem mesmo a dupla mais
foda em termos de narração, que é Akane e Masaoka, conseguiu brilhar nesse
aspecto. A trilha sonora estava num
timing excelente, entrando nos momentos certos, com destaque para quando vão
persegui o otaku, e o som aumenta climaticamente, despertando aquela sensação
de “agora vai”, pena que a ação decepcionou. Então...
Nesse episódio também, tive uma agradável surpresa, que foi
ver um lado mais humano do Ginoza.
Veredicto: 20 e tantos minutos anticlimáticos, onde ser
eficiente, não foi o suficiente para despertar nenhuma vibração do lado de cá.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★