Oh, isso está meio brega! Oh, oh, fui infectada! *faz drama*
Acho que não importa o tanto de vezes que eu reveja Ano
Hana, a série sempre vai conseguir me arrancar um filete de lágrimas. A amizade
que sempre houve entre eles tentando desabrochar, a dificuldade em lidar com a
perda – se fosse uma história de romance talvez não conseguisse me tocar tanto
como faz. Um tempo atrás me pus a rever o antepenúltimo episódio, só pra olhar
uma cena e acabei acompanhando o episódio inteiro. Hoje peguei o último e já
nos minutos iniciais, frustrados e com a consciência pesada pela Menma não ter
conseguido reencarnar, eles começam a lavar
a roupa suja e se atacarem mutualmente. O desenrolar dessa sequência é...
tenso! Sabe aquele sentimento inquietante de sentir vergonha pelo outro? Eu
acompanho essa discussão dos personagens e minha bochecha começa a queimar,
tamanho constrangimento. Mas... não seria este o objetivo? O da entrega e
imersão total?
Segundo o dicionário, a palavra melodrama tem diversas
conotações, e o significado que melhor expressa este contexto aqui é sentimentos exagerados. Na época em que
o anime foi ao ar, lá em 2011, a cena de todos os personagens berrando em uníssono
deu o que falar. É de fato uma reação exagerada a dos personagens, mas não cabe
dentro do contexto de uma obra que conta a história de jovens que
estão amadurecendo, emocionalmente instáveis e que têm dificuldade de se
comunicarem? AnoHana se assemelha aos melodramas tão característicos de algumas
obras japonesas da década de 70. O país e diversas camadas da sociedade
passavam um momento delicado e de definição e isto refletiu diretamente nas
páginas de mangás de diversas demografias. As situações overdramaticas pareciam
querer externar um grito estridente entalado na garganta. Um grito por mudanças
e reações.
Perguntaram algo semelhante para a roteirista do anime,
Mari Okada, no qual ela respondeu que a sua geração considerava que a fraqueza
emocional era embaraçoso e ela sentia que gritar era uma boa maneira de se
mostrar honestamente. Segundo ela, o grito descompassado dos personagens no
final de Ano Hana era a reverberação de suas emoções que até então
havia sido reprimida, congelada, e por que não dizer, os próprios personagens
se sentiam aprisionados no tempo. É parecido com a forma que algumas pessoas
reagem quando lhes acontece algo trágico, elas se trancam ou simplesmente não
conseguem externar aquele sentimento, o que consequentemente vai causando danos
interiores. Nunca aconteceu comigo, mas já ouvi e vi diversos relatos de quem
perdeu pessoas próximas ou sofreram algum trauma e estas só conseguiram chorar e
superar muito tempo depois. Enfim, existem varias situações similares.
Na época acredito ter ficado divida com relação a essa cena,
mas hoje a compreendo melhor e penso refletir com eficácia a emoção à flor da
pele pelo qual aqueles personagens estavam passando. É tempestuoso e exagerado, como tudo nessa idade. A melhor parte mesmo é
quando começam a se atacar mutualmente, é quando eles começam a ser sinceros
consigo mesmos, permitindo-se abrir para o próximo, e quando se dão conta,
percebem o quão próximos e conectados estão novamente. O silêncio e a frieza é
o ato mais cruel numa relação, enquanto conflitos e discussões são sinônimos de
envolvimento. Você sabe que está muito próximo de alguém quando surge o primeiro
conflito, e fundamental é saber transpô-lo, afinal, para que possam te
compreender, é preciso se fazer entender. É curioso como isso parece ser uma
das maiores dificuldades para jovens japoneses, embora eu ache que não apenas
japoneses. Mari Okada termina falando que este choro exagerado é uma declaração
de amor e que às vezes mesmo ela sente vontade de gritar também. Isso me lembra
daquela letra: “Quando choramos abraçados...
E caminhamos lado a lado. Por favor amor me acredite. Não há palavras para
explicar o que eu sinto” – ações as vezes se expressam melhores do que
palavras! ;D
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