Kaze Tachinu (2013)

Desde o ano passado esse post está nos rascunhos... Mas a Beta precisa escrever sobre, então eu tenho que postar isso logo auhsIHSIUhisuhISHIUhs

Kaze Tachinu era um filme que eu queria muito ver a bastante tempo, pelos motivos ÓBVIOS de ser Ghibli, de ser do Miyazaki e por ser o suposto ULTIMO FILME dele. Infelizmente eu não pude ver nos cinemas (SIM, teve exibição aqui na Escócia), e não sei porque desgraça tava demorando uma vida para sair nos torrents alheios, e ai acabei desistindo, mas lembrei dele quando estava pensando "Mas o que peste vou fazer nas 12 horas de ônibus de volta de Londres?", Filmes sempre me salvam em ônibus... aproveitei e vi "De volta pro Futuro" também (Detalhes sórdidos desnecessários nessa resenha.)

Vidas ao vento, como é chamado aqui no Brasil, conta a história de Jiro Hirokoshi que teve um sonho (literalmente) de voar livremente. Porém, por não ter uma boa visão desde muito novo, ele nunca poderia ser um piloto, e em um sonho com o famoso fabricante de aeronaves italiano Caproni, lhe foi dito que construir aviões é mais legal que pilota-los. Então Jiro decidiu se tornar engenheiro aeronáutico, e quando entrou para uma companhia em 1947, se tornou um dos maiores designers de aviões; o mais inovador e bem-sucedido do mundo, criador do Mitsubishi A5M e seu sucessor, o Mitsubishi A6M Zero, usado pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

The Wind Rises, foi o filme japonês de maior bilheteria no Japão em 2013 e recebeu a aclamação da crítica. Ele ganhou e foi nomeado para vários prêmios, incluindo indicações para o Oscar de Melhor Animação, o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, e o Prêmio da Academia do Japão para Animação do Ano.

O filme conta um pouco de sua história (quase tudo inventado diga-se de passagem...), retratando eventos históricos importantes, incluindo o Grande Terremoto de Kanto de 1923, a Grande Depressão, a epidemia de tuberculose e a entrada do Japão na guerra. Jiro conhece e se apaixona por Naoko uma garota que por destino conhece no trem e logo mais na vida adulta a reencontra em um momento mais oportuno, e cresce ao lado seu colega Honjo, que compartilha a mesma admiração por aviões, mesmo com o pouco de rivalidade existente em seu relacionamento.

Esse filme é baseado em uma série de histórias em quadrinhos do escritor do filme e diretor Hayao Miyazaki, que foram serializados de forma intermitente na revista mensal Graphix magazine de abril de 2010 a janeiro de 2011. Kaze tachinu de Miyazaki leva o nome da novel de 1938 escrita por Tatsuo Hori, mas inspira-se em uma variedade de fontes que incluem também a vida e obra do engenheiro aeronáutico Jiro Horikoshi, outras obras de Hori e o poema "Le Cimetière marin" do escritor francês Paul Valéry de onde o romance de Hori, por sua vez teve o seu título.

Diferente das outras histórias dirigidas por Miyazaki, Kaze Tachinu é um titulo mais adulto e dramático, que comenta superficialmente um momento muito difícil para o Japão, que foi durante a Segunda Guerra. Mesmo com a violência e desastres que os aviões de Jiro criaram naquela época tenham sido relevantes a história do mundo (O ataque a Pearl Harbor, Base Norte-Americana, por exemplo, foi com os aviões dele), nada disso foi mostrado buscando focar exclusivamente em sua mente criativa, dia-a-dia e seu amor por Naoko. Jiro foi mostrado como um gênio, trabalhador, visionário e romântico que correu riscos por seus sonhos e desejos.

Um filme dinâmico mostrando vários momentos importantes da vida do engenheiro, acompanhado de bastante cores vivas e belas passagens naturais. Provavelmente o que mais faz pensar nessa obra seria o "GAP" entre os desejos de fazer sua invenção funcionar corretamente, e os propósitos para que ela foi feita. Jiro não queria a Guerra, em nenhum momento ele esteve a favor disso, seu único desejo era construir uma boa aeronave. Mas Jiro é bastante inteligente, ele sabia que o que estava fazendo teria suas consequências futuras, tanto que era um "sonho amaldiçoado" como dizia Caproni, mesmo assim continuou. Chega a ser contraditório, mas só mostra que a ideia de Miyazaki não era mostrar a guerra, e sim os sonhos se tornando realidade.

A única parte do filme que eu não senti que as coisas estavam se "movendo" foram as cenas na casa de campo quando ele reencontra a Naoko. Porque durante todo o filme eu sinto que a vida dele está sempre em "alta velocidade", mudando, evoluindo e os anos passam bastante rápido. Mas durante esse tempo que ele foi obrigado a passar para pensar por causa de suas falhas, pareciam que apenas poucos dias haviam passado, a velocidade diminui, enquanto o relacionamento deles ia se desenvolvendo aos poucos, talvez o timing tenha sido reduzido de proposito com esse intuito, mesmo que seja compreendido que se passaram meses naquela situação.

Naoko como uma personagem, ela não se diferente das outras heroínas de Miyazaki, uma garota FORTE, destemida e que compreende bem sua própria situação e fraquezas, que fica extremamente feliz por ser aceita por Jiro do jeito que era. Por causa do trabalho do rapaz, existem várias cenas onde suas história são contadas em separado. Suas cenas de romance foram bastante pertinentes pelo fato de realmente parecer um namoro, (Tenho sérios problemas com romances lerdos...) e a química entre eles é extremamente apreciável, pelo jeito gentil e acolhedor como sua relação caminha (Lembrando que o Verdadeiro Jiro Hirokoshi, nunca casou com uma mulher como ela, tudo inventado). E por motivos óbvios, não existem vilões nesse filme, se você precisa de um, considere a GUERRA o pior vilão existente, o que não deixa de ser verdade.

A musica ficou por conta de Joe Hisaishi que também trabalhou em vários outros filmes de Miyazaki, como Chihiro, Tororo, Kiki, Laputa, Porco Rosso, Princesa Mononoke, Castelo Animado e outros. E produzido por Suzuki Toshio que também trabalhou com Miyazaki em muitas das obras já citadas.

"Which would you choose: a world with pyramids or a world without them?" Caproni.