segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Comentários: Death Parade #07 – Alcohol Poison

Veneno Alcoólico? Alguém me explica este título? 
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E eis que, todo o estoicismo e mecanicidade de Decim, enfim, encontra uma justificativa. Não na complexidade do ser, mas na artificialidade daquilo que foi feito à imagem e semelhança do criador. Mas, como é obvio na intenção de Nona em criar uma espécie de rebelião no lugar sacro do juízo final, é a complexidade que ela busca. Então sim, todos os questionamentos anteriores a respeito dos julgamentos e seus padrões questionáveis estão em voga, naquele que parece ser o conflito central que move o enredo de Death Parade. 

Há coisas ocorrendo por sob a cortina de fumaça que, embora nos seja perceptível, é difícil de delinear o que exatamente dá forma os movimentos taciturnos de Nona. Qual a sua razão? Será apenas por discordar dos métodos empregados ou a existe algo a mais que a move? É notável que ela tem urgência e não dispõe de muito tempo, enquanto Oculo se aproxima cada vez mais. Se refletirmos em relação aos diálogos dela com Queen (Ryoko Shiraishi), percebemos que soa como se ela tivesse uma empatia semelhante a de Decim, mas eu creio que sua busca é pela evolução e descoberta daquilo que dá forma ao ser, enxergando em Decim seu maior potencial (isso justifica o motivo de ela manter duas humanas com dois de seus juízes “recém” chegados) para alcançar este feito, enquanto Ginti se coloca no oposto exato.  
Não importa a cara que a Nona faça, eu sempre a acho fofa huehuehuehuehueh
Não importa tanto o que Nona está tramando, afinal, ainda que não seja tão claro, as formas são perceptíveis, como o episódio fez questão de ressaltar. O que me interessa nisto tudo serão as consequências e, quem sabe, uma hipotética reviravolta. É muito interessante toda essa premissa e o que este episódio representa para o enredo global, mas eu gostaria que o anime tivesse mais episódios para equilibrar melhor as histórias episódicas com as tramas paralelas em torno da torre sobrenatural e, claro, trabalhar melhor em cima de todos estes personagens e o modo como se relacionam entre eles e aquele mundo. Da forma como ocorre, este episódio tira um pouco do ritmo de intensidade que a série vinha tendo, pois decorre de outros episódios que também fugiram à formula e foram mais lights – fugir da formula é bom, mas se a série se estabelece em cima de determinada estrutura, é bom que ela se mantenha a certo padrão. Ainda assim, eu sinto como se tudo fosse se encaixar bem ao fim, e isto é bom. 

Por fim, gostaria de ressaltar o quão curiosa é a persona da Nona – ou o quadro geral que o anime desenha para o seu universo. O contraste existente entre Genti e Decim, por exemplo.  É bem mais fácil aceitar Decim com a proposta ao qual este episódio apresenta, do que a Genti, um sujeito que exala tanta emoção e impulsividade que o seu reflexo; o seu cheiro; o seu sabor, tudo é de um ser humano comum. E, no entanto, ainda assim, se sente superior e preconceituoso em relação a humanos – sentimentos também muito humanos; assim como em deuses, figuras criadas por mãos humanas (e por isso soam tão similares). Mas, o Genti também exala calor e uma sensível consternação em sua dificuldade de lidar com certos conflitos internos, e é um tanto engraçado o modo como ele expressa através da violência a sua incapacidade de lidar com emoções que ele não compreende. Por mais que seja lógico, afinal eles são compostos por certos padrões humanos e memórias passageiras, ainda que lhes falte a essência do ser. 
imagens dizem mais que palavras. O que Genti procura? O que o incomoda tanto? 
No entanto, somos tão voltados a estereótipos, que nossos sentidos se tornam contraditórios às vezes. Isso é ser humano. Como Kurokami, que antes mostrava pavor no hábito de Decim de reunir bonecos humanos, no entanto, se enche de ternura e simpatia ao enxergar uma motivação afetiva em seu gesto – no entanto, para Decim, tudo aquilo é indiferente, pois não tem o necessário para discernir/sentir este tipo de emoção contraditória. O seu “eu” não é o de uma máquina, mas é como a de uma criança que não cresceu cercado por outras pessoas e com isto, não desenvolveu padrões comportamentais ou certas emoções. Se ele pudesse reter memórias, certamente que isso traria uma transformação formidável nele com o passar do tempo. 
Oh, esses dois... ESSES DOISSSS...tão bonitinhos >_< Quando Queen diz que é importante se agarrar a algo, eu pensei imediatamente que Decim finalmente encontrou este algo.... 
E é isto que Nona quer alcançar. Se uma máquina pudesse questionar, isto traria uma revolução talvez não muito boa para os seres humanos. É natural que qualquer ser senciente em algum momento, comece a se perguntar e querer preencher aquilo que lhe falta para compreender – e consequentemente se libertarem das amarras que lhes agrilhoam. Com criaturas criadas à imagem e fragmentos de memórias humanas, é natural que com toda a eternidade pela frente, em algum momento alguém quisesse experimentar aquilo que está fora de seu alcance. Nona pode não perceber isto tão a fundo, mas eu acredito que essencialmente é o que a move. Se não, ela não poderia ter chegado à conclusão de que seria bom ter juízes capazes de sentir para compreenderem melhor. Como julgar algo que você não pode compreender? É como tentar chegar à solução de uma formula sem saber lê-la. Contudo, o que Nona busca, provavelmente é bem mais do que apenas melhores julgamentos. 
O que ela busca é o que Sartre buscava refletir, uma a essência daquilo que é próprio do que existe. O que é o vazio? É o nada, e, portanto, inexiste. No inicio, Deus fez o homem a sua imagem e semelhança e os “agrilhoou”, retendo-os em uma capsula em que o saber não lhes era permitido, mas em troca, eles não eram felizes, pois não poderiam ser atormentados nem viveriam o conflito da complexidade do saber e do sentir. Eles existiam e isso era tudo. No entanto, Adão e Eva foram tentados pelo saber e então tomaram conhecimento sobre a sua existência, atingindo a essência do ser. Ou seja, o movimento existencialista acreditava que o ser humano não nascia com uma alma ou espirito já atribuído desde ao seu ser desde o nascimento de sua existência. Ao contrário, ele adquiria esta essência através de sua existência. É como uma árvore, onde a semente traz todas as características necessárias para se tornar uma árvore, mas ainda não é uma arvore. Apenas quando a semente germinar e se desenvolver, ela existirá como uma arvore. Assim, a existência da árvore vem antes da essência da árvore, pois esta semente só se tornará real quando passar a existir e revelar-se em sua existência de ser – como uma arvore. Em suma, todos eles são bonecos. Eles existem, mas ainda não são. São seres incompletos, sem “vida”, sem espirito, apenas objetos descartáveis que não alcançaram o valor de uma vida. Portanto, eu acredito que Nona está procurando preencher este vazio, e; ela quer se libertar (apenas conjecturas minhas, ok), pois existencialismo acima de tudo é liberdade e o rompimento completo com o céu e criaturas mitológicas que governam nossos destinos [Dica: Zetsuen no Tempest: A Luta do Individual Contra o Plano Astral]. 
Em tempo: apenas em um mundo sem uma existência de um ser maior, que tal padrão de julgamento pode existir, pois é algo que vai contra toda a essência de qualquer religiosidade. E, com isso, se torna mais compreensível toda esta questão do vazio ser metaforicamente associado ao inferno enquanto a reencarnação é o céu, o prêmio máximo. Afinal, a série vem traçando desde o inicio grossas linhas existenciais no que diz respeito à essência do ser. Neste caso, não há nada mais virtuoso do que existir e ser, e não há nada mais aterrorizante que simplesmente sua essência se apagar e ser lançado ao nada, ao vazio, a não-existência. É uma ideia realmente boa, e que somente criando uma mitologia própria seria possível, pois foge um pouco ao entendimento divino. É algo que me fascina, pois sempre achei horrível a ideia de que se a gente morre, nunca mais teremos uma outra vida, outras oportunidades. É apavorante e faz com que eu me agarre com mais forças ainda a esta minha vida –e ao mesmo tempo, me sinta melancólica por termos tão pouco tempo antes de sermos transformados em cinzas, no mais completo NADA. 

Avaliação:  ★★★☆☆
Staff do Episódio
Roteiro: Yuzuru Tachikawa
Storyboard: migmi
Diretor de Episódio: Shigatsu Yoshikawa
Diretor Chefe de Animação: Shinichi Kurita
Diretores de Animação: Hwang Young sik, Kim Gi Yeop, Park Chang Hwan
Direção: Yuzuru Tachikawa

BÔNUS
Eu sei que você adoraria poder observar a Nona dormindo! Mas sei lá, a forma como ela reagiu... ela pareceu um pouco insatisfeita de ter aquele velho como voyeur hehuehueehu
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