Texto escrito originalmente em dezembro de 2014.
Kaze Tachinu (no Brasil, Vidas Ao Vento) é o autoproclamado último filme de Hayao Miyazaki e representa o fim de vários ciclos. É a primeira, e talvez única e última película do estúdio Ghibli sem a partícula possesiva の (no) no título japonês. É costume – um ritual supersticioso do estúdio – utilizar o caractere の [que significa ‘de’] nos títulos de todas as suas películas dirigidas por Miyazaki. Tudo começou com Kariosutoro no shiro (The Castle of Cagliostro) em 1979 e seguiu-se com Kaze no tani no Nausicaä (Nausicaä of the Valley of the Wind) em 1984. Assim, os parceiros Miyazaki e Toshio Suzuki (produtor e ex-presidente do estúdio) continuaram a tradição por terem obtido bons êxitos, mas em Kaze Tachinu, Miyazaki não quis repetir o ritual, e Toshio respeitou seus sentimentos. Kaze Tachinu além de ser aparentemente o último longa-metragem de Miyazaki, também representa o fim de produções do estúdio Ghibli como conhecemos; o fim de uma era. É o filme mais atípico do diretor, o primeiro a ser destinado exclusivamente ao publico adulto, sendo que até então seus filmes têm sido caracterizados por serem compreendidos por um amplo publico. Enfim, é permeado de misticismos.
Em algumas impressões que eu li na época do lançamento, foi engraçado ver alguns comentários surpresos pela ausência de crianças no cinema – em um local cheguei a ler por parte de uma autora que era sua primeira vez numa exibição de animação num cinema japonês sem que pudesse notar crianças presentes; o que há de curioso nisto é que Anime é conhecido por não ser direcionado exclusivamente a crianças. Dizem que o último filme de um diretor é a sua coroa, acarretando diversos riscos que uma “última” obra pode trazer. Contrastando toda sua filmografia, afinal, se trata de um fenômeno inevitável o da morte de um artista colorir em tons vibrantes e chamativos a sua última obra, últimos momentos de vida, ultimas palavras deixadas ao mundo; a ideia do último gera um fascínio mórbido instantâneo, mesmo que a pessoa ainda esteja viva, como é o caso de Miyazaki. Neste caso, ele cumpriu todos os pré-requisitos que as pessoas, inconscientemente ou não, esperam encontrar na última grande criação de um artista, faz-se necessário encontrar ali o que seu criador estava pensando e qual sua última mensagem em seu canto do cisne, um pouco antes de a morte o levar – e quando levar, o fascínio e a procura, naturalmente, aumenta.
É bom ressaltar que este filme é uma biografia ficcionalizada de Jiro Horikoshi, o designer do famoso avião de caça Mitsubishi A6M Zero, que foi largamente usado pelo Japão na Segunda Guerra Mundial, que depois de um curto período gozando o status de serem os melhores jatos nos céus em combate aéreo na 2ª Guerra Mundial, seriam reduzidos infamemente a meras bombas-dirigidas pelos Kamikazes.
Kamikaze significa vento divino e é – não sei se voluntariamente ou não – uma rima poetica com o titulo do filme, que literalmente se traduz como “O Vento Está Aumentando”, que por sua vez é retirado de um verso de Paul Valèry do seu romance The Wind is Rising, repetidamente citado durante o filme: “Le vent se lève!... Il faut tenter de vivre!” [O vento está aumentando. Temos que tentar sobreviver], de modo que podemos absorver isto como uma metáfora para os terríveis dias que estavam atingindo o povo japonês, seja pelo panorama militar (com o envolvimento do Japão na Segunda Guerra Mundial), imperial (o país vivia um período conturbado pós-Era Meiji, com alto índice de pobreza) ou simplesmente as circunstancias desfavoráveis, como a tuberculose que fazia parte do cotidiano do japonês e não existia ainda um método de cura eficaz, levando aqueles que contraíssem à morte, mais cedo ou mais tarde.
Mas, o filme também é parcialmente baseado em uma história trágica de Tatsuo Hori, um escritor, poeta e tradutor do Período Showa, sobre uma jovem que contrai tuberculose e é enviada para um sanatório nas montanhas a fim de prolongar a sua vida. Miyazaki percorre os momentos mais emblemáticos da vida do engenheiro e preenche os vácuos enxertando parcialmente o romance trágico autobiográfico de Tatsuo Hori.
Hori que flertou com a morte em suas obras, tornando este tema característica nos romances e novelas que escreveu, nada mais fazia que refletir na arte sua batalha contra a tuberculose – foi em um sanatório nas montanhas de Nagano que Hori ficou durante sua doença, até sua morte. É, então, de certa forma, uma biografia de Hori também, pois Miyazaki faz uma combinação entre estes dois personagens históricos, que viveram o mesmo período histórico.
Kaze no Tachinu, segundo Miyazaki, resgata um período histórico que é pouco discutido dentro do Japão, cobrindo a Grande Depressão da década de 1920, o grande terremoto de Kanto em setembro 1923, a entrada na guerra japonesa na Segunda Guerra Mundial e, na época, a ainda não controlada epidemia de tuberculose.
É uma narrativa elíptica, acompanhando o protagonista Jiro Horikoshi (Hideaki Anno) em seu projeto de vida enquanto se relaciona com a tuberculosa Naoko Satomi (Miori Takimoto), sendo obrigado a fazer uma importante escolha, entre realizar seu grande sonho e estar ao lado da mulher em seus últimos momentos. Agora algo legal: este romance autobiográfico de Hori se chama Kaze Tachinu (The Wind Has Risen).
Essas são apenas algumas das coisas que revestem este filme com tons místicos e inequívoca poesia temática.
Quantas histórias podem inspirar uma vida? Ou melhor, duas vidas em uma só história. Quantas vidas podemos viver em apenas uma história? Tatsuo Hori e Ayako Yano, dois amantes que viveram na primeira metade da era Showa (1926-1989) e terminaram entre as páginas de um romance autobiográfico escrito pelo próprio Hori em 1936, após a perda da amada, que lutou e foi vencida pela tuberculose. E, a partir dessas páginas, projetadas na tela grande, quase um século depois, pelo poder da animação de Hayao Miyazaki, sob o disfarce de Jiro Horikoshi; o protagonista engenheiro aeronáutico do filme que se mistura com o alter ego de Hori e a persona de Jiro Horikoshi, e ainda Nahoko Satomi, que é a versão celuloide de Yano Tatsuo.
Deste modo, Kaze Tachinu também é uma biografia da vida e ideais de Miyazaki para além da bandeira ecológica que ele levantou em sua filmografia. Seu filho, Goro Miyazaki, em algumas entrevistas já chegou a dizer, em tom rancoroso, que seu pai sempre colocou a família em segundo plano em relação ao seu trabalho, e que Miyazaki sempre fora um pai ausente. Os conflitos entre pai e filho são notórios e públicos, mas o mais interessante nisto é notar o quanto disto se complementa ao protagonista Jiro Horikoshi – que têm na ambição do seu projeto de vida, seus maiores pontos de conflitos entre a relação familiar, o sacrifícios feitos em razão dos seus sonhos e a frustração de um meio (a animação) que ama sendo utilizado de um modo que abomina.
Miyazaki, que inicialmente se mostrou relutante em animar Kaze Tachinu, disse que se decidido depois de ler uma citação de Jiro Horikoshi [“Tudo o que eu queria era criar algo belo”]. Como podemos vislumbrar no filme, seu interesse está no aspecto humano e criativo, tal como as inevitáveis negociações com os poderes superiores para que a fantasia da mente se torne tangível, afinal que precisa financiar para que os sonhos ganhem formas reais. Com isso, a narrativa alterna indefinidamente entre sequências reais e aquelas que só existem na cabeça do protagonista, é quase como se ele sofresse de Alzheimer e ficasse parte do tempo alucinando. Miyazaki pinta a trajetória de Horikoshi com cores diversas e tons poéticos, insinuando que a criatividade dele fora pervertida para fins de interesses bélicos. Trata-se, claro, de uma narrativa romântica e idealizada, mas que possui muito de lucidez e verdade.
Kaze Tachinu é quase um poema.
O vento que agita é eminentemente ancorado na realidade, mas está sempre a brincar com a fronteira entre sonho e real, se misturando entre dois mundos. Algumas sequências te levam a se questionar se está acontecendo de fato no mundo real ou se é mera reprodução da mente imaginativa de Horikoshi. A narrativa não se preocupa em deixar todas essas questões claras, é você que deve se deixar levar e procurar a sua própria compreensão. Esta indefinição orquestrada por Miyazaki ao longo do seu filme parece alcançar seu auge no sentido de que, o que é experimentado em um sonho não é menos tangível do que aquilo que é na realidade. Que para um artista, antes mesmo de ganhar a materialidade física, sua criação deve se tornar pungente na própria mente.
Na cena que abre Kaze Tachinu, Horikoshi ainda é uma criança e tem sonhos em que voa do telhado da sua casa num pequeno aeroplano branco, leve, como se fosse de papel ou feito de sonhos – vemos então pela primeira vez em como ele é um ser sensível e admirador do belo ao contrariar seus pais e subir no telhado para apreciar o brilho das estrelas [e que belo momento quando sua irmã, extremamente apegada e amorosa, se junta a ele e a câmera se move]. Esta sequência inicial de Horikoshi planando num aeroplano em seus sonhos se une às máquinas voadoras que vemos em Nausicaa, Laputa, e principalmente Porco Rosso, onde o enorme fascínio de Miyazaki por aviões de combate é demonstrado. Seu pai fez parte da indústria aeronáutica, Miyazaki é conhecido por seu amor a aviões e máquinas diversas, e apesar de ser reconhecidamente pacifista, não diminui o fato de que seu fascínio por Zero, o avião dos sonhos projetado por Horikoshi, esteja intimamente relacionada com a propagada belicista desse mesmo avião como símbolo do Japão.
Em entrevista ao jornal Asahi Shimbum, Miyazaki comenta sobre ter “sentimentos muito complexos” em relação à Segunda Guerra Mundial, já que, como um pacifista que é, não pode deixar de criticar o Japão militarista por ter agido com uma “arrogância tola” que sacrificou milhares de vidas, porém, para ele o avião Zero “representava uma das poucas coisas que nós japoneses poderíamos ter orgulho. [Zero] tinha uma presença verdadeiramente formidável...”.
É nítido o seu fascínio pela beleza e soberania do Zero, mas pode se pensar na maravilha de um mecanismo de canhão Krupp sem imaginar que o seu propósito é ser disparado? Ou ficar fascinado com o mecanismo que envolve o urânio da Little Boy e a flor que forma no céu sem ter este fascínio contrastado pelo inferno em terra que é capaz de causar? É claro que é possível, é da natureza humana admirar o belo, ainda que este lhe gere emoções dissonante. Embora o próprio Miyazaki sinta sentimentos complexos em relação a este conflito, ele nunca é abordado explicitamente senão de modo implícito. Seguir o caminho composto por destrinchar a belicidade e o imperialismo juntamente do ambíguo papel de Horikoshi nesta equação tornaria Kaze Tachinu um filme tão denso quanto Hotaru no Haka (o nosso fantástico “Túmulo dos Vaga-Lumes”), embora duvide que tivesse o mesmo impacto emocional.
Não que Kaze no Tachinu não seja denso, ele é, mas não no sentido de ser carregadamente dramático e politicamente arraigado nas questões sociais, característica que torna Hotaru no Haka uma experiência emocionalmente tão desgastante e devastadora. Kaze no Tachinu é sério, maduro, adulto, mas seu espirito é leve, onde mesmo no final a morte não é encarada de modo definitivo e devastador, muito pelo contrário, ela vem como uma brisa e se materializa em um mundo onírico, com palavras de despedidas repletas de significados que têm mais forças se sentidas, não explicadas: sobreviva!, indo de encontro ao desfecho real do relacionamento de Hori Tatsuo e Yano Tatsuo, em que ela realmente a diz que ele deve sobrevier. Ainda que historicamente, o contexto de “sobreviva!” seja relacionado ao momento difícil que o país vivia em relação a politica, pobreza e doença, no filme este contexto é vago e dá margem para que o próprio espectador sinta aquilo que lhe assoprar ao coração.
Seria, obviamente, outro filme se seguisse por um caminho que não o da poesia e da reverberação do talento inato contido no interior de um homem, que segundo o italiano Giovanni Caproni só ressoa com intensidade por um determinado período de tempo, no qual ele deve decidir se entregar ou não – o preço a ser cobrado por uma carreira brilhante é o humano que permeia as relações pessoais, e que terá coroado seu trabalho. Definitivamente, na vida de todo aquele que lida com as artes, há o momento de elevação de puro esplendor e brilho intenso difícil de ser alcançado novamente. Miyazaki teve o seu, e não por acaso alguns defendem que alguns dos seus filmes antigos são revestidos de uma “magia” que não se encontra nos demais – o próprio Miyazaki, diz que houve uma época que ele podia se entregar com tudo a uma produção e se ater a todos os detalhes que lhe exigiram pericia em um curto espaço de tempo, mas que este tempo já passara.
É compreensível, portanto, que ele cerre seu protagonista num mundo próprio, quase autista, onde ele só enxergua seus sonhos – e é a fim de que possamos compreendê-lo, que temos acesso ao seu universo interno de sonhos povoado por idealizações e personificações de pessoas que lhe são importantes. Sua narrativa nunca se atreve a cruzar a linha, antes disso é interrompida por cenas fantásticas dignas do “realismo fantástico”. As questões mais sérias são debatidas de modo unilateral e implícitas nas entrelinhas, como quando o protagonista manda tirar as armas dos aviões para que eles pudessem ficar mais leves ou quando ele proclama resignadamente do que importa o quão belo sejam se em breve estarão reduzidos a sucatas no chão. Em uma conversa entre Horikoshi e Gianni Caproni – seu ídolo de infância e a quem recorre através dos sonhos – há um debate sobre a existência das pirâmides como símbolos de uma complexa equação entre a herança histórica de um determinado tipo de beleza e o preço humano horroroso ao qual está associado. Desconsiderando a desarticulada ideia de que as pirâmides egípcias tenham sido construídas por mão de obra escrava, fato que não é totalmente exato, essa conversa parece buscar de modo elegante e talvez inconsciente demonstrar que pode haver beleza em algo que custou o sangue de muitas pessoas inocentes, afinal, as armas não disparam sozinhas e nem por isso deixam de estar associadas à morte e nem por isso se tornam menos dignas de admiração por seu design.
Claro que o fato de o Japão ter perdido a Guerra e o custo humano e econômico implicado na promoção da mesma tornam todo este assunto dentro do Japão um enorme tabu, caso tivesse ganhado, certamente a perspectiva seria outra bem diferente.
Miyazaki por outro lado tem o espirito de um artista, e como tal ele tem a sabedoria de não se prender a estas limitações. As cenas fantásticas que rompem as trincheiras da realidade – como quando Horikoshi se defronta com os projetos e é tragado por um mundo à parte, com tudo em volta diminuindo em importância, e quando ele é chamado por seu chefe de volta a terra, uma rajada de ventos corta o espaço-tempo em uma sequência animada magnifica – são tão incríveis e poderosas quanto as que se mantêm intrínsecas a realidade: se por um lado a faceta do imperialismo japonês – um regime particularmente belicoso, facínora, racista e violento para com todos os povos colonizados – surge apenas como uma vaga sombra, por outro a imensa pobreza do qual se originou a revolta por estarem gastando com patrocínio da guerra ao invés de dar assistência ao social desponta triunfante nos barracões humildes, e os desastres naturais surgem representados no grande terremoto de Kanto, em uma sequencia animada incrível de devastação – a sequência de terremoto com o fogo se alastrando é a mais fantástica e lindamente desenhada; planejada e dirigida sequência do tipo que meus olhos já viram em uma animação (e novamente faz um coro ao clássico do Ghibli Hotari no Haka). O tremor e a destruição causada por ele é uma coisa realmente fabulosa, sou feliz por estar viva e ver algo assim animado.
Outra cena digna de nota por seu preciosismo e, embora tomada por grande simplicidade, demonstra domínio criativo e técnica digna de grandes sequências animadas da Disney é a cena de uma perseguição que se mantém de em um plano aberto, no qual não podemos ver seu desfecho, mas vemos as sombras replicadas pelo esparsa claridade na parede escura, extremamente belo e tocante, remetendo aos tempos aurios das animações da Disney (já vi aqueles movimentos refletidos por sombras em desenhos do Mickey, entre outros).
São vários momentos de criatividade e intensidade visual, sobretudo os de destruição e fantasia (terremoto, incêndio, aviões desfazendo-se, nuvens se desfragmentado no ar), são cenas terríveis na escala humana, mas deslumbrantes artisticamente. É como se Miyazaki apontasse o dedo para o nosso peito e dissesse, “se você me critica por admirar um avião de guerra, então também deve se sentir culpado toda vez que se sentir deslumbrado com algo assim representado na ficção”. Outro aspecto visual de primazia é a representação das fumaças dos cigarros (a cena em que Horikoshi fuma dentro do quarto com a sua mulher, tuberculosa, deitada, pode parecer cruel, mas é simplesmente autêntica e em conformidade com as noções e comportamentos históricos, além do peso dramático que tal cena representa, onde ele mesmo diante da inevitável deterioração da vida da amada continua com uma mão no seu projeto de vida e a outra segurando a mão dela), que se desfazem no ar com a mesma fragilidade dos sonhos. E há os momentos de belíssimos melodramas, ao lado do amor de sua vida, se sobressaindo também como uma trágica história de amor.
No entanto, Kaze Tachi não é um filme de fácil digestão, é tão denso e repleto de significados e misticismos que uma simples analise não pode cobrir – e com duas horas, tem um ritmo bem mais lento que o usual na filmografia de Miyazaki. É um daqueles filmes compensadores, que ao final, não se desmaterializa da sua mente, permanecendo ali, exigindo maior atenção e dedicação que a média, para então lhe fornecer a recompensa. Embora a fronteira entre fantasia e realidade seja rompida – pratica comum na maior parte dos seus filmes – em Kaze Tachinu o componente animista é deixado para focar o humano, sem dúvida, o cerne da questão, portanto o vento parece mágico e as máquinas de voo parecem ganhar vida própria, mas aqui não há espaço para que youkais, criaturas fantásticas, espíritos e portais para que universos mágicos coexistam. Para isso, a percepção do filme foi bem orgânica, com máquinas de asas de pássaro decoradas com efeitos sonoros que saem de bocas humanas, assim como boa parte dos efeitos sonoros, criado a partir do esforço manual, algo que ganha pleno significado nesta narrativa – nesse sentido, ser uma animação, torna tudo isso significativo, pois o processo de criação de muitos efeitos deve ser feito quase artesanalmente, conferindo todo aspecto humano em sua concepção e criação, refletindo a alma do filme.
As cópias das cópias são simulacros, que se deslocam sobre a superfície das imagens cinematográficas impalpáveis, mas o sopro das vidas verdadeiras [Miyazaki, Jiro Horikoshi, Tatsuo Hori, Yano Tatsuo e um Japão pouco explorado pela ficção] não é perdido devido à escrita que mantém, ainda que com um olhar romântico, os anseios humanos intactos, enquanto o vento se levanta e eles tentam sobreviver. Miyazaki sofreu ataque de todos os lados com este filme, mas é um filme que continuará muito vivo e marcante e discutido, fazendo um casamento temático perfeito com outro grande marco do cinema animado, Hotaru no Haka, se complementando um ao outro. É como se fosse uma resposta do velho Miya ao seu companheiro de estúdio, Isao Takahata.
Apesar da doença, a felicidade. Apesar da ameaça de morte, o amor. O amor é mais forte que a morte e julgamentos morais. No fim das contas, Kaze Tachinu vai despertar algo diferente em cada um, mas penso que tudo mais são apenas compostos, sua essência é muito mais simples, falando de amor em suas diferentes vertentes.
Nota: 09/10
Direção e roteiro: Hayao Miyazaki
Trilha Sonora: Joe Hisaishi
Diretor de arte: Youji Takeshige
Diretor de fotografia: Atsushi Okui
Estúdio: Ghibli
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