Ou...cavaleiros dançam em pleno ar.
Que episóooooooooooooooooodioooooooooooooooooooo, ufooooooooooooo!!!! Direção espetacular, talvez a melhor da série até aqui em termos de montagem e layout do cenário de ação. Tudo seguiu um ritmo muito dinâmico e ágil, com diálogos bem pontuados nos momentos adequados, sem interferir no ritmo das sequências de ação. Há uma evolução no storyboard da narrativa que é bastante gradual e propicia um melhor envolvimento com toda a atmosfera, começando com a estimulação da rivalidade natural de Rin com Caster, para em seguida cortar para o desfecho do envolvente duelo entre Archer e Lancer; uma vez que a animosidade entre ambos já vinha sendo alimentada desde antes no primeiro cour do anime, tornando desta luta um acerto de contas definitivo – neste aspecto, é interessante que Lancer só se dá por satisfeito quando percebe as reais intenções de Archer, que levanta os braços em rendição sem qualquer traço de orgulho ou mesmo covardia. Ao perceber que permaneceu leal à sua mestra mesmo que para isso tivesse que sacrificar sua honra como uma figura heróica.
Isso na cabeça dele, obviamente. Lancer valoriza a honra, mas acima de tudo, a fidelidade; o que emerge como um reflexo do seu próprio passado (e que também renderá situações interessantes ao final da série).
É claro que Archer pensou na Rin, e se importa com ela, mas acima de tudo, o arqueiro tem suas próprias convicções e demandas, e se manipulou para que a situação se tornasse favorável a favor da ex-mestra, é porque isto lhe seria muito mais interessante, como descobrimos ao final do episódio. Sem um contrato o prendendo à Rin, não há nada que o impeça de chegar aos finalmente com o seu maior inimigo. Portanto, ele percebe Caster como um meio ao invés de um fim (como seria se ele tivesse seguido ao lado de Rin, afinal, as chances de vitória ali também eram altas, estrategicamente falando o plano era perfeito: apesar de imatura, ela consegue surpreender Caster, a deixando numa situação desfavorável, e se não fosse por Shirou ser tão “fraco”, tudo teria dado certo).
Há uma máxima popular que diz que nosso maior inimigo somos nós mesmos, é aquilo que há dentro de nós... creio que isto sintetiza perfeitamente a situação que se cria entre eles.
Alguns efeitos, apesar de não estarem com sua melhor nitidez, ainda são bastante bonitos, já outros fica complemente embaçados e se tornam feios na versão tv |
Por fim, seguindo a linha de raciocínio inicial, há um corte providencial em meio ao duelo de Archer com Lancer após o clímax da luta, que nos leva ao interior da igreja, para depois retornar aos dois heróis em uma espécie de prólogo que dá a deixa para a catarse alucinante na estratégia da Rin. Entendemos então não só as razões de Archer, como o suspense criado pela montagem começa a dissipar a névoa. É bem interessante essa montagem narrativa que, depois de sofrer um corte, retorna novamente a uma cena anterior em um efeito de retração, mostrando as mesmas ações, porém sob um novo ângulo. Shigatsu no Uso fazia muito uso desta técnica, que tende a dar um efeito de conclusão enganoso, mas que se destaca pela atmosfera criada.
Em termos de animação, este é também um episódio exemplar em que conseguem manter um bom ritmo do inicio ao fim. Há ainda demasiados efeitos de fumaça que obscurece um pouco a cinemática, mas está bem equilibrado. Também há os efeitos digitais do ufotable, que tendem a perder a nitidez na transmissão de TV, e a iluminação que se torna desbotada sempre que estes efeitos emergem na tela – algo que não se notará nas versões BD –, mas o desenho dos movimentos corporais e das habilidades especiais dos personagens obtiveram um grande êxito, com boa fluídez. Fiquei revendo várias vezes os golpes trocados entre Archer e Lancer e são realmente empolgantes, e os da Rin pra cima de Caster são no mínimo divertidos.
hahaha essa expressão ficou engraçada, eu achei que fosse o Souichirou já em cima dela! |
Oh, yeah, terminei este episódio com o peito batendo intensamente. Meio que ansiava por ver como se daria a resistência de Archer e o abrir da sua flor Rho Aias, e aos meus olhos tudo soou bastante magnífico e “verossímil”, de acordo com as habilidades de cada um deles. Na verdade, quando li esta cena pela primeira vez, eu nem me lembrava mais do filme do estúdio Deen, e por isso assim como Lancer também fui surpreendida. Imagino que isto também tenha ocorrido para os marinheiros de primeira viagem, porque a principio ninguém dá nada para o coitado, um pobre desconhecido. Archer é uma figura heróica curiosa e vejo que a razão dele [e Shirou] incomodarem tanto a outro Archer [Gilgamesh], é exatamente essa capacidade dar vida a um amplo arsenal, o que faz com que se choquem com sua habilidade e criem em torno de si uma rivalidade natural. Obviamente, na visão do primeiro herói do mundo, estas são cópias baratas indignas, que lhe provocam asco.
Agora, em relação ao final de Caster e Souichirou, há notavelmente um tom romântico mais convencional, que me agradou bastante, em que ela conclui uma linha de pensamento que originalmente fica mais na sugestão, sendo completada pela narrativa em off. Por isso, aqui não temos as promessas vazias de Souichirou, afinal, ela disse claramente para ele que o sonho há havia se tornado realidade – por um lado é muito lindo, porém pelo outro se perde o impacto profundo do idealismo de Souichirou, que torna sua morte bem mais melancólica e suas ações algo que deixa um certo vazio dentro do peito. Mas não se pode ter tudo. Por isso, o caminho adotado se tornou convencional, de certo modo, e belo a sua maneira. A longa progressão de Caster encontra um desfecho adequadamente satisfatório e conclusivo – e só não se tornou mais emocional por falta de uma batida sonora com um poder maior de convencimento –, e quanto a Souichirou, deixa um vácuo que considero adequado ao personagem. Ou seja, assistindo á morte de Caster, há entendimento completo da personagem ao fim, mas o mesmo não ocorre em relação a Souichirou. Tudo que diz respeito a ele permanece numa esfera introspectivamente obscurecida, onde as certezas são relativas. É o desfecho ideal, dado à sua origem. O vazio de sentidos. Nem mesmo no ultimo, somos permitidos a enxergar nitidamente por detrás de sua máscara. Havia algo para se ver? O que ele sentia em relação à Caster? Ele encontrou uma razão pessoal ao fim ou fora tudo impessoal, como dissera? – uma mera questão protocolar?
Gosto de pensar que, embora talvez ele mesmo não percebesse, Caster representou para ele, ao fim, o reencontro com a humanidade há muito perdida. Uma resposta que pensava jamais obter. Era algo que, decerto ele nunca soube interpretar, por se tratar de algo intimo que nunca lhe fora permitido, ou seja, algo que ele só viria se envolver naquele momento. De certo tivera diversas outras possibilidades, inclusive oferecida pela família de Issei, mas há uma outra velha máxima que diz: água e óleo não se misturam. Em Caster, ele talvez pôde perceber uma amoralidade, entrelaçada por um calor humano e uma urgência, que despertou seu interesse. Com isso, temos uma mulher que até então só encontrara a traição, o desprezo e o julgamento, e um homem que enfim encontra um propósito muito pessoal e singelo, ainda que ingênuo e que contradiz seu senso matemático de realidade. Quer melhor evidência melhor de ebulição sob a casca de gelo do que tais ações paradoxais? Eu penso que o flashback com Caster na costa do mar, em que ele revela o que deseja alcançar, é o melhor desenho que traduz todas as emoções fisicamente imperceptíveis dele.
Pensando assim, é um final bonito. Ao contrário daquele de Kirei, onde a indagação e o vácuo existencial será sua eterna companhia – mas bem, se ele não foi capaz de entender o motivo de Kiritsugu enlouquecer no final de Zero, acho que para ele jamais existirá salvação. Talvez em outras linhas temporais.
Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Kazuharu Sato
Diretor do episodio: Ryuuhei Aoyagi
Storyboard: Nozomu Abe, Shinsuke Yasuda
Direção de Animação: Shunya Kikuchi , Mieko Ogata
Direção: Takahiro Miura
Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Kazuharu Sato
Diretor do episodio: Ryuuhei Aoyagi
Storyboard: Nozomu Abe, Shinsuke Yasuda
Direção de Animação: Shunya Kikuchi , Mieko Ogata
Direção: Takahiro Miura
-Acho bacana a representatividade que o estúdio ufotable tem dado para o mar em relação a personagens como a Saber (em Fate/Zero) e a Caster. Ambas possuem similaridades; são movidas por um forte desejo de reconstruir algo que já se quebrou, vivem atormentadas por este ideal, e enquanto permanecem distantes de alcançar o outro lado da margem, perseguem obstinadamente uma fantasia ilusória. O mar ressalta a fragilidade do ser humano ao mesmo tempo que também lhe confere aconchego e amparo, por representar a origem de todo ser humano. Interessante é que, apesar das evidentes similaridades, o contexto e a forma como cada uma olha o horizonte é de um modo diferente. Isto porque aqui, Caster goza de uma paz e uma castidade espiritual intangível. O que eu achei mais inusitado, é tudo isto ter sido a materialização dos pensamentos de Souichirou. Ou seja, aquilo que ele almejava para ela.
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