O começo de um circulo , que abrande diversos destinos.
Aaaah, aaaaahhhhh---imagine que, metaforicamente, o seu eu do passado se encontre com o seu eu do futuro. Já pensou nas várias possibilidades de tretas? Coisas como “suas decisões idiotas me tornaram uma pessoa amarga e chuuni na vida”, “graças às desilusões no amor e com as mulheres/homens, hoje eu sou uma pessoa fria vivendo em um mundo cinza e dark”. Ou pode rolar algo mais sério mesmo, tipo, quando amadurecemos e percebemos nossa imaturidade e tolice de outrora. Mas, não é tudo isto que torna possível o amadurecimento e a formação daquele outro eu? Apagando o que se passou, também não estaria matando aquele futuro e formando outro, bem diferente?
O engraçado de se pensar nisso em relação à obstinada missão de Archer em destruir com a vida do pequeno Shirou – oh, todo mundo já sacou o obvio, né? Ou será que....? ãnh? Ainda tem alguém boiando na identidade do arqueiro? Eu aposto que sim! –, ou seja; acabar com o que lhe originou, é que, mesmo que hipoteticamente ele o mate, sua existência continuará ad aeternum. E Archer tem consciência disto. No entanto... ele tem alguma esperança e não é capaz de tolerar o seu reflexo, sendo algo que para ele deve ser doloroso. Acima de tudo, creio que todo homem enquanto criatura que tem consciência de si própria e de tudo que lhe rodeia, precisa de um objetivo, de algo que chispe as faíscas dentro de si e lhe faça parecer pulsantemente vivo. Para aquele garoto, depois de morrer e renascer, quase que literalmente, das cinzas como Shirou Emiya, tudo o que lhe restou foi um gesto que, mesmo que não seja tão puro quanto sua mente pinta, preencheu o seu vazio.
O que é FSN que não um amontoado de personagens com ilusões e suas motivações tolas em relação ao Santo Graal? – o que, por conseqüência, torna o seu conceito algo um tanto genial, levando em consideração a grande ironia em sua formação e função. Infelizmente não chegaremos a ver este aspecto aqui, eu acho, pois é algo que reside na rota Fate da obra original, mas gosto muito do quão triste é retratada toda essa coisa de espíritos heróicos, e tudo o que há na composição de Archer solidifica isto. Inclusive, Archer e Saber têm conflitos bastante similares que formam um contraste interessante. De qualquer forma, acho que vou deixar pra discutir mais disto em outro episódio.
Então, por fim, eu penso que seja compreensível a mágoa de Archer e o desejo de apagar o seu passado, mas que o idealismo de Shirou também se faz necessário no mundo. O que acontece é que a extrema ingenuidade acaba sendo um empecilho nisto tudo. Se Shirou consegue compreender e aceitar uma verdade triste, mas simples e incorrigível, seus sonhos de um mundo em que as pessoas podem ser salvas não é tolice. A tolice reside em querer salvar a todos e acabar com a existência da guerra/conflitos entre os seres humanos criando uma realidade utópica, afinal, é algo que vai de encontro à própria natureza do ser. O interessante nisto tudo, pensando um pouco mais em relação ao final de UBW, é que com Rin ao lado de Shirou, ele não cometerá os mesmos erros da linha de tempo alternativa, que deu origem a Archer. Penso que foi a falta de crescimento e amadurecimento que proporcionou que este paradoxo ocorresse, mas talvez eles possam aprender alguma coisa nessa briguinha de irmãos.
Do episódio, eu gostei muito de algumas coisas e nem tanto de outras. Por exemplo, foi bem legal a forma encontrada para retratar os efeitos colaterais no Shirou, com aqueles zunidos. E nossa, eu quase chorei – fiquei realmente emocionada – na hora em que a Rin faz o contrato com a Saber (puta que pariu, ficou visualmente maravilhoso. Sei que alguns fãs do original reclamaram que não haviam faíscas de raios como no original, pff, mas pow, ficou absolutamente impactante a retratação do nível alto de poder da Saber como serva da Rin, e que sim, ela ali estava com todo o seu potencial, ao contrário do contrato que fez com Shirou, devido à suas limitações como mestre/mago. E todos aqueles ângulos diferentes e mudanças de perspectivas. Efeitos digitais bem empregados em um belo desenho de storyboard), e quando Archer começa a recitar seu poeminha maldito, com você podendo notar por alguns segundos algumas notas de EMIYA no arranjo da theme song de batalha, ai eu já estava AAAAHHHHH FEEEEEEEEEEEEEEEELSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS;-; mas durou pouco.
Do que me causou certo desgosto, foi perceber a reality marble, ou seja, o mundo das engrenagens, de uma forma bastante artificial. O background parecia emulado diretamente dos gráficos de algum jogo de ps2. Provavelmente a equipe de produção teve tempo de melhorar a aplicação dos seus famosos filtros e no BD isto deverá soar mais orgânico. Ou não. Mas realmente algumas coisas neste episódio parece inacabadas. Você ouve os efeitos sonoros ao fundo, sons de ventania forte, que chega zubinar, no entanto se vê muito pouco deste efeito refletindo na paisagem. No chão, não há poeira sendo arrastada nem nada que sugira sujeira, é tudo tão limpo e clean que se contrapõe à essência daquele mundo. Há também o infame Unlimited copy works que denuncia a falta de acabamento ao episódio, onde o arsenal que Archer lança contra Saber/Shirou se resume a uma única espada replicada por várias. Não há nem mesmo diferença em seus modelos, é tudo igual. Ainda há outros detalhes menores em termos de regrinhas de mundo, mas eu penso que são detalhes pequenos demais ao expectador médio, sendo algo mais como chatice de fã.
A despeito disto, foi um episódio muito bom e equilibrado, tanto da parte da ação (e com isso eu quero dizer não apenas da ação física, mas também de atmosfera e progressão) que dominou parcela significativa, como também do lindo monologo de Rin – foi agradável usarem o artifício do sonho como flashback, já que enquanto ela foi mestre de Archer, teve acesso ao seu mundo interior, motivo pela qual compreende antes de todos a sua real identidade. Pow, este episódio foi mesmo bãozão, passou tão rápido!
Avaliação: ★★★☆★
Staff do episódio:
Roteiro: Akira Hiyama, Kazuharu Sato
Diretor do episodio: Takuya Nonaka
Storyboard: Tatsuki Ichinose
Direção de Animação: Takayuki Mogi
Direção: Takahiro Miura
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