domingo, 10 de abril de 2011

Chaos;Head : "Esses olhos, de quem são eles?"


Numa semana em que se discute animes (pra ser mais exata, Fractale) com enorme potencial desperdiçado e Steins;Gate, que tem sido visto com um enorme potencial, discutir sobre seu predecessor: Chaos;Head. Este anime é baseado em uma Visual Novel (jogo para PC) lançada no ano de 2008 pela Nitroplus. O jogo se enquadra no estilo Demonbane, que é caracterizado por conter cenas sangrentas e violência gráfica (por exemplo, School Days é um Demonbane). Quem é intimo desse mundo das visuais novels e conhece a empresa Nitro Plus, sabe que os jogos produzidos por eles se focam em três coisas básicas:

Ficção Cientifica, Violência Exagerada, Terror e Psicológico.

Claro que são raras as adaptações que conseguem fazer frente ao original, e definitivamente Chaos Head não é uma dessas, mas ainda assim consegue transmitir toda a essência do original.



O cenário em que a história de Chaos Head acontece, é em Shibuya, onde está acontecendo uma série de casos bizarros e misteriosos de assassinatos e suicídios chamados de New Generation. Até então, alheio a tudo isso, Nishijou Takumi vive sua vida miserável e solitária, até que acessando um fórum na internet, um indivíduo chamado Shogun lhe envia a imagem de mais uma vítima dos estranhos eventos que andam acontecendo em Shibuya. Este é o ponto inicial da história e Takumi que já era uma pessoa completamente desiludida com a vida real e vivia recluso em seu mundinho, tendo delírios com uma personagem de eroge, ultrapassa os limites da paranóia, entrando num estado progressivo de insanidade.


Mas esse ainda não é o ponto, a coisa toda começa a ficar completamente maluca e confusa tanto aos olhos de Takumi quanto aos nossos, quando após mais uma partida de MMORPG em uma lan-house, ele está indo para casa e ouve sons de algo sendo pregado. Ao verificar do que se tratava, ele se depara com a imagem do estacamento que tinha visto na foto que lhe fora enviada, um corpo preso a parede por estacas e coberto de sangue. Ao lado do corpo, havia uma garotinha repleta de sangue e segurando as estacas, seria ela a autora dos estranhos acontecimentos? Takumi fica horrorizado e sai correndo do local e faz de tudo para tentar esquecer aquilo e se enclausurar novamente, longe de tudo e todos, mas acaba sendo envolvido por sua mente perturbada na estranha conspiração.


Desenvolvimento
Se inicialmente você acha incompreensível o universo de Higurashi no Naku Koro ni – e muitos realmente, por não conseguir entender e não ter a paciência de especular ou esperar pelas respostas, acabam abandonando a série antes mesmo da metade – que aborda uma trama psicológica extremamente confusa, Chaos Head consegue ir mais além ainda. Ironicamente, o problema e principal motivo das críticas ao anime, é justamente quando este se propõe a oferecer as respostas.

Tudo gira em volta de um estudante do ensino médio, este é Takumi, um garoto extremamente solitário que mesmo na escola, só tem a companhia de um amigo e todo o resto parece lhe ignorar. Ele está no fundo do poço e nem ao menos sabe o que é dignidade, Takumi é simplesmente o personagem mais patético, covarde e perdedor que eu já pude presenciar em um anime. Mas tudo isso não atrapalha em nada o desenvolvimento da série, pois ele é um personagem – e assim sendo, ele é muito bem construído e trabalhado - que acrescenta a narrativa da série. Ele é otaku (ele é viciado em animes, games e figures) e hikikomori que vive alucinando com uma personagem de eroge que se chama Seira. Ele vive com ela como se fosse uma esposa em um contêiner de apenas um cômodo no alto de um prédio. É o tipo de otaku que abomina o mundo 3D e vive a margem do 2D e até então a única garota que ele permite uma proximidade é sua irmã, Nanami Nishijo. Desde o momento que vemos Takumi conversando e pedindo conselhos – em varias ocasiões – para a personagem que idealizara, Seira, temos a certeza que ele sofre de esquizofrenia.


O que você vê é o que realmente está acontecendo? O que é real e o que é ilusão? Chaos Head caminha sobre os torturantes conflitos psicológicos de Takumi que começa a delirar cada vez mais desde que presenciou o corpo de uma pessoa morta barbaramente. A cada episódio, mais alucinações e uma gama de acontecimentos são jogadas na tela – assim como os diversos personagens que vão aparecendo – e fica impossível entender o que está acontecendo. Quando Takumi resolve ir para escola cumprir o calendário – e assim não ser reprovado – tudo parece estar diferente ao dia anterior e surge do nada uma garota que diz ser sua amiga desde sempre. Takumi fica em estado de choque pois esta garota é a mesma menina que supostamente tinha matado a pessoa que vira repleta de estacas pelo corpo, só que agora ela esta mais crescida. Takumi que está desesperado, afinal até o dia anterior ele não tinha nenhuma amiga e agora aparece uma garota e lhe mostra uma foto de ambos juntos em um dia de laser e o pior, essa garota é uma assassina! Estará ele delirando novamente?


Então quando tudo já parecia louco o suficiente, ainda aparece na trama outros personagens do nada, que nos deixa na duvida se existem realmente ou se são apenas frutos da cabeça de Takumi. Ele que nunca chamara a atenção de nenhuma garota começa a ser perseguido por Yua Kusunoki, que demonstra um interesse no rapaz, mas fica meio obvio que sua aproximação é motivada por algum interesse oculto. Em meio a todo caos, uma frase martela na mente de Takumi: "Esses olhos, de quem são eles?". Essa frase acaba virando hit na boca da população quando Ayase Kishimoto, uma famosa cantora underground a pronuncia encarando Takumi, que estava presente no meio da platéia.


A trama demora um pouco a tomar novos rumos e quando isso acontece, Chaos Head que era um intricado thriller de suspense psicológico policial - o clássico tipo de anime mindfuk, literalmente falando – se transforma num shounen sci-fi, mas sem abandonar os mistérios e perguntas que bombardearam em todo o anime.

Conclusão

Após mais da metade dos episódios, a trama ganha novos rumos e algumas respostas começam a aparecer e o que parecia ser uma trama altamente inteligente e bem elaborada, se mostra bem simples e o anime acaba perdendo um pouco do fôlego que demonstrara em mais da metade de sua exibição. Depois que você descobre tudo, por mais que seja tão simples o que impulsionou toda a cadeia de eventos, nota-se que mesmo não sendo uma trama Cult como se desenhava no inicio, ainda assim fora bem elaborada e desenvolvida. O problema é, que embora sua premissa tenha sido ambiciosa, os rumos tomados – em seu desfecho - não foram tão interessantes e o potencial latente que fora – tão bem - desenvolvida em toda a trama não se confirmou na hora do clímax e isto é gravíssimo, pois nesse tipo de anime psicológico, necessita de um desfecho tão grande como todo o suspense criado. Se Perfect Blue é considerado um grande filme de animação, muito se deve ao fato dele ter convencido o expectador quando colocou as cartas na mesa.


Acredito que, mesmo tendo um numero maior de episódios, a proposta para o clímax da trama ainda não convenceria. Os personagens são bons, mas só Takumi é bem desenvolvido, claro que por questões de tempo e por vermos tudo sobre a perspectiva deste personagem, realmente não há espaço desenvolvimentos dos personagens de apoio.


Ainda que tenha saído por um estúdio de peso como a MADHOUSE, Chaos Head tem uma animação muito sem vergonha, chegando perto de ser um flash ambulante. Mas há alguns momentos de inspiração – ou maior investimento – e a animação, cenários e personagens ficam bem consistentes. A trilha sonora é excelente, com destaque para a abertura ("F.D.D." por Kanako Ito) e o encerramento ("Super Special" por Seira Kagami). A OP e ED deste anime é um puta spoiler socado bem na sua cara, ainda que você se pergunte o que são todas aquelas garotas com espadas nas mãos e que nada lembra a trama desenhada no anime, uma hora ou outra tudo aquilo fará sentido.


Acho injusto condenar um anime inteirinho somente por 2 episódios finais e ainda que não tenha todo aquele teor filosófico que se imagina e uma resposta final que não agrada a todos, chãos Head continua sendo um ótimo thriller de suspense policial. Mesmo que o anime tenha trilhado caminhos comuns, contrastando com a perturbada trama, tudo faz sentido e fica bem explicadinho. Minha principal critica é mesmo as longas e chatas explicações na hora da ação que se formou nesses últimos episódios. Havia potencial para Chaos Head estar ao lado de grandes como Serial Experiments Lain ou até mesmo um que não é tão clássico e nem cult como Welcome to the NHk, mas que é sempre bem lembrado. Acabou sendo jogado na vala dos medianos com grande potencial – tal qual foi Fractale – mas que ainda assim considero e de fato é um bom anime. Então, aproveite toda a loucura e frisson que o anime lhe proporciona em quase todos os episódios e não espere algo grandioso quando chegar a hora das respostas, ta ai a receita para curtir Chaos;Head.


10 comentários :

Carlírio Neto disse...

Saudações

O que dizer de "Chaos; Head"? Aí está um anime que, como você bem frisou, encaixa-se tranqüilamente no mesmo bloco que títulos como "Fractale".

Contudo, este anime em questão julgo como sendo melhor do que "Fractale". Ele atiça muito a curiosidade, tendo como base os eventos caóticos que nele são exibidos.

Mais uma bela postagem.

Até mais!

Borbs disse...

Eu adoro esse tipo de postagem sua Roberta, por mim só teria postagens desse gênero, mas eu entendo que é preciso atender a todos os gostos. Arigatô pela dica.

Anônimo disse...

adoro esse desenho pra min
chaos head,code geass, e elfen lied
são os melhores animes

Rodrigo disse...

filé demais esse anime. Todos meus amigos torcem o nariz pra esse anime, eu gosto bastante, pra mim é um dos melhores do tipo psicologico.

Jones disse...

Carambolas, Chaos;Head sem duvidas é um anime muito bom e me fez perder um dia de domingo assistindo os epis diretaço. Só não gostei muito do final, mas em si o anime era envolvente e vc fica vidrado e louco para ver o proximo episódio. Por isso digo: Adoro animes com terror psicológico. Mas o melhor do seu post é que me fez ir atras de um anime q ainda não tinha visto o Demonbane. Por isso adoro seu blog sempre encontro alguma dica de anime que eu ainda não vi. Continue assim.
Bjocas

Anônimo disse...

Excelente anime que teve o potencial desperdiçado. Ao invés de voltarem a atenção para todos os eventos de New Genesis, focaram em duelos de espadinhas. A VN é muito melhor.

Sakura disse...

Excelente anime que teve o potencial desperdiçado. Ao invés de voltarem a atenção para todos os eventos de New Genesis, focaram em duelos de espadinhas. A VN é muito melhor.

Borbs disse...

Eu adoro esse tipo de postagem sua Roberta, por mim só teria postagens desse gênero, mas eu entendo que é preciso atender a todos os gostos. Arigatô pela dica.

Anônimo disse...

Eu achei que no geral foi bem ruim, os personagens eram horríveis, o principal não era nem um pouco atraente, diferente do que vemos em Welcome to the NHk, e acho legal a comparação porque o perfil creio ser o mesmo. Tudo o que se tem é uma boa idéia, que faz com que a trama seja até um certo ponto legal, desconsiderando muita coisa. O desenho não consegue ter um bom clima, os personagens tem uma reação muito tosca aos acontecimentos, que em algumas pates, principalmente no inicio, são realmente bons. Eu perdi o interesse quando chegou ao final e não consegui ver o ultimo capitulo, principalmente pelo fato do tal de Shogun revelar-se em mais um personagem mal feito assim como toda as alunas de espada que eram no minimo um lixo.
Péssimo anime, mas que de certa forma, tem elementos que poderiam ser levados a um futuro titulo (sem ligação) muito foda mesmo!

junior disse...

ate ma abertura e chata desse anime

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