sexta-feira, 1 de julho de 2011

[C] Control: E suas múltiplas possibilidades



[C] é uma abreviação para Control ( Controle) e tem um sugestivo subtítulo; The Money of Soul and Possibility (O dinheiro da Alma e Possibilidade) e esta seria a bandeira levantada durante todo o anime, com um conceito extremamente interessante, usando a economia como plano de fundo, mas sem abrir mão do publico jovem, abraçando os conceitos básicos do shounen para os momentos de ação que o anime se propôs ao oferecer através das lutas, que se tornaram uma ótima metáfora para o “mundo dos negócios”. O potencial era latente: um protagonista sólido e carismático, as batalhas como balança e fator decisivo para o sucesso financeiro e a introdução do dinheiro do Distrito Financeiro, na economia japonesa e tudo o que isso poderia desencadear.



Na trama, o governo Japonês acaba de recuperar de uma crise financeira, mas ao contrário da economia, a vida dos japoneses não melhorara em nada, com o desemprego, crimes e o desespero sendo constante na realidade dos pais de família. Kimimaro é um garoto órfão, que depois do desaparecimento do seu pai e morte da sua mãe, foi criado pela avó. Sua única ambição é levar uma vida estável, longe da pobreza. Ele nutre uma paixão – que ao que tudo indica parece ser platônica – por sua amiga, Hanabi, mas nunca possui grana para sair com ela e seus amigos para festas e atividades em conjunto. Para piorar a situação, a garota tem um namorado que parece ser o oposto de tudo que ele representa naquele momento. Enquanto se martiriza pelo fato de não ter grana o suficiente, um estranho homem, Masakaki, trajando roupas exóticas, uma cartola e um sorriso largo, aparece para ele como se fosse o diabo e lhe faz uma oferta tentadora; uma boa quantia em dinheiro em troca que este, lhe entregasse seu futuro como garantia. Ai então começa a promissora trama de [C], onde Kimimaro ao ser tentado por Masakaki, aceita sua dubia oferta e precisa agora se manter como um bom empreendedor no Distrito Financeiro, tendo que superar vários vários obstáculos .


[C] poderia vir a ser surpreendente se fosse produzido em torno de 22/26 episódios, onde haveria mais tempo para se explorar todo o potencial do enredo (e também tempo suficiente para encobrir muitas das críticas com uma boa trama), assim como seus personagens e todo o ambiente que os cerca. Dinheiro e a questão da moralidade que envolve este tema é uma linguagem universal (e já abordado por outras séries, de maneira bem mais competente. Como por exemplo, Liar Game), sendo fácil de relacionar e gerar rápida empatia. Embora, Kenji Nakamura – que já esteve envolvido com séries de sucessos como Serial Experiments Lain e Cowboy Bebop – em seu primeiro anime como diretor principal, não tenha conseguido usar todo o tempo – curto - do anime para enfocar nos fatos realmente importantes para o enredo. O que acabou comprometendo no ritmo do anime, que fora muito mal executado em diversos momentos, deixando varias pontas soltas e tramas paralelas a ver navios. Claro que, se o final tivesse sido mais competente, mesmo alternando entre bons e mais momentos, acredito que o publico que se manteve fiel até o ultimo episódio, teria ficado plenamente satisfeito com a série. [C] é sem dúvidas, um daqueles animes onde o final decepcionante é o principal fator de classificação negativa.


Mesmo diante das exacerbadas criticas quanto ao cenário que se mostrava extremamente artificial, com o CG saltando ao lho nu e dando um ar completamente artificial ao cenário – que sem dúvidas deve-se em grande parte baixo orçamento -, o foco sobre o misterioso Distrito Financeiro é um ponto positivo a se ressaltar, onde gerou uma boa discussão sobre o dinheiro proveniente do Banco Midas e seu impacto na economia japonesa, injetada através dos Entres (abreviação de Empreendedores). Regras, regulamentos, duelos... na verdade nada disso me causou fascínio, mas gerou muitas especulações, assim como comparações á “Pokemon”, Yugioh e até Kaiji, devido aos Assets (Ativos). Mas a comparação que eu acredito ser a melhor neste caso é com Persona -Trinity Soul, onde o conceito de “Personas” se equipara aos Assets. Em ambos os casos se faz uso de seres que lutam pelo seu ”dono“, com a diferença de que os Assets são tidos como a representação do futuro de seus Entres. Em ambos os casos, os objetivos são nobres e fogem do estilo "porrada", se concentrando no enredo e nos mistérios provenientes dele. 


O enfoque exagerado nas lutas entre os Entres e Assets tirou todo o tempo de tela sobre os personagens, o interessante lado psicológico que Kimimaro poderia ter sido melhor trabalhado, assim como a crise da economia que só foi ganhar foco na parte final. Kimimaro saiu da posição de protagonista á expectador passivo, fatos de sua vida foram jogados na tela e simplesmente esquecidos depois, assim como a polêmica envolvendo ele e sua Asset, Mashu, que ganhou ares de incesto, mas que com a resolução extremamente confusa, abriu várias possibilidades de discussão. Será que alguém ai se recorda de Fractale e seu grande potencial, as várias sub-tramas iniciadas e deixadas á esmo? Alias, curiosamente Fractale também insinuou sobre o passado de Clain e seu pai, mas isso logo fora esquecido, assim como tudo que envolve o passado de Kimimaro e seu pai, que sem dúvidas teriam – ou tem – um papel fundamental para se entender completamente o destino dos personagens.


Noboru Takagi que é um roteirista com um currículo de fazer inveja, possuindo séries como Durarara!, Baccano!, Jigoku Shoujo, Koi Kaze e Texhnolyze, mas também não conseguiu se sobressair com a confusa direção de Kenji Nakamura. Foram despejados vários elementos e idéias más desenvolvidas na narrativa, que ao fim do anime poderia se juntar tudo e jogar no lixo, ficando somente com o foco central e não faria a menor falta. E o problema está longe de ser pelo fato de não terem dado as respostas de forma obvia, mas sim por serem acontecimentos que pareciam ter sido jogados ali. Assim sendo, o conceito interessante sobre o futuro das pessoas que se envolviam e eram envolvidos com o dinheiro do banco Midas, o passado de Kimimaro, o impacto econômico do Distrito Financeiro sobre o PIB, os Assets e todas as idéias realmente interessantes e que daria pra construir um enredo consistente em cima, mas que fora desperdiçada. A impressão que fica é que se perderam completamente, culminando em um final confuso e pouco elucidado. Conseqüência obvia da falta de uma execução contínua.


[C] possui umas idéias interessantes e que desenvolvidas de forma coerente, poderiam ser contadas perfeitamente em 11 episódios e deixar aquele gostinho de quero mais e muito o que se discutir (nesses casos, a vontade de buscar respostas seria enorme). Não dá pra dizer que foi uma perda de tempo total, [C] foi uma série irregular, mas que tem episódios acima da média e oferece um bom entretenimento, mas não espere nada á mais. Além de uma OST agradável, a abertura é altamente viciante com a música "Matoryoshika", da banda de J-Rock NICO Touches the Walls e o encerramento com "RPG" da banda de Post-rock idealizada por Yumi Uchimura, School Food Punishment. Também se destaca bastante o belíssimo traço de Kenji Nakamura, que não empolgou na direção, mas foi novamente competente na composição de personagens. E sim, espero não ver nenhuma série querida nas mãos da  Tatsunoko Productions.


7 comentários :

Rah disse...

Gostei da comparação com Persona, e realmente, o final decepcionante foi um dos principais fatores para muitos acharem [C] o pior anime do ano, ou o mais decepcionante. Kenji Nakamura é um gênio, como visto em Mononoke e Ayakashi - Japanese Classic Terror, mas em [C], senti como se ele não tivesse conseguido mostrar seu grande potencial, algo triste. E baixa ao Tatsunoko Productions! XD

junior disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
japao entrar en crise economica e bem dificil,mas parece ter uma que interresante espero que nao seja mais um anime que transformar seus personagens masculinos e femininos em namorados ou namoradas dos sonhos de todo otaku como Raito de death note ou a saeko de HOTD por algumas coisas que eu li ai.
ps;agora que deadman wonderland vai acabar o que vai substituir ele?
pss: eu mandei o link de mermeid forest/scars nos bate papo

reim_qq disse...

o começo de C. me animou bastante, mas me desanimou de assistir lá pelos epis 7~8. pelo que eu to vendo as pessoas comentarem sobre o final, fiz bem em dropar, mesmo com certa relutância >__>

douglas sb disse...

a traducão do titulo é algo como
"o dinheiro da alma possibilita o controle"
ou
"o dinheiro possibilita o controle da alma"
nome bizarro

Lamb-Desu disse...

Minha reação quando o episódio de C começou: WTF?

E foi continuando e eu ainda tendo esperanças de que melhorasse e que me surpreendesse. Ledo engano. Puta merda viu, episódio fraco pra cacete! E eu que tinha me preparado pra ver algo realmente épico. Sou realmente ingênua. Kenji Nakamura dessa vez saiu devendo e muito, mas ele ainda tem créditos [muitos].

O Mundo escuro de Morringhan disse...

Eu gostei do anime, mesmo ele tendo perdido a oportunidade de ter sido BEM melhor a ponto de ter sido o mais incrível da temporada...A idéia geral é complexa e interessante, só me decepcionei mesmo a valer nos último episódios e principalmente no último sem Mayshuu e o Distrito financeiro continuando a existir.
Do ponto de vista econômico foi um show!Eu não vi muita economia em minha faculdade mas percebi vários elementos interessantes kkk

"Open deal" ----> adoroooo

Bem, enfim, não considero o anime um enorme fracasso mesmo não tendo todo seu potencial explorado (passou bem longe aliás)...Comecei a assistir por causa do Noboru Takagi que proporcionou projetos tão incríveis que mesmo tropeçando nesse projeto vou acompanhar todos os seus futuros trabalhos =)

Fábio[portuga] disse...

C começou muito bem... deu uma caida, começou a melhorar no final e terminou de forma decepcionante pelo que poderia ser mostrado.

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