domingo, 11 de dezembro de 2011

Corpse Party: Blood Covered ~ Terror na Escola



Corpse Party originalmente foi um doujin, desenvolvido no softwere RPG  Maker,  daquelas  boas  e  já velhas histórias que envolvem espíritos, quebra-cabeça e aquele boom do  terror  psicológico.  Aqui,  a  reminiscência sobre   Higurashi   no   Naku  Koro  ni,  é   completamente    válida    e   inclusive,    foi  o   que   eu  senti   ao   ter  o  primeiro contato direto com a série, assistindo a abertura (logo abaixo). O que diferencia ambas as séries, certamente é o fato de Higurashi ser antes de qualquer coisa, um suspense psicológico, já Corpsy Paty representa bem sua etiqueta de “horror adventure (Horror , Aventura)

Opening totalmente no tom, do que se espera em algo do gênero - Corpse Party Blood Covered: ...Repeated Fear


Corpse Party: Blood Covered: Brincando com espíritos

A história acompanha um grupo de estudantes do “Kisaragi Academy” – Caso se tratasse de uma nota de jornal, essa seria a sinopse básica. Mas como se trata de algo resenhado por uma blogueira que adora comentar sobre as coisas estranhas que lê e assiste, vamos dar um pouco mais de profundidade. Nessa história, o elemento central da trama, é a própria escola, algo como tripulantes perdidos em uma ilha completamente deserta e assustadora, e a ilha é a – conceitualmente – protagonista. A Kisaragi Acadey, o local aonde estuda o grupo de amigos que iremos acompanhar inicialmente, foi construída no mesmo local de uma antiga escola; “Tenshin Elementary School”, que foi demolida depois que vários incidentes misteriosos se sucederam, como desaparecimentos e assassinatos de vários de seus funcionários e alunos. 


Ayumi Shinozaki é a personagem que me representa em Corpse Party, é aquela que adora contar histórias assustadoras para seus colegas e aterrorizar total, mesmo que no fundo ela também seja uma grande medrosa. É bem retratado no inicio da história, um clima de amizade envolvendo a todos, que é bem bacana. Mas, graças às provocações de Ayumi e o desespero de seus colegas, a classe 2-9 foi escalada para a limpeza após o fim das aulas. Obviamente, com a escola quase que totalmente deserta Ayumi não perderia a oportunidade de convocar a todos para mais uma sessão com histórias dos “Espíritos Zombeteiros” – Como fã do Chaves, não poderia deixar passar essa oportunidade (:P), muito embora os espíritos que ainda não encontraram paz em Corpse Party, são muito mais amedrontadores.... 

Algo bem interessante e que logo adiante, se mostrará conveniente à história, é a forma como autor encontrou de reforçar o laço de amizade entre eles no nosso subconsciente. São poucas páginas de introdução e a história precisa começar já com todo o seu vigor. Se os personagens já são amigos, é imprescindível que percebamos isso sutilmente, por suas atitudes ou pequenas mensagens subliminares. Como por exemplo, um deles, Mayu Suzumuto, logo estará se mudando para longe dos demais, então eles resolvem se utilizar (obviamente, só poderia ter partido da hiperativa, Ayumi) do "Shiawase no Sachiko (Sachiko of Happiness/Sachiko da Felicidade)", um amuleto da sorte/maldição que faz parte do folclore japonês, que trás a lenda de que, se um grupo de amigos rasgarem ao mesmo tempo um pedaço da “boneca” de papel, eles nunca irão se separar, e mesmo distantes, estarão sempre juntos.



Isso ai é praticamente um prenuncio para tudo que viria a seguir a partir de então, onde se repete todos os clichês básicos da indústria, com a luz apagando do nada e uma tempestade ou trovão cortando com fúria o som ambiente e deixando a todos do recinto, apreensivos. Só que o que acontece a seguir, é ainda mais curioso e insinuante. Um terremoto acontece, o chão se abre em meio à escuridão, com os personagens caindo em um lugar que se parecia exatamente com a escola deles, mas quando olham ao redor, veem que tudo ali está em ruinas e pior, cadê os outros da turma? O que se vê é que haviam desaparecido misteriosamente. Eles não sabem, mas se encontram presos em uma realidade alternativa, especificamente na “Tenshin Elementary School”, onde os alunos e funcionários assassinados continuam a vagar, mesmo depois de mortos, por não terem encontrado a “saída”. Agora, separados por grupos, terão que encontrar uma maneira de saírem dali.

Um pouco mais sobre Blood Covered

Corpse Party: Blood Covered é a adaptação em mangá da – agora – franquia de games, Corpse Party. Transpor uma franquia que obteve um relativo êxito no universo dos consoles e computadores, para um anime ou mangá, nem sempre é garantia de sucesso. Principalmente quando a mídia escolhida é o mangá, que em termos, tem menos visibilidade que uma produção animada. A série When They Cry (Higurashi e Umineko), da 07th Expansion, é um bom exemplo de rara exceção que alcançou sucesso no universo da banda desenhada – Higurashi, inclusive está sempre figurando em ótimas posições nos rankings de vendas nos EUA. 

Já Corpse Party: Blood Covered tem uma adaptação em mangá, ainda inexpressiva, se comparada à série original. Claro que pesa bastante o fato desta, ainda não ter recebido uma versão em anime (o que provavelmente não deve demorar tanto assim a acontecer). Mas a adaptação de Makoto Kedoin (história) e Toshimi Shinomiya (arte) demonstra competência.

 Até o momento, no que tange ao mangá, temos dois cenários abrangendo os 07 volumes atuais da série: A divisão de grupos entre os personagens, com um arco focado em cima de cada grupo. A história se desenvolve em cima da ideia de que, eles terão que achar um meio de se encontrarem e saírem daquele local. E é ai que mora toda a graça da trama, pois o ambiente daquele lugar, além de assustadoramente perturbador, é enorme e com infinitas possibilidades. O lado sobrenatural não causa o impacto que deveria, porém, além de não comprometer e entreter muito bem, o destaque fica para o excelente trabalho em cima do psicológico dos personagens. Nesse ponto aqui, dá a impressão de se estar jogando um Survival Horror, como Sillent Hill, Resident Evil em sua fase mais clássica (nossa, eu dava muitos gritinhos desesperados quando jogava), pra quem tem “tic nervoso” é bom pensar duas vezes antes de ler, pois consegue ser desesperador em algumas partes. A parte mais divertida, sem dúvidas alguma, é quando os personagens “surtam” e enlouquecem, a impressão que se tem é que estamos em um revival dos melhores momentos de Higurashi ou Umineko, com direto àquela “babinha” no cantinho dos lábios.


Só pra não ficar no lugar comum, citando Higurashi a cada estrofe, Doubt [Doubt - Rabbit Doubt – resenhado aqui], é uma das séries que melhor consegue unir o mistério, suspense enlouquecedor, charadas, humor moderado e um toque delicioso de horror. Blood Covered consegue repetir isso e ser mais competente nas questões que envolvem solucionar o mistério da “Tenshin Elementary School”, para que se encontre a porta de saída. Algo que é bem complicado, considerado o que cada personagem encontra pela frente. Só pra se ter uma ideia, do quão sádico e assustador, é quando, já nos primeiros capítulos, uma das personagens não resiste a pressão psicológica e aparentemente, acaba sendo induzida ao suicídio, por um espirito daquele local. Em um tom meio trágico, devido a um importante fator, todo o background que envolve esse acontecimento, acaba sendo um pouco mais obscuro. Mas o clímax total é quando sua amiga tenta retira-la das cordas, por notar que ela ainda estava viva. O ato de tentar salvar a amiga e o da garota na corda se contorcendo para respirar é desesperador. Aliás, Blood Covered merece com todos os méritos, receber a etiqueta de “mangá trágico” – E sinceramente? Eu não ficaria tão envolvida, se não houvesse tanto drama em um clima que, se não é tão doentio, tem uma atmosfera capaz de arrepiar todos os pelinhos do corpo. 

A franquia

Corpse Party é uma Visual Novel, com forte influência no Survival Horror, que nasceu originalmente como um doujin game, desenvolvido com base no RPG Maker (lembro-me que, alguns fãs estavam produzindo um game de HOTD com esse software, mas nunca mais ouvi falar sobre o assunto), lançado em 1996. Logo depois, em 2008, veio o remake, Corpse Party: Blood Covered, lançado para computador. Logo em seguida, veio Corpse Party: Blood Covered Repeated Fear, que foi lançado para o PlayStation Portable, em 2010, nos EUA, pela X-SEED, o que pegou a todos de surpresa. Com o sucesso da empreitada, na sequência, veio Partido Corpse: Book of Shadows, também para PSP. Desenvolvido pela Equipe GrisGris, a franquia realmente decolou depois da união com a produtora 5pb. (Steins;Gate/Chaos;Head), que não só investiu no produto, como o tornou visível, comercialmente. 

Curiosamente, na versão original não há uma divisão de grupos de estudantes dentro da “Tenshin Elementary School”. De qualquer forma, por se apresentar em um mix de estrutura gráfica de 16 bits e 2D, o que acaba deixando a experiência de horror, completamente dependente do roteiro e efeitos sonoros, acabou me afastando da versão game, apesar das excelentes críticas quanto a cenário, background e BGM’s. Mas confesso que me sinto bem tentada a jogar caso o papai Noel me dê um PSP de presente neste natal.


Nesse ponto, o mangá acaba se destacando, ainda que a arte deixe a desejar em Blood Covered, principalmente pelo fato de ter um toque de ecchi bem apurado, esse detalhe negativo acaba se destacando, tal qual em Higanbana no Saku Yoru ni. Além de Corpse Party: Blood Covered, pela Square Enix, há ainda mais três adaptações;

Corpse Party: Book Of Shadows – Adaptação do game pra PSP, da editora Media Factory, que também tem a história desenvolvida por Makoto Kedoin, mas a arte dessa vez, Mika Orii, que felizmente, não deixa a desejar e trás os personagens em um bom e agradável character designer. Não há muito que se comentar sobre este, li apenas um capítulo do mangá e alguns vídeos do game. Mas pelo pouco que vi e além do character designer ser mais bonito, com as personagens (ambos os sexos) com curvas e boa aparência, o clima é ainda mais pesado, ao menos no mangá, passando uma ideia de insanidade total. Tenho grandes expectativas com essa história alternativa, que aparentemente acontece após os eventos da história original. Houve um forte investimento no lançamento da game, com alguns trailers excelentes, assim como a ótima abertura, em um tom totalmente macabro (confiram acima), que faz bem o papel de tentar enganar o expectador, apresentando personagens bonitinhas e super kawaiis, mas que na verdade, não passam de psicopatas perturbadas emocionalmente. Pelo que eu pude apreciar pelo Youtube, não deixou em nada a desejar e ao contrario da versão anterior, que contêm 05 partes, essa vêm com  07 episódios (talvez, eu até pegue essa sequência para jogar), cada qual com seu personagem preferido. É a Sachiko Ghoulish e sua sede insaciável por sangue, a procura de mais vítimas.

Corpse Party: Another Child – Novamente a história fica a cargo de Makoto Kedoin, com arte de Ogata Shunsuke, e lançado pela Mag Garden. Trás a mesma história, mas com personagens diferentes e em um ambiente completamente distinto do apresentado no original. A história aqui envolve paixões não correspondidas e um conflituoso relacionamento de um grupo de amigos que estão naquele momento onde cada uma tem que escolher uma direção na vida, deixando para trás as boas lembranças. Mas aqui, novamente a terra se abre, engolido a todos para uma nova dimensão. Ou seria o inferno? É a adaptação mais fraca, mas trás um novo frescor.

Corpse Party: Musume – Com Makoto Kedoin na história e novamente Orie Mika com a arte, trás mais uma versão da trama original, mas dessa vez, eles voltam para uma escola do ano de 1927 e o mote é, sobreviverem até encontrarem uma saída para aquele horror. Contém também os personagens do original, além de novos inseridos no contexto. Também há um enfoque maior no ecchi. 

Comentários Gerais

Com uma atmosfera fantástica e um tom bem provocante para a imaginação, Corpse Party: Blood Covered além de impressionar, trás reviravoltas bem interessantes, onde cada morte às vezes, são inesperadas. É repleto de violência gráfica e se foca bastante no sobrenatural. Tão melancólico, como assustador, a sensação de suspense inquietante é uma dos bons destaques. É uma boa dica para aqueles que procuram por um pouco de tensão em uma história com enredo, personagens e atmosfera juvenil, nada muito maduro, mas forte o suficiente para quem tem ainda aquele espirito adolescente dentro de si e não dispensa esse tipo de série. Uma adaptação em anime, não seria nada mal, o que acham? O game tem cenários assustadoramente bonitos e não há game over, BGM de arrepiar e elementos surpresa, que eu detesto e odeio ao mesmo tempo. Beem, beem, beeem, fica a dica do game também. 

Ano: 2008
Gênero: Drama, Horror, Sobrenatural, Tragédia
Demografico: Shounen
Autor: Makoto Kedoin
Serialização: Gangan Joker/Gangan Powered
Editora: Square Enix
Onde encontrar: Aqui