Corpse Party originalmente foi um doujin, desenvolvido no
softwere RPG Maker, daquelas boas e já velhas histórias que envolvem espíritos,
quebra-cabeça e aquele boom do terror psicológico. Aqui, a reminiscência sobre Higurashi no Naku Koro ni, é completamente válida e inclusive, foi o que eu senti ao ter o primeiro contato direto com a série, assistindo a abertura (logo abaixo). O que diferencia ambas
as séries, certamente é o fato de Higurashi ser antes de qualquer coisa, um
suspense psicológico, já Corpsy Paty representa bem sua etiqueta de “horror
adventure (Horror , Aventura).
Opening totalmente no tom, do que se espera em algo do gênero - Corpse Party Blood Covered: ...Repeated Fear
Corpse Party: Blood Covered: Brincando com espíritos
A história acompanha um grupo de
estudantes do “Kisaragi Academy” – Caso se tratasse de uma nota de jornal, essa
seria a sinopse básica. Mas como se trata de algo resenhado por uma blogueira
que adora comentar sobre as coisas estranhas que lê e assiste, vamos dar um
pouco mais de profundidade. Nessa história, o elemento central da trama, é a
própria escola, algo como tripulantes perdidos em uma ilha completamente
deserta e assustadora, e a ilha é a – conceitualmente – protagonista. A
Kisaragi Acadey, o local aonde estuda o grupo de amigos que iremos acompanhar
inicialmente, foi construída no mesmo local de uma antiga escola; “Tenshin
Elementary School”, que foi demolida depois que vários incidentes misteriosos
se sucederam, como desaparecimentos e assassinatos de vários de seus
funcionários e alunos.
Ayumi Shinozaki é a personagem
que me representa em Corpse Party, é aquela que adora contar histórias
assustadoras para seus colegas e aterrorizar total, mesmo que no fundo ela
também seja uma grande medrosa. É bem retratado no inicio da história, um clima
de amizade envolvendo a todos, que é bem bacana. Mas, graças às provocações de Ayumi
e o desespero de seus colegas, a classe 2-9 foi escalada para a limpeza após o
fim das aulas. Obviamente, com a escola quase que totalmente deserta Ayumi não
perderia a oportunidade de convocar a todos para mais uma sessão com histórias
dos “Espíritos Zombeteiros” – Como fã
do Chaves, não poderia deixar passar essa oportunidade (:P), muito embora os espíritos que ainda não encontraram paz em
Corpse Party, são muito mais amedrontadores....
Algo bem interessante e que logo
adiante, se mostrará conveniente à história, é a forma como autor encontrou de
reforçar o laço de amizade entre eles no nosso subconsciente. São poucas
páginas de introdução e a história precisa começar já com todo o seu vigor. Se
os personagens já são amigos, é imprescindível que percebamos isso sutilmente,
por suas atitudes ou pequenas mensagens subliminares. Como por exemplo, um
deles, Mayu Suzumuto, logo estará se mudando para longe dos demais, então eles
resolvem se utilizar (obviamente, só
poderia ter partido da hiperativa, Ayumi) do "Shiawase no Sachiko (Sachiko of Happiness/Sachiko da Felicidade)",
um amuleto da sorte/maldição que faz parte do folclore japonês, que trás a
lenda de que, se um grupo de amigos rasgarem ao mesmo tempo um pedaço da
“boneca” de papel, eles nunca irão se separar, e mesmo distantes, estarão
sempre juntos.
Isso ai é praticamente um
prenuncio para tudo que viria a seguir a partir de então, onde se repete todos
os clichês básicos da indústria, com a luz apagando do nada e uma tempestade ou
trovão cortando com fúria o som ambiente e deixando a todos do recinto,
apreensivos. Só que o que acontece a seguir, é ainda mais curioso e insinuante.
Um terremoto acontece, o chão se abre em meio à escuridão, com os personagens
caindo em um lugar que se parecia exatamente com a escola deles, mas quando
olham ao redor, veem que tudo ali está em ruinas e pior, cadê os outros da
turma? O que se vê é que haviam desaparecido misteriosamente. Eles não sabem,
mas se encontram presos em uma realidade alternativa, especificamente na “Tenshin
Elementary School”, onde os alunos e funcionários assassinados continuam a
vagar, mesmo depois de mortos, por não terem encontrado a “saída”. Agora,
separados por grupos, terão que encontrar uma maneira de saírem dali.
Um pouco mais sobre Blood Covered
Corpse Party: Blood Covered é a
adaptação em mangá da – agora – franquia de games, Corpse Party. Transpor uma
franquia que obteve um relativo êxito no universo dos consoles e computadores,
para um anime ou mangá, nem sempre é garantia de sucesso. Principalmente quando
a mídia escolhida é o mangá, que em termos, tem menos visibilidade que uma
produção animada. A série When They Cry (Higurashi
e Umineko), da 07th Expansion, é um bom exemplo de rara exceção que
alcançou sucesso no universo da banda desenhada – Higurashi, inclusive está
sempre figurando em ótimas posições nos rankings de vendas nos EUA.
Já Corpse Party: Blood Covered
tem uma adaptação em mangá, ainda inexpressiva, se comparada à série original.
Claro que pesa bastante o fato desta, ainda não ter recebido uma versão em
anime (o que provavelmente não deve demorar tanto assim a acontecer). Mas a
adaptação de Makoto Kedoin (história)
e Toshimi Shinomiya (arte) demonstra
competência.
Só pra não ficar no lugar comum,
citando Higurashi a cada estrofe, Doubt [Doubt
- Rabbit Doubt – resenhado aqui],
é uma das séries que melhor consegue unir o mistério, suspense enlouquecedor,
charadas, humor moderado e um toque delicioso de horror. Blood Covered consegue
repetir isso e ser mais competente nas questões que envolvem solucionar o
mistério da “Tenshin Elementary School”, para que se encontre a porta de saída.
Algo que é bem complicado, considerado o que cada personagem encontra pela
frente. Só pra se ter uma ideia, do quão sádico e assustador, é quando, já nos
primeiros capítulos, uma das personagens não resiste a pressão psicológica e
aparentemente, acaba sendo induzida ao suicídio, por um espirito daquele local.
Em um tom meio trágico, devido a um importante fator, todo o background que
envolve esse acontecimento, acaba sendo um pouco mais obscuro. Mas o clímax
total é quando sua amiga tenta retira-la das cordas, por notar que ela ainda
estava viva. O ato de tentar salvar a amiga e o da garota na corda se
contorcendo para respirar é desesperador. Aliás, Blood Covered merece com todos
os méritos, receber a etiqueta de “mangá trágico” – E sinceramente? Eu não
ficaria tão envolvida, se não houvesse tanto drama em um clima que, se não é
tão doentio, tem uma atmosfera capaz de arrepiar todos os pelinhos do corpo.
A franquia
Corpse Party é uma Visual Novel,
com forte influência no Survival Horror, que nasceu originalmente como um
doujin game, desenvolvido com base no RPG Maker (lembro-me que, alguns fãs estavam produzindo um game de HOTD com esse
software, mas nunca mais ouvi falar sobre o assunto), lançado em 1996. Logo
depois, em 2008, veio o remake, Corpse Party: Blood Covered, lançado
para computador. Logo em seguida, veio Corpse Party: Blood Covered Repeated Fear,
que foi lançado para o PlayStation Portable, em 2010, nos EUA, pela X-SEED, o
que pegou a todos de surpresa. Com o sucesso da empreitada, na sequência, veio Partido
Corpse:
Book of Shadows, também para PSP. Desenvolvido pela Equipe GrisGris, a
franquia realmente decolou depois da união com a produtora 5pb. (Steins;Gate/Chaos;Head), que não só
investiu no produto, como o tornou visível, comercialmente.
Curiosamente, na versão original
não há uma divisão de grupos de estudantes dentro da “Tenshin Elementary
School”. De qualquer forma, por se apresentar em um mix de estrutura gráfica de
16 bits e 2D, o que acaba deixando a experiência de horror, completamente
dependente do roteiro e efeitos sonoros, acabou me afastando da versão game,
apesar das excelentes críticas quanto a cenário, background e BGM’s. Mas
confesso que me sinto bem tentada a jogar caso o papai Noel me dê um PSP de
presente neste natal.
Nesse ponto, o mangá acaba se
destacando, ainda que a arte deixe a desejar em Blood Covered, principalmente
pelo fato de ter um toque de ecchi bem apurado, esse detalhe negativo acaba se
destacando, tal qual em Higanbana no
Saku Yoru ni. Além de Corpse Party: Blood Covered, pela Square Enix, há
ainda mais três adaptações;
Corpse Party: Book Of Shadows – Adaptação do game pra PSP, da
editora Media Factory, que também tem a história desenvolvida por Makoto Kedoin,
mas a arte dessa vez, Mika Orii, que felizmente, não deixa a desejar e trás os
personagens em um bom e agradável character designer. Não há muito que se comentar
sobre este, li apenas um capítulo do mangá e alguns vídeos do game. Mas pelo
pouco que vi e além do character designer ser mais bonito, com as personagens (ambos os sexos) com curvas e boa
aparência, o clima é ainda mais pesado, ao menos no mangá, passando uma ideia
de insanidade total. Tenho grandes expectativas com essa história alternativa,
que aparentemente acontece após os eventos da história original. Houve um forte
investimento no lançamento da game, com alguns trailers excelentes, assim como
a ótima abertura, em um tom totalmente macabro (confiram acima), que faz bem o papel de tentar enganar o
expectador, apresentando personagens bonitinhas e super kawaiis, mas que na verdade, não passam de psicopatas perturbadas emocionalmente.
Pelo que eu pude apreciar pelo Youtube, não deixou em nada a desejar e ao
contrario da versão anterior, que contêm 05 partes, essa vêm com 07 episódios (talvez, eu até pegue essa sequência para jogar), cada qual com seu
personagem preferido. É a Sachiko Ghoulish e sua sede insaciável por sangue, a
procura de mais vítimas.
Corpse Party: Musume – Com Makoto Kedoin na história e novamente Orie
Mika com a arte, trás mais uma versão da trama original, mas dessa vez, eles
voltam para uma escola do ano de 1927 e o mote é, sobreviverem até encontrarem
uma saída para aquele horror. Contém também os personagens do original, além de
novos inseridos no contexto. Também há um enfoque maior no ecchi.
Comentários Gerais
Com uma atmosfera fantástica e um
tom bem provocante para a imaginação, Corpse Party: Blood Covered além de
impressionar, trás reviravoltas bem interessantes, onde cada morte às vezes,
são inesperadas. É repleto de violência gráfica e se foca bastante no
sobrenatural. Tão melancólico, como assustador, a sensação de suspense
inquietante é uma dos bons destaques. É uma boa dica para aqueles que procuram por
um pouco de tensão em uma história com enredo, personagens e atmosfera juvenil,
nada muito maduro, mas forte o suficiente para quem tem ainda aquele espirito
adolescente dentro de si e não dispensa esse tipo de série. Uma adaptação em
anime, não seria nada mal, o que acham? O game tem cenários assustadoramente
bonitos e não há game over, BGM de arrepiar e elementos surpresa, que eu
detesto e odeio ao mesmo tempo. Beem, beem, beeem, fica a dica do game também.
Ano: 2008
Gênero: Drama, Horror, Sobrenatural, Tragédia
Demografico: Shounen
Autor: Makoto Kedoin
Serialização: Gangan Joker/Gangan Powered
Editora: Square Enix
Onde encontrar: Aqui
Ano: 2008
Gênero: Drama, Horror, Sobrenatural, Tragédia
Demografico: Shounen
Autor: Makoto Kedoin
Serialização: Gangan Joker/Gangan Powered
Editora: Square Enix
Onde encontrar: Aqui