sexta-feira, 29 de junho de 2012

Review: Kore wa Zombie Desu ka? OF THE DEAD


Kore wa Zombie Desu ka? of the Dead é a segunda temporada de Kore wa Zombie Desu ka?. A história que é uma sátira de gêneros famosos da fantasia [Zumbi, Mahou Shoujo, Vampiro, o Necromante que é uma espécie de bruxo/mago e claro, muitas criaturas sobrenaturais], combinando com um harém de personagens que fogem do censo comum; Haruna, a loli tsundere, que se auto-intitula gênio (“Haruna: Eu não vou limpar casa. Ayumu: Mas isso é algo que só um gênio é capaz de fazer. Haruna: Se é assim, eu faço.” – Pohã....)e que vive fazendo trocadilhos entre as palavras Mahou shoujo com Masou shoujo, além ser especialista em fritar ovos (verdade seja dita, sua única especialidade). Eucliwood Hellscythe (que atende pelo “Yu”), uma necromance loli que não pode abrir a boca pra falar, de tanto poder que possui e que vive nas fantasias do pervertido Ayumu. Seraphim, uma ninja (!!!) vampira agressiva e toda sexy, com sua técnica secreta de Tsubamegaeshi. E claro, nosso protagonista de coração frágil, que além de ser um cross-dressing zumbi-masou shoujo, com laçinhos, figurino rosa e calçinhas listradas, é o alvo de toda a merda que acontece na série.

Zombie Desu é uma comédia extremamente aleatória, que parodia tudo. Não é suficiente que o macho principal da série se vista de mahou shoujo pra salvar o mundo, é preciso subverter ainda mais e no lugar do cetro mágico, uma motosserra falante (!). A segunda temporada, também produzida pelo estúdio DEEN segue de onde paramos na primera, mas adicionando mais personagens e ao mesmo tempo fazendo a história se tornar maior. Mas claro, como a grande maioria das comédias [principalmente as parodias e sátiras], Zombie Desu sempre volta pro status quo e aqui tivemos uma temporada que introduziu uma nova história, mas não a explorou devidamente nos 10 episódios que a segunda temporada ganhou.


Mas e daí? Zombie Desu não segue roteiros, mas explora situações. O enredo é vago e segue de forma absurdamente aleatória, o que parece ter se tornado síntese na segunda temporada – Uma vez que a primeira consegue ser mais concisa e mesmo com voltas e voltas, apresenta um desfecho definitivo. Episódios centrados na motosserra mágica  de Haruna, Yu adoecida porque necromances têm alergia a mexericas, Ayumu e Orito num maid-café [ou melhor, café cosplay "tsundere"] onde ocorre desafio com boa parte das personagens do elenco que estão de garçonete para o clã Sarasvati, e Orito e Ayumu precisam tentar trazer pra fora o lado “dere dere” [Tsun = lado agressivo. Dere = lado amável. TSUNDERE] de Yuki, Sera, Haruna e até mesmo Eucliwood. Esse enredo não-linear acaba favorecendo o lado cômico, permitindo que o autor ouse na abordagem e faça um “reset” no próximo episódio, embora a linha narrativa seja contínua.

Essa abordagem também favorece a interação entre os personagens, que acabam sendo um destaque para mim. E é um trabalho bem feito, pois os personagens possuem boa química e o sentimento que os une passa um quê de verdade – Certamente, as seqüencias mais singelas, onde fica evidente o que sentem um pelo outro, são capazes de emocionar os mais sensíveis. Mas de um modo geral, a impressão que se tem é que o autor faz uso de umas drogas pesadas na hora de escrever os roteiros e definir seus personagens.

Chris, a personagem de cabelo rosa introduzida no final da primeira temporada é uma fadinha alcoólatra e o suposto enredo gira em torno dela. Mas... ah, foda-se o enredo, no fim ela termina na barraquinha de udon bebendo saquê com sua arque rival e assistindo de camarote as desventuras de Ayumu e suas waifus. Afinal, diversão é solução pra mim. Solução é um soluço bem grande, como diria a Pitty [se você não entendeu, eu não vou explicar. RISOS].


E para o bem, ou para o mal, essa segunda temporada é feita de momentos escrotamente randons [o que para Zombie Desu, é um elogio e tanto]. A bizarríssima dança de Yukinori e Haruna que drenava energia das pessoas ao redor é sem dúvida um dos momentos mais divertidos, e o que dizer do episódio 05, onde Sera se ausenta e Ayumu e Haruna precisam cuidar da Yu dodói?

O destaque fica para Yu, que mostrou um lado de mais versatilidade aqui, do que na primeira temporada. Outra que se destacou em meio a tantas personagens, é sem dúvidas a Sarasvati. É dela o jargão “amor de bunda” e sua variante “amor bundal”. Tem também aquele “my darling” que ela pronuncia com um tom de voz deliciosamente repleto de sadismo. Nem quero imaginar quando ela colocar as mãos na bunda do Ayumu. Aliás, eu quero sim. RISOS. No episódio 09, ela acaba mostrando um lado mais dere dere ao convidar Ayumu para o seu show. A forma como ela sorri quando entrega o convite ao Ayumu, como ele se esforça pra cumprir o combinado e ir se encontrar com ela – Sem dúvida, um dos momentos mais cativantes. Ayumu e Haruna continuam ótimos e roubando a cena, Sera acabou ficando mais apagadinha e o circulador de ar Dyson Air continua marcando presença. Dos personagens randons, Orito acaba sendo o destaque negativo. Tipicamente aquele amigo chato do protagonista de harém, ele consegue soar ainda mais irritante do que na primeira temporada.


Tecnicamente, a qualidade mediana de Zombie Desu parece se ajustar perfeitamente ao estúdio DEEN. Se por um lado a movimentação e fluidez da animação se mostraram bem sólida, a consistência visual era bem pobre, como cenários, expressões faciais e o foco da câmera sempre distante. Apesar de que não é algo que incomode, pode ser a coisa mais tosca do mundo, mas parece sempre se adequar ao humor da série. Ainda assim é visível a melhora de um modo geral, da primeira, pra segunda temporada. Mesmo o character designer está bem mais sólido.

Zombie Desu traz aquele tipo clássico de humor idiota e repleto de besteirol que nos faz morrer de rir nas fases áureas da vida [quando crianças/adolescentes]. Obviamente é algo que tende a ir de encontro a uma audiência mais purista, mas a idiotice é o que dá toda a vibe a esta série. Ecchi [que foi mais explorado nessa segunda temporada – seguido dos seus OVA’s – e que talvez acabe se tornando mais expositivo na próxima season], humor besteirol e clichês acabam se tornando algo positivo aqui. O timing é excelente, e muito se deve a liderança de Takaomi Kanasaki como diretor. A sensação de a história estar perdida e sem rumo não é um agravante de fato, levando em conta que o roteiro é estruturado em tramas episódicas com um fiapo de história interligando a série – E claro, haverá uma continuação direta. Obviamente que isso dá um efeito dominó, enquanto essa estrutura tende a aproveitar e tirar o máximo do humor desses simpáticos personagens, tal estrutura impossibilita desenvolvimento das situações [isso mesmo na primeira temporada].


A quantidade de personagens e tramas novas sente-se como um frescor e tentativa de fuga das temidas repetições e piadas desgastadas – Essa segunda temporada de Zombie Desu acaba não conseguindo fugir disso completamente, onde algumas inserções simplesmente não funcionam tão bem. De um modo geral, acaba caindo no mal das seqüências e se mostrando inferior a primeira temporada. Of the dead é repleto de situações toscas e hilariantes, sem um pingo de inteligência. Mas foda-se, justamente por isso que é divertido. A própria série se assume como uma bobagem. Mas uma bobagem simpática, divertida e deliciosa.

Nota: 06/10
Estúdio: DEEN
Ano: 2012
Episódios: 10