quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Line – Uma Chamada Para a Morte


Mais uma história envolvendo jogos mortais.

Sinopse: Quando a popular Chiko encontra um telefone celular, a voz do outro lado a diz o local exato onde ocorrerá um suicídio e que cabe a ela, evita-lo.  O telefone não para de tocar, e logo Chiko e seu colega Bando terão que correr contra o tempo para tentar salvar esses suicidas, e ainda ter que lidar com a policia as perseguindo, ao mesmo tempo que procuram achar a chave desse mistério envolvendo uma cadeia de suicídios em massa.

Comentários: Line estava em meus planos de leitura faz bastante tempo, desde que havia lido algumas das primeiras páginas e sido capturada de imediato por um thriller psicológico que parecia repleto de intensidade, suspense, ação e twists inesperados; Ou seja, todos os ingredientes que fazem de um thriller, algo marcante. Uma personagem fútil, tendo que lidar com uma situação que foge do seu estilo de vida, salvando pessoas, quando na verdade ela nunca pareceu se importar com elas. Foi à impressão que ficou em mim, nas primeiras páginas com Chiko, que viria logo depois ter essa imagem totalmente desconstruída.

Esse é o quinto trabalho de Yua Kotegawa, que é mais conhecido pelo bom Anne Freaks, que por conta da abordagem dada às suas obras anteriores, ficaria conhecido como um autor de séries com características de suspense psicológico. Normalmente se espera que um autor vá ganhando experiência e se tornando cada vez melhor a cada trabalho, mas em Line, Kotegawa faz o contrário, produzindo uma série aquém de suas capacidades. Ainda assim, é algo capaz de trazer uma diversão moderada, se você for capaz de não se importar como a história se desenvolve e sentir certa simpatia pelas personagens Chiko e Bando – Duas figuras distintas, que nunca conversaram, mesmo sendo da mesma sala de aula, mas acabam unidas pelo destino. Um dos pontos mais oscilantes é como Kotegawa desenvolve o relacionamento das duas, criando uma tensão sexual, que ficaria subdesenvolvido como subtexto yuri.

Pra quem curte Girls Love, como eu, é até divertido ver Chiko se atrapalhar toda (ela que por si só já é uma personagem desastrada) com Bando, e as duas se portando como um autêntico casal yuri, como autenticas seme (ativa) e uke (passiva), ainda que isso nunca seja desenvolvido, figurando mais como um fanservice. Por outro lado, a oscilação da narrativa, pontuada pela mudança de ênfase já quase em sua metade, saindo de um thriller de ação dramática, para uma comédia romântica colegial, se mostra algo medíocre. Kotegawa falha não apenas em criar uma personagem interessante, como também uma narrativa coesa.

Antes de se perder, e se tornar uma história pseudo reflexiva que tenta dialogar com o interior de um adolescente de uma forma rasa e sem emoção, Line apresenta um argumento interessantíssimo. O celular se tornou para roteiristas, um suporte para suas tramas muito mais versáteis que o computador, e aqui temos um argumento um pouco complexo envolvendo um jogo bizarro de suicídio em massa – Mas que acaba sofrendo pela falta de espaço em se desenvolver. Mesmo a perseguição desenfreada de Chiko e Bando pelas ruas de Shibuya, que é fácil um dos momentos mais bacanas da história, acabam pecando pela falta de técnica de Kotegawa como desenhista. As imagens não dão a sensação ao leitor de movimento, pelo contrário, você olha e é difícil acreditar, em alguns momentos, que aqueles personagens estão se movimentado realmente. A forma como os personagens se colocam em cena em cada quadro e o uso do espaço negativo e positivo, é algo que acaba incomodando olhos mais habilidosos. O próprio traço de Kotegawa não se encontra em seu melhor.

Para piorar, o desfecho é corrido e resumido, com a narrativa apelado para um resumo em off de todos os eventos, já que faltam poucas páginas para o final, onde mesmo o vilão “invisível” se mostra enfadonho. Claro que, sim, pode ser bem divertido para quem procura algo descompromissado, a climática é bacana, a forma como os personagens são desenhados em SD (super deformed) nos momentos cômicos soam bem divertidos, e pra quem curte subtextos com romance entre garotas, pode ser um atrativo, mas lá no fundo de sua mente, você ainda estará plenamente consciente de que isto não é bom. Embora também não seja ruim. A típica série a ser esquecida bem lá no fundo da mente, tão logo termine o capítulo final.

Nota: 05/10
Autor: Yua Kotegawa
Ano: 2003
Volumes: 01 (finalizado)
Demográfico: Shounen
Revista: Shounen A
Editora: Kadokawa Shoten
Onde Encontrar: Himaware

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