A história de um grupo de personagens que têm dificuldade em
se relacionar com outras pessoas, e que encontram na conturbada relação que constroem
entre si, a receite de como não se sentirem mais sós.
Tonari no Kaibutsu-Kun ("O monstro sentado a meu lado") se mostrou decepcionante frente ao alto potencial exalado por uma estreia polêmica, e boa execução, que repercutiu por blogs, fóruns e redes sociais internet fora. Não havia meio termo. De um lado, aqueles que consideram ultrajante uma garota ser socada em um shoujo mangá. Do outro, aqueles que se divertiram com um protagonista que pouco se vê em adaptações de animes shoujo – Os mais controversos simplesmente não recebem adaptações (Por mais que um Black Bird venda e tenha uma popularidade considerável para um shoujo, eu não vejo este mangá sendo adaptado. Podem ter certeza que a polêmica seria enorme), e os mangás adaptados simplesmente seguem a formula clássica, com pouca variação. Obviamente, Kaibutsu-Kun, que nem é tão controverso assim, virou pauta.
Haru é um ogro, espontâneo, e embora ingênuo; extremamente
agressivo. Ele não tem os maneirismos clássicos presentes mesmo nos
protagonistas mais grosseiros da velha fabula da “Bela e a Fera”. Mas
Kaibutsu-Kun não é tão diferente assim dos demais, nem mesmo uma quebra,
sátira, reconstrução de gênero ou etc. e tal como eu mesma cheguei a cogitar
depois do primeiro episódio assistido. É a velha formula, com ingredientes
alterados. Às vezes isso funciona; como foi o caso dos clássicos Ace wo Nerae!
e Berusaiyu no Bara (“A Rosa de
Versalhes”) que, ao lado de outros grandes, mudaram a visão da indústria.
Em outros casos, isso não funciona tão bem, deixando um gostinho meio amargo na
boca. É o caso de Kaibutsu-Kun, que diverte a plateia com sua comédia pastelão
e romance light (daí mais um ingrediente
do seu sucesso de publico entre os fãs ocidentais), mas é substancialmente
vazio de sentidos e com uma narrativa errática.
Particularmente eu não me importo o quão vazia pode ser uma
obra, desde que execute bem a sua proposta – E Kaibutsu-kun propõe temas [interessantíssimos] que em 13
episódios, pouco saem da superficialidade. Gira, roda, rodopia espalhando penas
para todos os lados, mas continua ciscando no mesmo lugar, chegando ao cumulo
de só apresentar uma insinuante introdução nos episódios finais (pra ser mais exata, a partir do episódio
08).
A autora de Kaibutsu-Kun (que atende pelo pseudônimo de Robico) é tipo aquela tia de 20 e
poucos anos, que tem a sua “própria” maneira de fazer doces. Essas “tias”
geralmente acreditam no mito de que somente com o açúcar à gosto, atingirá
o ponto máximo da degustação. Mas é o
contrário, a pitada de sal serve para realçar o sabor do doce. Ao quebrar o
açúcar, se define o sabor e não fica enjoativo/sem gosto ao paladar. Robico
força tanto a barra na comédia escrachada (que
em alguns momentos funciona, em outros não), que o enredo se torna claudicante.
A história ganha liga e se torna mais substancial quando os
personagens de fundo ganham destaque [e por que não; roubam a cena], tirando o
enredo do status zero no qual se encontrava. A desajustada socialmente Natsume
e o arrogante e tsundere Yamaguchi deram o mínimo de conflito REAL que a trama
precisava. Em vários momentos eu me vi torcendo por Yamaguchi e Shizuku; ele além
de exibir uma variedade lancinante de caracterização em seu limitado tempo de
tela, foi àquele com o qual Shizuku se mostrou mais humana, começando de fato a
raciocinar acerca de seus conflitos internos. Natsume, por outro lado, foi a
que melhor hasteou a bandeira da série: A solidão e o anseio em fazer parte de
um grupo de amigos. Natsume tem um blog, um grupo de amigos virtuais nas redes
sociais, é linda, mas porque ela ainda se sente tão solitária? A resposta é
obvia; uma coisa não substitui a outra. Por mais que você seja popular nas
redes sociais, o sentimento de carência afetiva continua se não houver amigos
para apoiar do lado de cá. E ela contorna isso ao conhecer Haru e Shizuku, cresce satisfatoriamente na
medida do possível (uma pena que o desfecho pro seu conflito românico, só se houver segunda temporada). De uma forma geral, todos os personagens da tramam sofrem
deste complexo, mesmo Yamagushi que aparentemente é social, mas tem dificuldade
de se expressar e não passa de uma fachada ambulante.
Eu não entedia muito o porquê das comparações com Kimi niTodoke, mas olhando por este lado, ambas as séries tratam do mesmo assunto (a dificuldade de se relacionar com a
pessoa ao lado. Algo que fala diretamente do cotidiano dos estudantes japoneses
e suas inabilidades sociais) de maneiras antagônicas. Kimi ni é idealizado
e cor de rosa. Kaibutsu-Kun é debochado e agressivo. Em comum? Ambos são
extremamente enrolados.
E claro, não posso deixar de comentar sobre a tímida Chizuru,
que não tem muito destaque, mas desempenha um papel importante na trama
principal [que precisava sair ao menos do ponto zero], ao se apaixonar por
Haru, e forçar em Shizuru diversos conflitos internos. É a partir daí que temos
algo, mesmo que lentamente, realmente se desenvolvendo entre Haru e Shizuku.
Não apenas isso, este conflito força em ambos um desenvolvimento de carácter,
mesmo que risível.
Shizuku: "Por que eu devo ajudar? Se ela está infeliz
com sua situação atual, ela devia fazer algo a respeito. Se ela não consegue, o
problema é dela.”
Haru: "Que coisa maldosa de se dizer,
Shizuku. Realmente odeio isso em você."
Shizuku: "É mesmo? E todo esse teatro hipócrita
que vocês armaram aqui, está me deixando enjoada.”
Haru: "Ei, Shizuku. Me diga por que está me
ignorando."
Shizuku: "Certo, escute. Quando estou com você,
meu peito dói. Não consigo me concentrar nos estudos. Por isso, não quero ver o
seu rosto."
Chizuru: "Hein, hein, heein?! Espera aí! Ela
pode estar dizendo que o ama! Mas... Acho que mesmo alguém como ela pode sentir
essas coisas... "
Haru: "Você não deveria ir para a
enfermaria?"
Chizuru: "V-você entendeu errado! N-não foi isso
que a Mizutani-san estava tentando dizer! Ela não estaria sofrendo se não se
importasse com você! Por que você não entende que ela estava dizendo que está
preocupada?! Por isso! É por isso que você...Você... tem bolas?!
Haru: "Eu tenho! Não tenho, Shizuku?"
Shizuku: "N-não pergunte pra mim!"
Acima nós temos, sem dúvidas, dois dos melhores momentos da
série. Nos dois casos, você nota timing e feeling perfeito da narrativa ao
transmitir um humor envolvente através da comédia dramática. E a direção de Hiro
Kaburaki foi extremamente eficiente em transmitir o tom certo dado pela autora,
e a interpretação dos dubladores, em especial a de Chizuru (Kana Hanazawa), é impecável! O segundo caso, representa o melhor
do humor escrachado da série, o primeiro, é aquele onde a narrativa mais acerta
na complicada balança entre comédia e drama. O falar sério, sem parecer dramático,
ou cômico.
No entanto, com muitos altos e baixos, a história se perde
nos primeiros episódios e só volta a se reencontrar lá na frente. Fracamente,
ao escrever o post de primeiras impressões defendendo Kaibutsu-Kun, eu imaginei
que a autora tivesse a exata consciência do que estava fazendo. As agressões de
Haru à Shizuku [e do restante do elenco masculino, com algumas garotas da
história] se repetem tanto, e sem ao menos nenhum peso significativos dentro do
contexto, que se tornam banais. O que Robico faz é banalizar a violência contra
essas garotas. Ela insere essas agressões num contexto onde essas atitudes soam
naturais (eu perdi as contas de quantas
vezes Haru acerta Shizuku *sem querer*, e da forma agressiva como, ela e, as
outras garotas são tratadas pelos garotos legais. O que me lembra como crianças
tratam uma à outra). Não significa nada para o enredo (e Shizuku se mostra muito indiferente a isto), a não ser gerar um
humor babaca, daquele pastelão onde personagens se agridem e as crianças riem,
porque crianças possuem uma ingenuidade cruel [e que muitas vezes machucam]. Faltou uma pitada de sal aí.
É incômodo ver que isso é tratado com naturalidade
pela autora – Isso me lembra uma discussão
que eu tive há muito tempo com o @kuroibr [do Mangás Fã] com relação à forma
brucutu e violenta que a feminista Misaki de Kaichou wa Maid-Sama trata os
garotos. Meu argumento naquela discussão ainda continua de pé. A autora
fundamenta irreparavelmente o contexto daquelas
agressões (eu adoro, os guris ficam
acuando as garotas, e Misa chega chutando suas bundas). O que Misaki faz é se
defender, ou seria a vitima. Assim como qualquer obra do Jun Hayami (o autor mais cru e seco do universo ero-guro;
suas histórias de estupro e abusos diversos às vezes parecem reais pelo
contexto incrivelmente verossímil que ele dá) é retratada sempre de forma
marginal pelo autor.
Haru é uma autêntica criança ingênua, que pratica atos maldosos,
por vezes violentos, com a intenção de machucar, é claro, mas sem medir as
consequências. Eu gosto deste estado bruto e ingênuo do Haru, que por vezes se
mostra extremamente amável, meigo e romântico, e em outros; igualmente violento
e insensível. Nós episódios finais é notável o monstro contido dentro dele.
Haru é extremamente violento e complexo, ao ponto de ser sim, fascinante. A
narrativa deixa subtendido que ele esconde um grande trauma da infância, o que
me parece ser uma ÀS que a autora pretende usar num momento decisivo. Nos episódios
finais é onde Haru mostra o seu melhor, com o seu monstro interior querendo
emergir com a aparição de seu irmão, trazendo consigo lembranças talvez
dolorosas. Haru desde pequeno fora deixado “para trás” e de fora dos grupinho
de amigos por suas atitudes tempestuosas. Com a aproximação entre Shizuku e
Yamagushi, ele se mostra extremamente possessivo com relação à ela, e todo este
conflito interno do personagem é desenvolvido com sutileza, o que me agradou
bastante [principalmente quando Haru tem o impulso de derrubar Yamagushi da
escadaria, mas consegue suprimir o monstro interior. É fantástico como isso se
mostra aparente, sem se tornar obvio demais, sem fazer melodrama]. É bonito ver o quanto ele se contém pela Shizuki. Mas se conter não é o suficiente, será que a
autora vai conseguir amadurecê-lo até o final da história original?
Ao contrário de Haru, que mesmo ficando aquém de seu
potencial, Shizuku é a personagem mais decepcionante aqui. Apesar do clichê de
personagem “rainha do gelo”, o potencial latente de Shizuku é tão fascinante
quanto o de Haru. Fria, egoísta, lógica, independente, sarcástica e em nada se
parece com as heroínas convencionais sempre prontas pra ajudar o próximo e
sendo vítimas da situação. Shizuku pouco se importa com estes preceitos e eu
adoro isto nela. Ela é forte, mas também racional para entender quando está em desvantagem.
É feminina, delicada, mas não é fresca, além de ter gênio difícil. Porém, a
autora demora a desenvolver seu lado interior, seus conflitos e questionamentos
– Acreditem, demorou 2/3 de um anime de 13 episódios para que ela começasse a
raciocinar de forma logica sobre sua relação com Haru. Como ela é a protagonista,
o alvo da ação dele, ficamos esperando uma reação que nunca vem de forma sólida,
e com isso a trama simplesmente trava. O seu ponto mais interessante dentro da
série foi sem dúvida sua falta de tato em lidar com as pessoas, assim como
Haru, e a forma como ela encara a solidão. Isso gera um questionamento
interessante na reta final. Afinal, como ela pode sentir solidão, se ela nem ao
menos tem ideia do que é isto? Seria interessante ver o gelo da pessoa que aprendeu
a se esforçar nos estudos por estes sempre valorizarem o seu esforço, derreter.
Kaibutsu-Kun termina de forma aberta e sem dizer ao que veio
exatamente, mas ainda é uma série bem digna. Haru e Shizuku formam um casal complexo, e incrível, mas sem um bom
trabalho por parte da autora em cima desse relacionamento a mensagem passada
acaba, ainda que certamente não seja sua intenção, sendo a mais equivocada possível. A amizade estabelecida entre todos os personagens é algo notável e a evolução mais sentida em toda a história. Especialmente a amizade de Natsume para com Shizuru, que em alguns momentos chega a ser tocante seu carinho pela amiga, que não retribui da mesma maneira, nem mesmo é consciente destes sentimentos. A tensão sexual aflorada entre Shizuku e Haru também é digno de nota, e não fica apenas na atmosfera, mas visível pelos diálogos e nas expressões dos personagens. O Haru que sente o corpo reagir aos contatos físicos de Shizuku e vive pensando no ato sexual, e esta que, mesmo não sabendo lidar com seus sentimentos sabe exatamente o que significa ter o corpo ardendo ao encostar no garoto que deseja. Um bom momento é quando Haru vai passar a noite na casa de Shizuku, e depois do banho tomado, fica andando sem camisa pela casa. Ela reluta, mas não resiste em dar aquela olhada meio vouyer à procura do peito nu de Haru. Impagável!
Hiro Kaburaki que dirigiu impecavelmente as duas temporadas de Kimi ni Todoke fez um bom trabalho, e tenta repetir aqui o mesmo feito do seu maior sucesso: Fechando a série com um grande encontro entre todo o elenco, e terminando de forma aberta com uma obvia mensagem de continuação. E mesmo com as baixas vendagens de Kaibutsu-Kun, o mangá que já era um sucesso, ficou ainda mais em evidência, então não espantaria uma continuação pra fechar a série (embora, com a exceção de alguns sucessos como Natsume Yuujinchou e Kimi ni Todoke, raramente shoujos ganham sequência). A adaptação do ótimo Noboru Takagi (Baccano!, Durarara!!)dos textos do mangá, para o roteiro do anime, por vezes fica enfadonha e peca pela falta de objetividade para um anime de 13 episódios. Kaibutsu-Kun faz um contraponto muito legal com o excelente Natsume Yuujinshou a respeito da solidão, mas de uma forma mais positiva e alto astral. Uma pena que ao contrário deste que fecha cada arco de sua história com um objetivo alcançado, Kaibutsu-Kun pouco evoluiu, apesar de esbanjar carisma.
Nota: 06/10
Direção: Hiro Kaburaki
Roteiro: Noboru Takagi, Sawako Hirabayashi, Deko Akao
Estúdio: Brains Base
Episódios: 13
Ano: 2012
Curta o Elfen Lied Brasil no FaceBook!
>Me deu a louca quando percebi que os personagens deste anime passavam a maior parte do tempo ou comendo ou na lanchonete ou no supermecado ou no café ou no rest....É, vocês entenderam. E são somente alguns momentos! Sem brincadeira, provavelmente uns 80% de screentime esses personagens estão praticamente gastronomia.
> Em 2012 tivemos até um galinha como mascote, mas no fator carisma ela não conseguiu bater o popular Tapioca que roubou a cena em Tsuritama!
>A amizade e momentos de preciosas lembranças capturadas através de uma lente; Olha eu gosto muito disso em séries que assisto e Kaibutsu-Kun não fugiu a regra e também teve o seu momento de registro.
>A equipe do Brains Base é conhecida principalmente por driblar baixos orçamentos com uma produção mais artística, mesmo que para manter as belíssimas cores e character designer que são sempre muito bons, precise sacificar a animação. Fiquei em dúvidas se conseguiriam fazer algo bom em Kaibutsu-Kun, e quebrei a cara porque a produção ficou realmente belíssima; os cenários com filtros aplicados que dá a impressão de ser um desenho a lápis cru, o CG muito bem integrado ao 2D, matizes variadas e muita cor, assim como boas composições de câmera.
>Apesar do bom aspecto técnico, o baixo orçamento e a equipe reduzida, trouxe a tona diversos erros nos desenhos do storyboard com imperfeições de simetria e anatomias. Repare nas duas últimas imagens. Valeu HevertonGM, tinha me esquecido deste detalhe.
Hiro Kaburaki que dirigiu impecavelmente as duas temporadas de Kimi ni Todoke fez um bom trabalho, e tenta repetir aqui o mesmo feito do seu maior sucesso: Fechando a série com um grande encontro entre todo o elenco, e terminando de forma aberta com uma obvia mensagem de continuação. E mesmo com as baixas vendagens de Kaibutsu-Kun, o mangá que já era um sucesso, ficou ainda mais em evidência, então não espantaria uma continuação pra fechar a série (embora, com a exceção de alguns sucessos como Natsume Yuujinchou e Kimi ni Todoke, raramente shoujos ganham sequência). A adaptação do ótimo Noboru Takagi (Baccano!, Durarara!!)dos textos do mangá, para o roteiro do anime, por vezes fica enfadonha e peca pela falta de objetividade para um anime de 13 episódios. Kaibutsu-Kun faz um contraponto muito legal com o excelente Natsume Yuujinshou a respeito da solidão, mas de uma forma mais positiva e alto astral. Uma pena que ao contrário deste que fecha cada arco de sua história com um objetivo alcançado, Kaibutsu-Kun pouco evoluiu, apesar de esbanjar carisma.
Nota: 06/10
Direção: Hiro Kaburaki
Roteiro: Noboru Takagi, Sawako Hirabayashi, Deko Akao
Estúdio: Brains Base
Episódios: 13
Ano: 2012
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>Me deu a louca quando percebi que os personagens deste anime passavam a maior parte do tempo ou comendo ou na lanchonete ou no supermecado ou no café ou no rest....É, vocês entenderam. E são somente alguns momentos! Sem brincadeira, provavelmente uns 80% de screentime esses personagens estão praticamente gastronomia.
> Em 2012 tivemos até um galinha como mascote, mas no fator carisma ela não conseguiu bater o popular Tapioca que roubou a cena em Tsuritama!
>A amizade e momentos de preciosas lembranças capturadas através de uma lente; Olha eu gosto muito disso em séries que assisto e Kaibutsu-Kun não fugiu a regra e também teve o seu momento de registro.
>Apesar do bom aspecto técnico, o baixo orçamento e a equipe reduzida, trouxe a tona diversos erros nos desenhos do storyboard com imperfeições de simetria e anatomias. Repare nas duas últimas imagens. Valeu HevertonGM, tinha me esquecido deste detalhe.