Você já imaginou se as baratas começassem a se desenvolver e
evoluir? Como as primeiras formas de vidas existentes na terra, que
sobreviveram à inúmeros apocalipses e situações desfavoráveis, foram caçadas e odiadas
pelo homem, e embora resistam bravamente, se elas tivessem consciência,
certamente nos odiaram, teriam a mesma repulsa que nós temos por elas.
Eu sempre pensei nisso, depois de ler muito sobre o ciclo
evolutivo das baratas. Se elas desenvolvessem a consciência e o raciocínio humano,
certamente não seriamos páreos para elas. Terra Formars é uma série que aborda todos
estes questionamentos, através de uma hipotética teoria cientifica. Com a alta
densidade do planeta Terra, a opção encontrada foi tentar criar condições de
vida em Marte, enviando musgos e baratas ao planeta vermelho para o processo de
terraformação. O que eles não esperavam é que as baratas fossem se desenvolver
ao ponto de se tornarem humanoides mutantes. As equipes enviadas para estudo
tiveram uma indesejável surpresa ao pousarem em Marte esperando baratinhas
nojentas e encontrando monstruosidades que pareciam saídas do mais terrível dos
pesadelos.
A primeira viagem tripulada ao planeta vermelho é estipulada
para 2018, mas na ficção o homem tem uma relação intima com Marte faz bastante
tempo. Ver Terra Formars é quase como uma viagem de volta ao passado, especialmente
no período da Guerra Fria, quando a ameaça fantasma fez com a ficção cientifica
criasse muitas histórias de naves tripuladas, com um grupo heterogéneo de astronautas
enfrentando o perigo de “estrangeiros”, em uma época muito distante da nossa. Em
meio a tudo isto, muito goriest (derramamento
de sangue e violência) manchando a tela, é claro. Era o subgênero da ficção
cientifica, assimilada à narrativa de horror.
O mangá de Terra Formars ganhará uma adaptação em anime
brevemente, na próxima temporada, e este OVA faz uma introdução com a segunda
equipe em voo tripulado a Marte, a BUGS II, após a misteriosa morte de toda a
primeira equipe enviada. A direção de Hiroshi Hamasaki (Iron Man: Rise of Technovore, Texhnolyze) e o roteiro de Shogo
Yasukawa (Hyperdimension Neptunia)
fazem um trabalho terrível ao tentar transpor 3 capítulos de aproximadamente 40
páginas em apenas 23 minutos. Ritmo ruim e roteiro simplificado são algumas das
consequências obvias ao tentar transpor tantas páginas assim sem realmente
pensar no material como uma adaptação, mas sendo muito mais uma transposição
resumida do original. É claro que o resultado não será bom. Há ainda umas
questões questionáveis na decisão artística da direção no que diz respeito à
alta exposição, com um narrador que parece estar narrando uma partida pelo
rádio, chegando ao ridículo de comentar a ação de cada personagem.
No mangá essa exposição soa bem mais natural e flui em um
ritmo melhor, partindo das perspectivas de pessoas com interesses comuns na
missão e com conhecimentos privilegiados, tecendo uma trama que revela muitos
jogos de interesses nos bastidores. Um dos aspectos mais interessantes, que não
é abortado neste OVA, é como o autor vai justificando paralelamente o asco que
as baratas humanoides parecem sentir pelo homem com o asco que é desferido pelo
mesmo homem à essas baratas, por milhares e milhares de anos. É uma visão sarcástica e uma sacada
perspicaz de trabalhar essa linha divergente que em algum momento chegará ao
seu clímax enquanto contextualiza a história de algum personagem que morreu ou
será morto.
Terra Formars é aquele tipo de história que sai uma demografia
adulta unicamente por sua violência gráfica, mas o conteúdo de darck shounen. Há
muitos exemplos, como Gantz e o atual Akame Ga Kill. Personagens repletos de parafernálias
e habilidades, arrancando cabeças e lutando contra o mal que ameaça as forças
do bem. Terra Formars é fiel a esta linha, com personagens miseráveis, com
histórias tristes e vivendo à margem da pobreza, sujos, esperançosos,
gananciosos e corajosos, todos almejando alguma coisa e pagando um preço por isso.
O dinheiro move as pessoas. A maioria nem dá tempo para se apegar, são gados.
Ao contrário do que se vê em uma história como Elfen Lied, o sentimento pelas
mortes é mais frio, o apelo é realmente na retratação da violência com uma boa
história ao fundo.
A pornografia não se restringe ao sexo e as pessoas
encontram satisfação nas formas mais inusitadas. É algo que ainda me fascina,
embora no caso deste OVA só haja o que lamentar.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Direção: Hiroshi Hamasaki
Roteiro: Shogo Yasukawa
Estúdio: LIDEN FILMS
Direção: Hiroshi Hamasaki
Roteiro: Shogo Yasukawa
Estúdio: LIDEN FILMS
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