O fim da jornada.
Confira a primeira review: Hitsugi no Chaika (2014): The Coffin Princess
A segunda parte de Chaika se diferencia substancialmente da
primeira, que cativava por seu senso de aventura ao estilo RPG e humor bobo – a
segunda faz jus ao título, e as aventuras em busca de reunir os restos mortais
do Imperador Gaz (Hideaki Tezuka) e
desvendar o passado misterioso de Chaika (Chika Anzai) dá lugar a uma intensa batalha e a nevoa em torno da origem de sua
origem enfim vai se dissipando gradativamente, episódio a episódio. Não é nada
surpreendente, e é bom ver o roteiro tratando isso com naturalidade, embora naturalmente
a verdade sobre sua origem acaba sendo um grande choque para Chaika, que vê sua
existência reduzida a uma mera copia programada apenas para reunir os restos
mortais de Gaz.
Hitsugi no Chaika Avenging Battle apesar de distinta do
primeiro cour de 12 episódios, pelo ritmo dos acontecimentos e urgência, também
é inicialmente divertido de acompanhar, com o plus de já conhecermos
intimamente aqueles personagens e nos envolvermos com sua busca por identidade
– porque no fim das contas, a razão que permeia a motivação de parcela
significativa dos personagens centrais é a busca pela identidade própria. Uma
temática que se une bem à proposta de uma light novel que é voltada para essa
parcela do publico. Porém, como se trata de uma corrida para o fim, o que
veremos no desfecho afeta significativamente a experiência do percurso.
Com apenas 10 episódios, o episódio final de Avenging Battle
condensa um grau de acontecimentos que não se comportam em apenas 24 minutos, é
evidente o ritmo periclitante que torna as ações que levam ao clímax algo sem
naturalidade, o que obviamente faz com que o clímax se torna um anticlímax,
pois não há tempo para uma boa absorção para tudo que está acontecendo e muito
menos para que cada ação dos personagens encontre seu timing correto. O que
temos é só um monte de acontecimentos reunidos por uma edição competente, mas
que não consegue fazer milagres. É decepcionante, é como escalar o Monte
Everest e não poder apreciar a paisagem ao chegar a topo por estar tudo coberto
por uma extensa neblina.
Por que Tohru (Junji Majima) luta?, o que ele deseja? O que o faz querer romper os seus limites
é a sua forte vontade de proteger aqueles que são importantes para ele, no
caso, Chaika Travant e Akari (Yuko Hara).
Motivado por ter falhado no passado, ele é capaz de abandonar seu orgulho como
sabotador, que na série ganha fortes contornos culturais, para conseguir este
poder. Mas Vivi Holopainen (Iori Nomizu) é o puro oco existencial, ela se destaca em um único momento em que a narrativa utiliza seu despertar como cliffhanger, para logo depois se tornar um espectro na história, seus conflitos são vagos, só o que é claro na personagem é a sua paixão por seu chefe imediato. A red Chaika Bohdan (Saeko Zogo) por sua vez é uma personagem que soa interessante e recebe mais atenção em Avenge Blattle, mas ainda se mantém uma personagem distante e figurativa, que pouco ou nada possui a acrescentar. São duas personagens que não recebem sequer seu momento de catarse, reafirmando-as como personagens meramente figurativas. Suas caracterizações são pobres, e o clímax do conflito de
cada uma delas é o que poderia redimir isto, mas ele inexiste.
Chaika, por outro lado, tem uma base sólida, quando ela diz
que irá matar o pai para enterrá-lo é um momento virtuoso – eu que temia que
Tohru, por ser o protagonista e figura masculina em uma obra de origem
demográfica masculina, acabasse tomando para si o papel de matar Gaz, me
surpreendi positivamente e pude respirar aliviada; Chaika é a personagem título
e peça central no conflito que faz a história acontecer, o motivo do enredo é a
resolução do seu drama, e o antagonista está intrinsecamente ligado a ela,
portanto narrativamente o momento de catarse deve envolver os dois personagens
e apenas eles, para que se crie um sentido de realização e entrega. Porém,
mesmo ela foi drasticamente afetada pelo ritmo desestruturado, e o recurso
encontrado para abater Gaz por mais que fosse o esperado, acontece de modo nada
convincente – digno do infame Key Magic,
famoso recurso narrativo das obras da produtora Key (CLANNAD, AIR, Little busters!), que consiste em resolver uma
situação dramática no último momento de um modo quase mágico. Com a exceção que
Avenging Battle ao utilizar similar recurso não está amparado pelo apelo
emocional construído no decorrer da narrativa e sequer obter sua licença
poética.
Niva Lada (Sachie Hirai) é uma arma senciente e tem personalidade. Sem surpresas, no último
momento ela escolhe Chaika, mas por que razão ela iria preterir seu criador e
escolher a criatura? Ela trava quando Gaz a aponta para Chaika, é fácil olhar
em retrospectiva e perceber que o roteiro se ampara em uma situação criada
episódios atrás, quando Chaika coloca sua fuga em risco para libertar Niva, e
passa a trata-la respeitavelmente como parte do grupo, alguém que era digna de
igual afeto. No entanto, após escolher Chaika, Niva retorna à sua forma de arma
e é trancada em um deposito vigiado. Não há nada que implique que possua emoções, no fim de uma com inteligência artificial. Ou seja, se a narrativa optou por estas
circunstâncias para a reviravolta, falha miseravelmente em expor apelo
emocional como a razão para a escolha de Niva. Isto não funciona assim. O ritmo atropelado e falta de timing no episódio final de Hitsugi no Chaika Avenging
Battle não entrega a recompensa da jornada.
O último volume da light novel original virá acompanhado de
um OAD (episódio especial), que ao que parece não deverá acrescentar nada, mas mostra o lado simples e divertido da série.
Nota: 06/10
Diretor: Soichi Masui
Diretor: Soichi Masui
Composição de Roteiro: Touko Machida
Trilha Sonora: Seikou Nagaoka
Estúdio: BONES
Tipo: TV
Episódios: 10
Páginas: ANN, MAL
Trilha Sonora: Seikou Nagaoka
Estúdio: BONES
Tipo: TV
Episódios: 10
Páginas: ANN, MAL
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