[A aferição da Alma]
Esse episódio de PP2 é excepcional. Kamui inunda um metrô utilizando
500 passageiros como cobaias, com ele e seus seguidores disparando as
Dominators consecutivamente neles para desencadear sobrecarga no Sistema
Sibila, e assim acharem uma brecha no sistema que entregue o seu paradeiro – é
um bom plano, mas Choe Gu-sung precisou de bem menos possuindo menos influência
que Kamui. É difícil aceitar que com todos os recursos e influências, ele não
conseguiria obter o paradeiro da central do sistema de um modo mais simples,
ainda mais quando ele fica em um ponto tão obvio. Mas, mesmo se dermos o
beneficio da dúvida ao réu, como crer que o Sibila, sob iminente ameaça, não
elimine os direitos de usuário de Shisui e demais inspetores, ao mesmo tempo
que ameaça Akane de remoção dos seus direitos como inspetora, e
consequentemente tornando-a incapaz de usar sua Dominator? Parece surreal.
As Dominators só funcionam em sincronia com o Sistema e só
ativam ao fazer a leitura sensorial do usuário, fato que ocorre em dois
momentos distintos: quando o usuário/inspetor toma porte e libera o acesso para
demais justiceiros e no momento de cada disparo, exigindo a leitura da retina. Ainda
que pensemos que Kamui pudesse ter feito qualquer reparo, tirando o controle do
Sibila, é algo que não faz sentido quando pensamos que o olho implantado de
Shisui serve exatamente a este objetivo, torna-lo um usuário válido. Esperava
que a ambiguidade do Sibila em relação a NÃO exclusão de Shisui do banco de dados, enquanto
liberava uma chacina à luz do dia, pudesse ter uma justificativa (afinal, é uma contradição tão tola... será
que ninguém na staff percebeu isso? Provavelmente todas as atenções estão
voltadas para o filme), mas é uma possibilidade que agora se mostra fora do
alcance.
Mika continua sendo um exemplar humano miserável, covarde, incompetente e agora complexada, a um passo de perder a sanidade, ela está
completamente perdida. Sadicamente as cenas dele neste episódio rendem alguns
dos momentos mais divertidos – em termos de construção de personagem, porém,
acabou sendo decepcionante. Conceitualmente, seus conflitos são humanos, mas
falta uma alma e sobra caricatura. Talvez ainda haja tempo para uma redenção:
seria no mínimo curioso e divertido a personagem sucumbir ao seu maior receio e
se tornar uma justiceira – a verdade é que o modo como disseram que ela é
assintomática é muito suspeito, além de ser algo que não serve a proposito algum
dentro da narrativa [mesmo a desculpa de que ela serviria para encontrar o
paradeiro da avó de Akane é algo barato, afinal, se Mika tem acesso a estes
dados como inspetora, por que Kasei não teria?]. Ademais, seria uma reviravolta
interessante, manter Mika na mesma posição, sem evolução ou aprendizado,
faltando apenas um episódio é algo que contribuiria para a sensação de que esta
temporada não passou de uma fanfic, além de narrativamente terrível. Bem, eu
realmente sinto pela personagem, possuía personalidade e gênio forte, um
elemento conflituoso num ambiente de harmonia com características muito
humanas, mas com um desenvolvimento que não acompanhou seu potencial.
Do que mais se destacou positivamente no episódio, o que me
levou de volta aos tempos áureos foi o embate psicológico de Akane que enfim se
defronta com a questão progenitora da premissa desta temporada; seu maior
conflito desde que escolheu um lado, a fé em seus ideais. Depois de passar um tempo atordoada e com cara de ressaca moral, é bom ver Akane reagindo, mesmo que seja por uma emoção de extrema revolta, aferindo-lhe forte impulso de fazer justiça com as próprias mãs. No mundo de
Psycho-Pass, quem mata usando uma arma que não uma Dominator, é considerado um
assassinato. Enquanto na primeira temporada vemos que os inspetores são
destituídos de capacidade de julgamento por não serem de fato eles que
determinam a sentença final, Akane aqui se defronta com uma questão clássica
presente em vários quadrinhos de heróis, como Batman, Super-Homem e
Homem-Aranha, em que o herói precisa lutar contra seu desejo de fazer justiça
com as próprias mãos. É uma batalha psicológica que definitivamente determina o
que são e os seus ideais. De certo, se optam por puxarem o “gatilho”, não mais
poderão continuar sendo o que são e tampouco terão a moral de continuar a
defender a ideologia no qual defendem – qual leitor/expectador continuaria
acreditando e sentindo verdade na razão de existir/motivação daquele personagem,
se ele traiu a si mesmo? Quando uma narrativa opta por este caminho, a
trajetória do personagem e da história toma um novo rumo, mais trágico e
psicologicamente corrompido.
Obviamente, este desfecho não possui o requinte de A Piada
Mortal ou o peso dramático de O Cavaleiro das Trevas, mas o momento em que
Akane está devastada sobre a cadeira e a memória afetiva de Kougami se
materializa à sua frente, é um momento tão bonito e de rara reflexão
existencial [nesta temporada], que por alguns instantes pensei estar assistindo
alguma cena da primeira temporada. Penso que o sorriso que se formou em meu
rosto me acompanhou até o final do episódio. Já esperava que Akane fosse perspicaz
suficiente para manjar qual era a de Tougane, mas a saída que encontra para
resolver da encruzilhada em que se encontra, propondo o paradoxo de onipotência
foi surpreendente – Quis custodiet ipsos
custodes? Questão proposta por Platão em A República, acerca de governo e
moralidade. Essa pergunta que originalmente é feita por a Sócrates, “Quem
guardará os guardiões?” – ou sendo mais exata, que vigia os vigilantes? –, e
Plantão responde em sua obra, dizendo que os guardiões irão se proteger deles
mesmos, e para isso, deveriam contar uma mentirinha carinhosa, que mostraria que
eles são melhores do que aqueles que eles servem, sendo então dignos da
superioridade e do dever de proteger aqueles inferiores. Esse conceito ilustra
a ideia da necessidade de separação dos poderes, evitando que todo poder se
concentre na mão de uma única pessoa ou pequeno grupo tirânico, algo comum em
distopias. Essa é em si a base do Sistma Sibila, que desencoraja qualquer
pensamento crítico e transpassa a imagem um órgão isento de falhas e julgamento,
se tornando uma onipotência que não deve ser jamais questionada – o que faz com
quê os personagem temam por ir contra qualquer posição estabelecida pelo Sibila.
Era esperado que o Sibila fosse recusar ser julgado, pois
vai contra a ideia de tudo o que representa. Mas seria interessante se pudéssemos
ver isto aplicado, e como se desenvolveria uma possível solução para este
paradoxo, embora para mim pareça obvio que Sibila fosse trapacear, pois o
julgamento entre entidades coletivas assintomáticas através de Dominators
desafia a lógica do sistema. Não consigo imaginar um resultado não manipulado
saído dai. É por ser um problema com aparente impossibilidade de resposta
definitiva, que é um paradoxo. Ainda assim, imagino que Misako Tougane deva ser
julgada ou pelo próprio Sibila pelas suas ações ou por Kamui. A bem da verdade,
ao chegarmos ao fim da série, a própria motivação de Misako em deixar um sujeito
potencialmente perigoso como Kamui agindo livremente enquanto brinca com o
filho em um jogo de escurecer matizes de inspetores, soa algo bastante
estúpido. Por isso, acreditei que talvez houvesse motivos mais consistentes ao
fundo, o que não se provou verdadeiro. Não é inteligente, é pura tolice abrir
mão de uma agente com a capacidade de Akane em prol de um simples jogo (é apenas um jogo, afinal, se quisessem
apenas eliminá-la por conhecer o segredo do sistema, não seria algo difícil
para Kasei). É algo que está intimamente em desacordo com a boa visão de
jogo e intelecto do antigo usuário de Kasei. No entanto, se tratando de Misako,
ela realmente soa como uma mãe que coloca os caprichos do filho em primeiro
lugar, e apesar de ter uma mente de alta capacidade cientifica, não parece boa
o suficiente para julgar ou gerir. De certa forma, é um exemplo peculiar do
tipo de assintomáticos que formam o sistema Sibila e da liberdade individual
que exercem quando estão no controle da chefe de estado. No entanto, depois de
mostrar tantas falhas bisonhas, se o sistema não faz nada a respeito de Misako,
não poderão convencer ninguém que são uma entidade coletiva com intelecto acima
da média.
Acho que talvez teria sido melhor se no fim das contas,
fosse mesmo o Makishima, testando a fé de Akane, para ver se ela poderia se manter
firme em seu proposito. Agora só falta um episódio e estou muito curiosa de
como tudo irá terminar tendo que manter todos estes personagens centrais
intactos, com exceção de Kamui.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Hiroshi Kobayashi
Diretor Auxiliar: Ryota Ito
Storyboard: Ryota Ito
Diretor de Animação: Jiemon Futsuzawa, Noriyuki Imaoka, Ryou Nishikawa
Composição de Roteiro e argumento: Tow Ubukata
Direção: Naoyoshi Shiotani
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-Porra!! Sério mesmo, me custa a acreditar que com uma conceitualização dessas, com milhares de cérebros suspensos em caixas ligados por cabos formando uma inteligência coletiva as pessoas ainda tenham ficado putas com os cérebros múltiplos costurados em Kamui, com as mais de 100 partes costuradas neles, quando essencialmente a ideia é mesma, e igualmente inconcebível se pensarmos na na ciência do nosso mundo. Embora eu compreenda, afinal cérebros suspensos, desempenhando todas as suas funções por longa data e interligados fora do corpo humano é algo que soa menos ofensivo, mesmo que igualmente absurdo, diferente de várias partes costuradas num corpo humano, que é condicionado negativamente à produções B e trashs, com o qual crescemos. O cérebro humano é mesmo curioso.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH KOOOOOOOU QUE SDDS UGUUU >_<
Awn tão fofo ele com a Akane s2
-O uniforme utilizado por eles é o mesmo da organização terrorista do filme, do qual Kougami faz parte, mas evidentemente as facções devem ser diversas e Kou não deve estar diretamente envolvido neste caso... No entanto, deve estar ciente. O que será que ele pensa a respeito? Deve estar ansioso para ver como sua discípula se sai.
-O alvo de uma Dominator em modo letal deve ter sua parte atingida inflada até estourar, podendo se restringir a uma parte do corpo ou corpo inteiro. Nesta cena isto não acontece, mas deveria. O modo letal não deixa a opção de apenas paralisar, que só surge com coeficientes abaixo de 300. E o alvo do Kamui tinha menos de 300. Com os indicares de coeficiente aparecendo na tela, é desnecessário que ele diga para aplicar o modo paralisante, já que não é como se eles possuíssem a opção de escolher. É claramente um diálogo expositivo, e desnecessário.
-Os efeitos do medicamento de Kamui parece estar começando a mostrar reações adversas... isso vai ser interessante.
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