quarta-feira, 6 de julho de 2011

Kami-sama Dolls: God Meets Girl


Mesmo diante das críticas iniciais, eu mantive uma certa esperança quanto á adaptação de Kami-sama Dolls, afinal, o estúdio por trás do projeto é sério. O Brain's Base mesmo não sendo muito regular, tem Denpa teki na Kanojo (ver resenha aqui), Durarara!! Baccano! como exemplos de animes bem produzidos e com uma pegada mais seria que se fossem parar nas mãos de um estúdio como J.C.STAFF (eu gosto do estúdio, mas tem séries que definitivamente não são o perfil desta empresa) teriam uma outra identidade visual. A estréia não me desapontou e ainda me deixou com altas expectativas, o que não é muito bom, pois pode acontecer dos próximos não corresponder ao meu hype.


No anime, acompanhamos a história de Kyouhei, um garoto recém saído do interior para Tóquio, onde acaba reencontrando com Shiba, que também morava no interior quando criança. Não é todo dia que vemos uma série que gira em torno de um culto misterioso á um boneco robô, ao qual é chamado de “Kukuri” que são controlados por um seleto grupo de moradores denominados como “Saki”, que acreditam que estes são conchas vazias de Deus, aka, o Kami-sama do titulo da obra concebida por Yamamura Hajime faz todo sentido. Além de ser o thriller de suspense da temporada, acho que um dos melhores detalhes de Kami-sama Dolls é o fato dos personagens serem estudantes universitários numa faixa etária de 18 anos acima, sendo que a mais nova ali é Utao Kuga, irmã do protagonista. Pode parecer pouco, mas a grande maioria dos animes que estréiam, são sobre adolescentes e lolis. Nada contra (já que também sou consumidora de tais séries), apenas uma constatação.


O tom mais escuro, calcado pelo suspense é um atrativo e tanto, com um primeiro episódio de caráter introdutório, porém bem sólido e bem dirigido, apresentando rapidamente os personagens e dando os um raso aprofundamento apenas com alguns diálogos. O resultado é que já da pra sentir uma certa empatia por eles e olhe que Kyouhei é o tipo de protagonista meio vacilante e tímido ao extremo com mulheres que causam um certo pavor nos otakus brasileiros. Alias, já fica obvio o fascínio dele pela sua amiga, Hibino Shiba, que deverá proporcionar bons momentos para os shippers de plantão. Tom de romance, combinado com o humor leve da série, que deve ser a base da maioria dos episódios que devem ficar com o flerte do suspense até o terço final do anime, onde as coisas realmente deve esquentar pra valer.


Como disse, já começamos com um assassinato bizarro no elevador, tendo como testemunha Kyouhei e Hibana. Os calafrios de Kyouhei já mostram que há algo de errado e já somos blindados com uma boa cena que movimenta a trama. Ele recebe uma visita inesperada de sua irmã, junto com seu “Kukuri”. Ela veio lhe trazer o recado de que Aki, amigo de infância de Kyouhei acabara de fugir da prisão, aonde vinha sendo confinado devido á uma serie de assassinatos que este cometera na vila onde moravam. O ápice é sem duvidas na aparição de Aki, já explodindo tudo. Não sei mais a fundo sobre o personagem, mas gostei do seu estilo psicopata.  


Os produtores conseguiram passar uma boa idéia de que há um conflito acontecendo, muitas dúvidas quanto aos moradores desta vila e os segredos que estes guardam consigo e que com certeza deve ter uma ligação com a chacina proporcionada por Aki. Kami-sama Dolls combina de uma forma interessante, o estilo urbano com o rural de uma aldeia repleta de segredos sombrios. Até mesmo a relação da família de Hibana Kuga, que mantém laços estreitos ainda com o povo da aldeia, estes que parecem ser bem influentes e que me lembraram aqui a família Sonozaki, em Higurashi no Naku Koro ni.  


O titulo do próximo episódio (algo próximo de, “Treinando seu Kami-sama”), mostra que o anime devera combinar momentos de descontração e ação, deixando a parte interessante para o final, onde a trama oculta deverá vir à tona. Com um anime de 12 episódios, provavelmente dará para contar o mínimo da trama do mangá sem comprometer a adaptação e o interesse do publico. Obviamente, o fato de ser um thriller recheado de momentos cômicos alá “comedia romântica” ajuda bastante o fato de ser uma temporada de 12 episódios para 8 volumes encadernados do mangá, pois pode se cortar bastante coisas que não farão tanta diferença no enredo. Mas fica a dúvida quanto ao final a ser produzido.


A qualidade da animação estava na média, porem boa para o padrão tv, o que não é surpresa considerando se tratar da Brain’s Brase, que tem seus problemas, mas consegue inserir boa qualidade em suas séries mais medianas. Gostei do roteiro adaptado por Makoto Uezu (o mesmo por trás de School Days e o excelente Katanagatari)  e parece que mantém o controle da história e não cairá nos erros do colega de Deadman Wonderland. Gostei do estilo de direção de Seiji Kishi e as poucas cenas de ação foram muito boas e os personagens, mesmo possuindo o velho protótipo clichê, são carismáticos. Kyouhei é o típico protagonista “fraco”, mas que tem uma força escondida dentro de si e mantém sua paixão “secreta” pela amiga de infância. Hibana a garota simpática e peituda, gostei bastante dela principalmente pelo fato de demonstrar ter o mínimo de inteligência e não estar ali apenas para o fanservice. Utao, a típica irmãzinha loli ciumenta que deverá deixar o pessoal que curte esse tipo de fanservice bem contente, o que resultará em muitos doujins, mas não espere encontrar isso no anime. E Aki é o manjado psicopata vazio e demente, não deverá ser um grande personagem, mas ao menos proporcionará diversão. Fora, os outros que devem ser introduzidos na trama. Não há calcinhas ou qualquer tipo de fanservice exposto (e censurado) até aqui e aparenta que não seguirá por este caminho.


Chiaki Ishikawa está impecável com sua "Fukanzen Nunsho", música da abertura de Kami-sama Dolls e que tem um tom bem latino e que combina com a animação colorida. Aliás, a animação é bem simples, verdade e composto por imagens - quase - estáticas de apresentação de personagens, mas eu gostei do resultado. Foi uma forma até inteligente de se utilizar os poucos recursos. O encerramento tem uma melodia agradável composta também por Chiaki Ishikawa, com apenas os personagens e preview do próximo episódio, nada que motive a continuar assistindo-a. Kami-sama Dolls  pode ser bem divertido afinal de contas e já me sinto tentada a voltar a ler o mangá. Mas claro, é apenas um “primeiras impressões” e a impressão deixada foi ótima, vejamos como eles vão desenvolver toda essa trama e seus personagens.