Another é a grande aposta do fandom de animes para essa Temporada de Inverno, nem tanto pela
sua sinopse, que convenhamos é bem fraca e clichê (e numa temporada repleta de Blockbusters como na próxima Temporada de
Primavera passaria quase despercebido), mas é mainstream o suficiente pra
atrair a atenção do público convencional. Com isso, Another estreia com uma
grande hype formado em torno de si, ainda que com algumas desconfianças. Seu
anuncio pela PA Works, causou uma certa surpresa, afinal, o estúdio de obras
como Angel Beats e o bem sucedido
financeiramente Hansaku Iroha, não
tem tradição de apostar nesse tipo de temática. O que não quer dizer nada e o PA
Works é um estúdio que sempre imprime boa qualidade técnica em suas produções,
vamos ver então como se deu sua estreia com um anime de terror.
Como boa parte das tramas do gênero, Another se passa em uma
cidade pequenina e se utiliza de alguns loops temporais para desenvolver sua
linha narrativa. Como eu disse boa parte das histórias do gênero, se utilizam
de velhos conceitos, que continuam a fazer a cabeça dos pré-adolescentes e
fissurados em histórias sobrenaturais. Em Another, há uma lenda urbana,
segredos que não podem ser compartilhados, incidentes que cortam a monótona rotina
e um grande segredo escondido no passado. Na década de 1970, há 26 anos, uma popular
estudante, Misaki, morre e deixa uma sequela traumática para seus colegas de
classe. Retornamos novamente ao tempo atual, Kouichi Sakakibara é a figura
estranha da obra, estudante que se transfere (SEMPRE ASSIM) da cidade grande, para o interior por algum motivo e
se sente atraído pelo “fantasminha” de Misaki e todo mistério em volto da
escola e seus estudantes.
Okay! Já vimos isso em Higurashi.
Também já vimos isso em Shiki e em
mais umas trocentas séries do gênero. Sem problemas, pois a velha e batida
formula, ainda resiste firme no fascínio coletivo. O maior problema é que
Another se vende como um produto que está longe de gerar qualquer impacto em
quem assiste. E aqui, evito qualquer comparação com o mangá (que também li e não curti tanto) e
obviamente, a Light Novel, da qual é baseada. O problema nem está no fato de se
vender como terror, uma vez que nem todo terror se pré-dispõe a ser assustador,
podemos pegar como exemplo, Shiki e Le Portrait de Petit Cossette – Ambas as
obras, trabalham no mesmo terreno de Another, o suspense psicológico. Já
Another, além de não assustar, também falha na forma como desenvolve o
suspense, tanto narrativo, quando visualmente. Imagens aleatórias de bonecas com
cortes abruptos da narrativa visual, numa tentativa de causar uma ansiedade,
apenas faz a história parecer mais forçada. O que denuncia uma falta de tato da
equipe envolvida na produção do anime, que vai desde o desenvolvimento da
história, até o character designer, que apesar de extremamente lindo, não ajuda
em nada a passar um clima de suspense psicológico.
O diretor, Tsutomu Mizushima, é experiente, já trabalhou com
histórias com enfoque sobrenatural, como xxxHOLiC
(todas as temporadas e OVAs), onde
conseguiu desenvolver bem todo um clima agradável, leve, mas ao mesmo tempo,
misterioso envolvendo as personagens do grupo CLAMP. Inclusive, em alguns
episódios, há histórias de cunho mais aterrorizante, que são fantásticas. Em Yondemasu yo, Azazel-san, ele também
conseguiu transmitir bem toda a sensação de “CREEPY” que este anime propôs, mas
parece que, depois do seu fracasso em Blood-C, ele vem falhando na direção. E
tanto Blood-C, quanto Another são
verdadeiramente obras que cabem na etiqueta do “horror”, mas que dependendo da
receptividade desse último, mostra que Tsutomu Mizushima deve repensar seus critérios.
Como já comentei anteriormente, o character designer original de Noizi ITO,
mesmo de Suzumiya Harui, soa completamente equivocado para Another. É bonito
demais, redondinho demais, suave demais (faz
soar como anime de terror pra crianças de 8 anos). Será que algo tão belo e
atraente, consegue provocar tensão em alguém? Veremos.
Ainda que Another até aqui, não tenha me instigado, nem dado
aquele tesão de continuar assistindo empolgadamente com apreensão ligada no talo, o PA Works
construiu uma fotografia simplesmente sensacional nesse primeiro episódio. Os ângulos,
a animação fluida, a paleta de cores, a luminosidade, tudo muito bonito. A
trilha sonora a cargo do grupo Ali Project também estava ótima. Eles estão se
esforçando e espero que Another venha a me surpreender mais a frente. Mas
sinceramente, não tenho nenhuma expectativa com essa adaptação. A pouca que
ainda mantinha, acabou se perdendo nas primeiras impressões que tirei do
primeiro episódio. Falta o sentimento, o elemento misteriosamente arrebatador
de Shiki, criado em cima de um
suspense intrigante e bem obscuro. Ou simplesmente, a força arrebatadora dos
personagens de Le Portrait de Petit
Cossette. Mas vamos lá, PA Works, me surpreenda.
Diretor: Tsutomu Mizushima
Roteiro: Ryou Higaki
Estúdio: PA Works
Episódios: 12