terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Primeiras Impressões: Another Estreia Não Convencendo



Another é a grande aposta do fandom de animes para essa Temporada de Inverno, nem tanto pela sua sinopse, que convenhamos é bem fraca e clichê (e numa temporada repleta de Blockbusters como na próxima Temporada de Primavera passaria quase despercebido), mas é mainstream o suficiente pra atrair a atenção do público convencional. Com isso, Another estreia com uma grande hype formado em torno de si, ainda que com algumas desconfianças. Seu anuncio pela PA Works, causou uma certa surpresa, afinal, o estúdio de obras como Angel Beats e o bem sucedido financeiramente Hansaku Iroha, não tem tradição de apostar nesse tipo de temática. O que não quer dizer nada e o PA Works é um estúdio que sempre imprime boa qualidade técnica em suas produções, vamos ver então como se deu sua estreia com um anime de terror.

Como boa parte das tramas do gênero, Another se passa em uma cidade pequenina e se utiliza de alguns loops temporais para desenvolver sua linha narrativa. Como eu disse boa parte das histórias do gênero, se utilizam de velhos conceitos, que continuam a fazer a cabeça dos pré-adolescentes e fissurados em histórias sobrenaturais. Em Another, há uma lenda urbana, segredos que não podem ser compartilhados, incidentes que cortam a monótona rotina e um grande segredo escondido no passado. Na década de 1970, há 26 anos, uma popular estudante, Misaki, morre e deixa uma sequela traumática para seus colegas de classe. Retornamos novamente ao tempo atual, Kouichi Sakakibara é a figura estranha da obra, estudante que se transfere (SEMPRE ASSIM) da cidade grande, para o interior por algum motivo e se sente atraído pelo “fantasminha” de Misaki e todo mistério em volto da escola e seus estudantes.


Okay! Já vimos isso em Higurashi. Também já vimos isso em Shiki e em mais umas trocentas séries do gênero. Sem problemas, pois a velha e batida formula, ainda resiste firme no fascínio coletivo. O maior problema é que Another se vende como um produto que está longe de gerar qualquer impacto em quem assiste. E aqui, evito qualquer comparação com o mangá (que também li e não curti tanto) e obviamente, a Light Novel, da qual é baseada. O problema nem está no fato de se vender como terror, uma vez que nem todo terror se pré-dispõe a ser assustador, podemos pegar como exemplo, Shiki e Le Portrait de Petit Cossette – Ambas as obras, trabalham no mesmo terreno de Another, o suspense psicológico. Já Another, além de não assustar, também falha na forma como desenvolve o suspense, tanto narrativo, quando visualmente. Imagens aleatórias de bonecas com cortes abruptos da narrativa visual, numa tentativa de causar uma ansiedade, apenas faz a história parecer mais forçada. O que denuncia uma falta de tato da equipe envolvida na produção do anime, que vai desde o desenvolvimento da história, até o character designer, que apesar de extremamente lindo, não ajuda em nada a passar um clima de suspense psicológico.

O diretor, Tsutomu Mizushima, é experiente, já trabalhou com histórias com enfoque sobrenatural, como xxxHOLiC (todas as temporadas e OVAs), onde conseguiu desenvolver bem todo um clima agradável, leve, mas ao mesmo tempo, misterioso envolvendo as personagens do grupo CLAMP. Inclusive, em alguns episódios, há histórias de cunho mais aterrorizante, que são fantásticas. Em Yondemasu yo, Azazel-san, ele também conseguiu transmitir bem toda a sensação de “CREEPY” que este anime propôs, mas parece que, depois do seu fracasso em Blood-C, ele vem falhando na direção. E tanto Blood-C, quanto Another são verdadeiramente obras que cabem na etiqueta do “horror”, mas que dependendo da receptividade desse último, mostra que Tsutomu Mizushima deve repensar seus critérios. Como já comentei anteriormente, o character designer original de Noizi ITO, mesmo de Suzumiya Harui, soa completamente equivocado para Another. É bonito demais, redondinho demais, suave demais (faz soar como anime de terror pra crianças de 8 anos). Será que algo tão belo e atraente, consegue provocar tensão em alguém? Veremos.


Ainda que Another até aqui, não tenha me instigado, nem dado aquele tesão de continuar assistindo empolgadamente com  apreensão ligada no talo, o PA Works construiu uma fotografia simplesmente sensacional nesse primeiro episódio. Os ângulos, a animação fluida, a paleta de cores, a luminosidade, tudo muito bonito. A trilha sonora a cargo do grupo Ali Project também estava ótima. Eles estão se esforçando e espero que Another venha a me surpreender mais a frente. Mas sinceramente, não tenho nenhuma expectativa com essa adaptação. A pouca que ainda mantinha, acabou se perdendo nas primeiras impressões que tirei do primeiro episódio. Falta o sentimento, o elemento misteriosamente arrebatador de Shiki, criado em cima de um suspense intrigante e bem obscuro. Ou simplesmente, a força arrebatadora dos personagens de Le Portrait de Petit Cossette. Mas vamos lá, PA Works, me surpreenda. 

Diretor: Tsutomu Mizushima
Roteiro: Ryou Higaki
Estúdio: PA Works
Episódios: 12