terça-feira, 29 de maio de 2012

Comentários: Fate/Zero Episódio 21 ~ O Último Guerreiro Do Amor


A "síndrome da tragédia" ainda continua dentro de mim. Será esta, uma doença terminal? Devo desistir de ser o puro “guerreiro do amor, que eu ansiava”? – Comentário de Gen Urobuchi que acredito expressar bem toda essa situação envolvendo o único herói ainda ~puro~ da história. Faz parte do posfácio do autor, no light novel original. Assim como também, nada melhor do que começar com a imagem do scrip do episódio 21, com Saber, e sua moto, com as chaves na mão, convidando a audiência para uma voltinha alucinante!

Foram 6 minutos de pura adrenalina, com uma perseguição que não foi apenas cinematográfica, mas também de tirar o folego!! Haha me senti jogando Need for Speed e exatamente por isso que você tem que se despir um pouco do eu censo de lógica e apreciar esse belo espetáculo. Olha, eu acredito que esta é a melhor sequência de ação no anime inteiro e uma das cenas mais fantásticas da animação em todo o ano (incluindo ai, o fantástico espetáculo musical orquestrado por Shinchiro Watanabe em Sakamichi no Apollon episódio 07). Aqui, Ei Aoki demonstra controle absoluto, não apenas como diretor, mas também com relação à fotografia. Fiquei curiosa com relação à parte técnica do episódio e fui uma olhadinha na enciclopédia do ANN, e para minha surpresa vi Ei Aoki creditado com o Storyboard, enquanto Akihiko Uda assume a direção do episódio. E bem, a força acabou se concentrando no lado emocional, porém visualmente esse episódio tem uma força incrível. Detalhismo visual, direção, animação e diferente da ação aleatória do filme Unlimited Blade Works, você consegue se envolver com tudo que está acontecendo ali. O que eu penso ser fundamental até mesmo nos mais simples filmes de ação. É algo que até Sylvester Stallone, entende. Você tem que sentir o que está acontecendo na tela, para que aquilo ganhe um significado a mais no seu gozo final.




Acho que todos preferem a animação tradicional, desenhada à mão, mas o estúdio ufotable, demonstra uma técnica sensacional ao fundir 2D com CGI, de uma forma que soe bem natural. Éh, eu fiquei babando nessa sequência, porque não é todo dia que vemos algo assim, seja longa metragem ou animação para tv.  Desde a coreografia, à composição de cena, você pode ir assistindo dando pause, que não encontra nenhuma inconsistência e o trabalho de câmera foi executado com maestria, nos passando uma sensação de velocidade, mesmo que acomodados em nossos acentos. Ah, a BGM soou extremamente agradável e adequada. E beeeeeeem, além da cena toda ser TOP NOTCH, não posso deixar de comentar um ponto especifico dela: Saber dando uma de Kamen Rider Black RX em sua moto. LOOOOOOOOOL CARÃÃÃÃ!!!!! Eu. Fiquei. ALU-CI-NADA. Eu quero isso, ou melhor, eu quero isso aqui pra mim. <<<<<< Nesse momento, eu fiquei totalmente Herp Derp.

Parece óbvio, mas vou dizer mesmo assim. A Saber, percebe que a moto não iria resistir à pressão, então a reveste com sua armadura e assim a impede de cair aos pedaços pelo caminho, além de se utilizar de ar invisível para eliminar a resistência do ar ao redor e assim, fazê-la ganhar velocidade. É como se fosse algo, no olho do furação. Não podemos nos esquecer de que a Saber, é da classe dos cavaleiros e possui extrema habilidade de montaria, para ela a moto é como um cavalo. O encontro de Saber com Rider, não foi tão intenso como esperava (e perde o tom, na adaptação), mas eu gostei. Postura da Saber, sempre superior e a cara de Rider quando percebe que é páreo pra ela (naquelas circunstâncias), é simplesmente impagável.  Ela percebe que ele não está com a Iris e como já desconfiava, não é algo típico do nosso Rei. Além, claro, dela não saber que ele não possui o seu Reality Marble, e assim, mesmo que Iris não estivesse ali, Rider jamais a deixaria escapar sem uma luta. Raciocínio obvio da personagem, que então resolveu então utilizar o seu Excalibur. E que lindo, eu não me canso de assistir esse golpe. É majestoso, embora aqui tenha sido mais rápido.


O fato é que na batalha de Gordius Wheels vs Excalibur, Saber sempre levará a melhor. É o ataque que Rider mais utilizou durante a série: No episódio 06, contra Berseker, contra a base de Caster, no episódio 12, contra o pavoroso monstro de Cthulhu gigante, no episódio 14. Mas está longe de ser um ataque mortal e eficaz contra alguém do mesmo ou de porte superior. Porém, abdica de usar o seu Phantasm Noble mais poderoso, Aionion Hetairoi (que a propósito, não foi capaz de deter o Cthulhu). Mesmo sendo excêntrico e arrogante Rider demonstra uma grande preocupação com relação à Wave.

-"Como nós vamos voltar para a cidade?"
-"bem..."
-"Vamos ter que andar"
-"Sim, acho que sim..."


 "Você tem o mesmo cheiro que eu"


E bom, mudando de foco. Zouken mostra mais uma de suas várias (oh, se você já está odiando esse ser, nem queira imaginar do que mais ele é capaz) facetas miseráveis. Para os mais moralistas, Fate/Zero deve ser uma experiência um tanto quanto dolorosa. O coração deve ficar pequenininho e a indignação fica a flor da pele. Isso não acontece muito comigo não, acho que porque tenho uma veia sádica aqui, que adora ver um belo espetáculo dramático e desesperançoso. E aqui, nos temo uma verdadeira tragédia shakespeariana. Apenas nesse episódio, tivemos enfim, os dois principais antagonistas de Fate/Stay Night frente a frente e aparentemente o fato de ainda ser comparado a um sujeito como Zouken, incomoda Karia. Será que ele ainda possui um lado que questiona interiormente? HÃ? Infelizmente, tudo soa mais como White vs Black, bem vs mal. Se fosse para dizer qual o personagem mais prejudicado na adaptação, eu diria que sem dúvidas é Kirei. A premissa de Fate/Zero é basicamente um duelo entre Kiritsugu e Kirei, mas vimos mais de um, do que outro. Todas as nuances que faziam de Kirei um vilão tão extraordinário, acabou se perdendo, embora ainda seja perceptível através de detalhes como o que citei, de que ele ainda tem dúvidas dentro de si. A parte onde ele e Gil apreciam o espetáculo da queda de Kariya, e experimenta o vinho, dizendo que o mesmo possui um sabor diferente do que ele já experimentara, é sutilmente incrível. Antes de dar a segunda tragada, ele fica imerso dentro de si mesmo e com a promessa de Gil, ele entorna a taça na boca, como se ali ele deixasse de lado o resquício que ainda tinha de humanidade.

-E então, Kirei, o que acha?
-O gosto do vinho...É diferente daquele que eu me lembrava (aqui, a importância do flashback dele, faz um pouco de falta)
-Então, eu irei me certificar de que você entenda o que significa expandir seus horizontes.
-Se o gosto for magnifico como esse, eu adoraria experimentar novamente. (o resto, todos que conhecem FSN, já sabem...)


E quem diria, Kirei acaba se mostrando ainda mais estrategista do que Kiritusugu, que por “pior” que seja jamais traçaria um plano como esse. Acho... não.... ele traçaria sim. HOHO! A diferença está no fato de que Kirei está apenas se divertindo. Quebrar Kariya e desestabilizar Kiritsugu = uma jogada de mestre. Não comentei no post anterior, mas Berseker só conversa quando recupera a sanidade. E ele só recupera sua sanidade, ao final de sua vida. O que parece estar cada vez mais próximo. E estava Bem óbvio de que era ele, com a aparência de Rider, certo? Como vimos no episódio 15, esse é um dos seus 3 Phantasms Nobles.

Agora, OMFG HEELZ YEAH!! Gen Urobuchi quebra o único personagem humano, que ainda alguns poderiam sentir algum apreço.  E OLHA, OLHA BEEEM....QUE ESPETACULO TEATRAL, MAIS INCRÍVEL. Tela preta. Momentos de silêncio total. Frases desordenadas. Explosão emocional. Desespero. Demência. Gozo absoluto. Eu me senti como o Gilgamesh, apreciando o espetáculo. E que espetáculo incrível!!!!!!!!!!!! Kariya simplesmente não aguentou ouvir tais palavras pronunciadas pela mulher que ele mais amava, transformando seus sentimentos em raiva, loucura, frustração. Aqui, Urobuchi subverte a questão do heroísmo e afunda Kariya de uma forma angustiante. Foi uma cena MARAVILHOSA de desequilíbrio e intensidade. Aoi, além de ser sua amiga infância, sempre foi a sua paixão platônica. Razão de onde vem todo o carinho paternal que nutre por Sakura e Rin, além do ódio por Tokiomi. Ele tinha a fantasia de poder substituir Tokiomi, algo obviamente impossível. Por esse amor, ele acaba tomado atitudes que são ilógicas e irracionais, colocando Aoi em um pedestal, se esquecendo de seus sentimentos. O que eu penso é, Kariya desesperadamente vivia a ilusão de ser o cavaleiro no cavalo branco, que salvaria Sakura e ganharia o amor de Aoi. E quanto mais ele ia ficando sem saída, Sakura ia sendo abusada e a guerra continuava, sua sanidade parecia se esvair, projetando seus desejos em uma visão distorcida da realidade.


É uma peça dramática, mas não consigo colocar Aoi e Kariya como culpados (ou tentar achar qual dos dois tem mais culpa), mas apenas como vítimas da situação. Em um de seus diálogos, ele alude sobre a situação de Sakura, mas Aoi era completamente ignorante com relação ao que vinha acontecendo, confusa pergunta ao velho amor de infância, que desconversa. Kariya sempre lhe omitiu essa verdade, na esperança de que conseguiria salvar Sakura, antes que Aoi descobrisse o que realmente acontece com sua filha primogênita.

(...) Dobrando os joelhos no chão, levantou o rosto de Tokiomi Aoi para cima. Sem nenhum lugar para se esconder Kariya só poderia observá-la. Ele não conseguia entender o porquê Aoi fez tal coisa. - Não, ele não quis entender. Por que ela não deixou nem um olhar para ele, seu amigo de infância, mas continuamente fixou os olhos no corpo de Tokiomi; qual é o significado dessas lágrimas que estavam caindo do seu rosto - A compreensão de Kariya fora obstinadamente rejeitada, e por causa disso, ele não poderia proferir uma única palavra.
De acordo com sua memória - ele nunca deveria fazer essa pessoa - a quem ele amava acima de qualquer outra -. chorar de novo, e lutar por ela, mesmo à custa de sua vida.

 Se fosse esse o caso, então esta mulher chorando na frente dele agora - quem era ela? Se ele aceitar a resposta, Kariya Mato não cairia em pedaços?

Ela não olhou para Kariya. Como se ignorando o ar e tudo o mais, as lágrimas derramadas dela eram para o corpo do marido. Ela, a heroína trágica, era exatamente como o eixo da revolução, no centro do mundo. Tendo considerado dessa forma, Kariya se tornou uma existência desprovida de qualquer significado, como lixo no palco ou uma mancha no cenário. Kariya estava aterrorizado com a ilusão de que sua posição e sua própria existência foram apagadas. Ele mesmo sentiu o impulso de gritar para chamar sua atenção. Mas nenhum som poderia sair de sua garganta seca.(...)


Se não bastasse Kariya se perder completamente, a cena toda onde ele a sufoca, soa como um estupro. Claro, intencionalmente. Seria algo como uma mensagem implícita, de que aquele lindo e puro amor de infância, aquele príncipe do cavalo branco, aos poucos foi se perdendo até chegar ao ponto onde o puro amor virou ganancia e luxuria. Pura obsessão. É um simbolismo irrefutável. Assim, parabéns a todos as partes, que conseguiram tornar uma cena trágica como essa, também em algo repulsivo, em certo ponto. Afinal, a linha que seja o desejo carnal do espirito, é bem tênue. A forma selvagem, animalesca, chocante que Kariya a sufoca, completamente tomado pelo desejo, é orgástica. Fiquei deslumbrada com o espetáculo. A representação literal da obsessão, que é capaz de matar até aqueles que lhe são mais queridos. Equipara-se àquela majestosa (e dolorosa) cena do estupro no filme 05 de Kara no Kyoukai, mas aqui com um gostinho a mais. Afinal, estivemos acompanhando Kariya por longos 20 episódios....

Bom, realmente não deve ser “FÁSSIO” ser o Kariya. É como ver o Urobuchi dizendo: Vou dar a vocês três modelos de heróis: O primeiro será um pobre coitado, altruísta e sonhador que pretende vencer isso, com o amor que carrega dentro si. O segundo será pressionado e questionado por todos, sendo menosprezado como uma garotinha sonhadora e o terceiro fará a coisa certa, no momento certo, mas não lhe sobrará nada, nem o chão aonde pisar. É desesperançoso e aqui, nós temos o melhor da influência de H. P. Lovecraft na escrita de Urobuchi. Não importa o caminho que se tome, tudo leva a dor. Por que né, mesmo Nasu, sempre coloca o sonho como algo alcançável. Pensando assim, ele não poderia ter escolhido ninguém melhor para escrever essa história.

Tão adorável ~~~~ kyaaa!!!

“Sim. Esta maravilhosa peça chamada Fate – unir o seu término em torno de Emiya Shiro, um protagonista perfeito, é um fato estabelecido. Não importa o quão cruel o final de Zero possa ser, não afetaria o acabamento perfeito desse trabalho todo.

Agora, eu finalmente tenho a chance de escrever um final trágico de acordo com o desejo do meu coração. Não importa como eu exiba a escuridão de dentro do meu coração, olhando de uma forma global, no entanto, eu ainda sou um parceiro do "guerreiro do amor”, Nasu Kinoko

Ohhh yeah.” – Gen Urobuchi ao ser tranquilizado por Kinoko Nasu e Takashi Takeuchi, sobre seu estilo de escrita e como isso afetaria a obra.

Prenuncio épico. Acho que agora vai, aquilo que eu estava esperando. Haja desgraça.

Excelente episódio, que retorna em fim àquilo que gostamos tanto em Fate: O foco múltiplo no elenco de personagens e o avanço constante da trama que vai se interligando entre vários núcleos. Aqui, nos estamos quase no fim das múltiplas linhas narrativas, e já dá pra visualizar o ponto de chegada. Episódio enérgico na primeira parte, com uma animação fenomenal, e uma segunda parte totalmente emocional, que desenha os seres humanos como sendo duas faces da mesma moeda. Perfeito. 

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Irmão de Kariya, sendo sadomizado. ~66