segunda-feira, 25 de junho de 2012

Comentários: Fate/Zero Episódio 25 Aprendendo Como (Não) Ser Um Herói


É isso, galera. O réquiem para um sonho que é ter alguma das Fate/Séries animadas com a qualidade que toda boa história merece acabou, mas a esperança continua. Quanto ao episódio, basicamente um epílogo. E vocês sabem, não é? Epílogos tendem a ser anti-climáticos por que beeem.... são epílogos, e normalmente se destoam do clima do final. Karano Kyoukai (recomendado para os que curtem os mimimis pseudos presentes em Fate/Zero) conseguiu se salvar, pois fechou com chave de ouro os 7 filmes da série e depois lançou um OVA curto, contando o epílogo – Que embora eu o ache ~legal~, atrapalharia completamente aquele final tão grandioso no sétimo filme. Recentemente, tivemos Steins;Gate, que tem um episódio final igualmente anti-climático apesar de bonito e um Madoka Mágica [roteirizado por Gen Urobuchi na mesma época   que escreveu Fate/Zero - Daí algumas semelhanças entre Homura e Kiritsugu] que escolhe fechar em aberto,  com um epílogo claro favorecendo a franquia de sucesso que nascia ali.


Como podemos ver na imagem acima, Fate/Zero nada mais é que uma prequel de Fate/Stay Night, embora tenha conseguido se igualar [e até mesmo ultrapassar] o original, algumas coisas não podem ser mudadas. E assim, o show termina e o protagonista, Kiritsugu, entraga seu bastão para Shirou. E nossos futuros personagens principais já se fazem presente, cada um com sua obstinação. Illya não entende o motivo de ter sido abandonada pelo seu pai, que aparentemente preferiu cuidar de uma outra criança que não ela. Seu rancor lhe guiará. Sakura como mostrado sabe que não deve desobedecer as ordens de seu avô e assim segue seu martírio em não ter domínio sob o próprio corpo. Rin carrega a maior responsabilidade de todos, já desde pequena e completamente órfã, tendo que representar o nome da família. E Shirou com sua personalidade forte, terá que superar a si mesmo (UBW) e sua ideologia (HF).
  
Mas voltando um pouquinho, Saber é obrigada por Kiritsugu a destruir o IrisGraal, não imaginando que espalharia seu ooze letal pelo céu, caindo sobre “metade” da cidade de Fuyuki como se fosse uma larva quente. Foi uma bela cena quando a Angra Mainyu começou a escorrer, porém seus efeitos foram minimizados ao ponto de não mostrar a grandeza daquele acontecimento. Eu sei que provavelmente irão corrigir isso na versão BD, mas até aqui, visualmente não vi o espetáculo prometido [apenas o vislumbre de algo que poderia ser épico] e que tem sido a característica do ufotable. Aliás, tom exageradamente escuro na seqüência da Angra Manyu e uma sensação de superficialidade na forma como toma a cidade. Talvez com metade do episódio ocupado com Saber X Berseker e outra metade, com a fúria do IrisGraal.



Bem, a passagem épica de Gilgamesh que explica o porquê dele estar sem suas roupas e o seu “banho” de Angra Mainyu foi limada da versão tv. Obviamente, teremos o acréscimo, já que é uma passagem importante para uma seqüência [e enfoque dado ao futuro da trama, faz pensar que o projeto surpresa é mesmo uma seqüência das Fate/Séries], que explica a [spoilers >>>] permanência de Gilgamesh em Fate/Stay Night. Assim como Angra Mainyu tem o seu papel na morte e ressurreição de Kirei, algo já pré-estabelecido nos materiais originais de Fate/Stay Night. Sim, parte do que vemos nas seqüências do incêndio em metade da cidade de Fuyuki na versão anime de Fate/Stay Night, é fake por parte do estúdio DEEN – Assim como o cruzar de espadas entre Gil e Seiba. Devo confessor que é algo que me agradou e que eu estava torcendo pra ver aqui. Como comentado nos comentários pelo Vicent, à parte do teatro foi muito boa e queria vê-la melhor trabalhada, mas faltou um jogo de câmera bonito desde a Excalibur até a destruição do IrisGraal.

Alguns cortes fazem falta, mas acaba sendo um episódio com num ritmo melhor que o anterior. Embora o anterior, globalmente seja superior ainda que com uma direção meio confusa. Aqui, nós temos uma questão de escolhas, que foram aplicadas muito bem fazendo o ritmo fluir de forma mais satisfatória. A cena do GilService nu já foi bonita por si só e sua explicação cumpre o papel daquilo que não foi mostrado.


Claro, sempre há o lado bom de tudo e não foi diferente aqui. O monologo de Saber prestes a destruir o IrisGraal foi belíssimo. Sem BGM, sem ruídos. Um completo silêncio onde sua voz é a única que parece ressoar em seu interior. Atmosfera muito bem retratada, onde se é possível sentir suas palavras. Ela que acabara de perder tudo e se vê completamente sem chão, onde nada mais importa. Gostei do brilho dourado, o close em sua face e sua saia rodando com o vento, em meio aquela voz deliciosamente sussurrante – Sem estar carregada de rancor, sem ira. Apenas uma voz fraca que denota um espírito que acabou de se esvair. Embora a seqüência que vem depois, não seja a melhor em termos visuais. Cabou grana?

O coral orquestral de vozes foi excelente e deu toda a amplitude do momento. Enquanto Kiritsugu se desespera, temos o último momento niilista de Fate/Zero, com Illya acordando preocupada e a voz de Íris ao fundo.

  
-"Mamãe, o Kiritsugu está bem? Ele está sozinho?"
-"Eu Tive um pesadelo. Um sonho, no qual eu me tornava uma taça e dentro de mim, esses sete grandes caroços apareceram. Era como se eles fossem me partir ao meio. Ee fiquei com muito medo. Mas eu não consegui fugir... "
-“Então, eu ouvi a voz de Justeaze.”
-Na minha cabeça, um grande buraco negro se abre. E então, o mundo queima. O Kiritsugu olha para o mundo e chora.”

WOOW!!! CARA....  

Acredito que com, Illya contando o seu sonho, com aquela voz tão delicada e ainda ingênua, com transições ao fundo de uma Fuyuki completamente em chamas, sintetiza todo o desfecho da desde sempre comentada desastrosa Quarta Holy Grail. Todos perderam. E com o coro orquestral dando lugar à “tragedy and fate” num timing perfeito, nós temos um toque de tragédia maravilhoso.
  
E a trágica sinfonia de Gen Urobuchi continua. Saber e Kariya que não tiveram vez no episódio anterior têm seus momentos garantidos. Primeiro no comovente e triste delírio de Kariya antes de tomar morto, com todos os seus intestinos devorados pelos vermes.



Trollface

Acredito que fecha perfeitamente a passagem do personagem. Sonhador e ingênuo, numa guerra voraz. Gostaria é de ver o Shirou nas mãos de Urobuchi hehehe. Minha queixa fica por terem alterado COMPLETAMENTE o contexto onde Sakura vê Kariya caindo morto praticamente aos seus pés. Eu até gostei dessa Dark Sakura, sinceramente soa bem mais interessante que aquela Sakura insossa e apagada que vemos nas adaptações e algo bem mais próxima da interessante Sakura de Heaven’s Feel. Será mais um indício? Estou completamente paranóica aqui. MÃS, aquelas palavras não combinam com essa Sakura de agora.
  

Sakura olhou para o cadáver do homem que havia caído diante dela na escuridão gelada do armazenamento de vermes. Este homem ficou resmungando para si mesmo até o fim, e um sorriso de satisfação estava no rosto, mesmo depois de morto. Que estranho. Por que este homem voltou aqui? Por que ele ainda quer viver, mesmo estando em um estado tão desprezível? Embora Sakura não conseguisse entender o motivo, ela sabia claramente por que ele estava angustiado, e por que ele estava morto. – Você não deve desobedecer o vôvo. Todos na casa Makiri sabiam disso, mas por que este homem não obedeceu a essa regra? Ele era um adulto, mas era estúpido e impotente. Por que, por que este homem escolheu uma morte sem sentido? Depois de uma breve consideração – aahh, foi por isso. Sakura de repente entendeu. Esta deve ser a lição esta noite. Uma lição para lhe ensinar o que aconteceria com aqueles que desobedecem à vontade do vôvo. Este homem morreu aqui, assim Sakura poderia ver um exemplo real com seus próprios olhos. Sim, eu entendi, vôvo A menina assentiu obedientemente. Ela guardou essa cena profundamente em sua memória, enquanto olhava, imóvel, o cadáver rodeado por vermes que foi gradualmente se tornando menor e menor.  Act 16 Part 11


O momento de Kirei também foi cheio de esplendor, quando enfim ele se dá por satisfeito com a resposta que encontrou. Uma pena seu desenvolvimento não ter sido tão bom quanto o de Kiritsugu, embora saibamos de suas motivações, falou aqueeeeeeele contado visual, como o que tivemos com o Kerry e que se mostrou fundamental neste episódio. Apesar disso, ele se mostrou um ótimo vilão. Manipulador, frio, calculista, invejo, sádico, filho de uma puta, algo incomparável com o vilão aborrecidamente chato que ele é nas mãos de Nasu (apesar disso eu vejo a história dele melhor desenhada na Heaven’s Feel).  A cena que mais gostei do episódio com sua presença, é a que ele compartilha com Rin e Aoi [que olhem só, acabou sobrevivendo, mas pela falta de oxigenação no cérebro perdeu a sanidade. Destino cruel e até nisso o Kariya falha. Puta merda] no enterro de Kotomine. Adorei a Aoi completamente esclerosada na cadeira de rodas, e Rin já assumindo aquele humor típico que conhecemos e amamos/odiamos. Nada daquela loli Rin aqui. E verdade seja dita, ela nunca foi com a cara de Kirei, embora não soubesse o que ele realmente era e adorei o fato de terem pegado esse feeling da personagem, que aqui, trata Kirei com certa ignorância. Mas o clímax é mesmo na cena onde o crápula (!) entrega o punhal Azoth para ela. Irônico é pouco. Agora, ele segurando o riso, foi sensacional. Eu comecei a rir do lado de cá enquanto ele encarava as lágrimas da Sakura, com satisfação.
  
E vejam só, tivemos incluído aqui, a parte fundamental para se entender as motivações de sir. Lancelot e o que aconteceu lá atrás entre ele e Guinevere. Tecnicamente? Ótimo. Ei Aoki demonstra um bom senso de continuidade em uma cena essencial. Mas acaba comprometendo a forma como se sente o episódio. Como fangirl; nhééééé. Eu queria era ver a luta. Visualmente, com BGM ao fundo, com Lancelot atacando e pressionando Saber, ao ponto de deixá-la completamente esgotada contra Gil. Eu queria o monologo inteirinho. Eu queria o flaback com Sir Lancelot em toda a sua elegância. Bediviere em toda sua seriedade. Arthur em toda sua majestade. E o fim da luta em uma cena emocionante.
  

Pouxa... deviam esse momento a Saber, mas ele não veio.
  
Porém, sua agonia e lamentação por não compreender o seu povo, foi o momento mais incrível do episódio. Toda a seqüência em que ela está no monte constituído basicamente de corpos, com aquelas espadas fincadas no chão foi muito bonito. Eu não me importo em ver a Saber, chorando como uma garotinha. É algo que sintetiza todo o seu interior, toda sua frustração e busca cega pelo Graal expurgada pra fora. Aquele monte repleto de corpos e ela sendo a única sobrevivente já é algo que contrasta completamente com a imagem dela cheia de pose e orgulho em Fate/Stay Night.

-“Você foi o maior dentre todos os reis. Todos aqueles que o serviram pensavam o mesmo”

Estou completamente satisfeita com o desenvolvimento da Saber como personagem. Retrataram perfeitamente toda a sua angústia. E fica claro no monologo de Lancelot e no lamento de Saber, o quão bom rei ela foi, mas sendo algo que ela própria se nega a admitir tolamente, assim como Kiritsugu que fechou os olhos para dentro de si não enxergando o que era realmente importante. Tolices, tolices, tolices. Algo bem humano, não é mesmo? Essa história está repleta de personagens tolos. Não é fascinante vê-los arcando com os próprios erros?

  
Destino/Zero conseguir recontar de forma soberba os acontecimentos trágicos daquela quarta guerra com maestria. Sem dúvidas, além da excelente escrita de Gen Urobuchi, o que faz Fate/Zero tão atraente de destoante da história principal, certamente é o seu elenco de personagens que em sua maioria é composto por adultos. Mesmo Wave, um adolescente, consegue ser o personagem que mais cresceu dentro da série, onde de um garoto tolo em busca de reconhecimento, acabando aprendendo na relação mais linda do anime, o valor da amizade, companheiro e de lutar por aquilo que se quer com os próprios punhos. Pudemos ver até mesmo a mudança da sorridente e aventureira Rin em uma Rin com um sorriso mais contido e um humor menos maleável, com a responsabilidade que teve de assumir ainda criança.
  
Os conflitos e diálogos são bem maduros e com uma natureza trágica a nível de Shakespeare. As motivações dos personagens aqui fazem muito mais sentido com sua história e personalidade. O desfecho que abateu a todos os personagens, ao menos no que se referem aos adultos, nada mais são que reflexos de sua própria estupidez. Saber não teve a sua história contada em sua plenitude aqui, sai sem entender os motivos de Kiritsugu – nem um Rei é maior que a vida, condicionado ou não ao original, ela sair sem o mínimo de conhecimento ou aprendizado acaba sendo um bom toque –, mas diante aquele céu obscuro e fechado em trevas, vê no simbólico brilho uma nova esperança renascer. Afinal, o ser humano também é capaz de aprender através do amor. E mesmo Saber não seria capaz de ignorar isto (e cabeça dura/teimosa como ela é, somente através do amor MESMO, pra ela compreender algo obvio).
  
Berseker, Saber e Lance, talvez sejam aqui os mais trágicos entre os heróis. Cada um sendo manipulado e usado por seus mestres. Saber e Lancer saem completamente despedaçados, em lágrimas, desonrados, traídos, carregando consigo aquela angustia que buscavam reparar nessa guerra. Kariya, família Tohsaka, Kiritsugu e Íris... soooo trágico. Poder saborear isso tudo durante 25 episódios foi como degustar vagorasamente uma taça de vinho.

Ao fundo, Taiga ainda novinha e de cabelos longos, correndo com sua shinai

Foi bom ver a evolução de Emiya Kiritsugu, que essencialmente acaba refletindo em Shirou. Ele que desde pequeno queria se tornar um herói, acabou se tornando o defensor da justiça que tanto queria, ainda que às avessas. Aqui acaba sendo impossível não relembrar o discurso de Saber que o tocou profundamente naquele fantástico (!) embate entre os dois no episódio 16; “Se você fizer o mal pelo ódio do mal, essa raiva e ódio apenas darão lugar para um novo conflito". Mais ainda, perceptível à forma como Kiritsugu se abala quando ela diz que quando criança, ele sonhava em ser um herói. Quando ele diz a Shirou “ser herói é algo bem limitado. Quando se cresce, é difícil se chamar de um. Eu devia ter percebido antes” em um tom meio de desespero (hahaha aquela voz ligeiramente tremida e repleta de melancolia do Rikiya Koyama ao pronunciar essa frase, deu todo o tom do personagem) ao perceber a desgraça que fez.


- Shirou: “Entendo. Então eu acho que você não podia fazer nada”
- Kiritsugu: “Não...eu não pude” – E então, ele dá aquele suspiro de tristeza de alguém que já está conformado.
-Kiritsugu: “A lua está mesmo linda” – Hahaha perfeito. Lua. Type-Moon. Destino. Stay Night. Hã, hã, pegaram?
- Shirou: “Sim. Já que você não conseguiu, eu serei um pra você”


CAAAAAARACA. Ele diz “hã”, e o Shirou “você é adulto agora, então não pode fazer isso, mas eu posso. Deixe comigo. O seu sonho”. Ao fundo, nós temos to the beginning tocando e Saber percebe o brilho dourado e enfim já da pra vislumbrar rapidamente um semblante esperançoso [em vez de melancólico] em que ela apresenta em Stay Night e Kiritsugu respira aliviado. TIPO: WOOOOOW!!! Fechou perfeito com the beginning e a pergunta da Shirley ao fundo, onde ele responde “eu quero ser um herói”. Afinal, é que o define a rota principal de Fate/Stay Night. Shirou querendo e conseguindo ser um herói (apesar de ser mal feito no anime).
  
Um outro detalhe interessante é a constatação do fato de Kiritsugu não ter ido de encontro à Illya. Já que ele foi contaminado pelo Graal [quando a Dark Íris o amaldiçoa no episódio no anterior] e graças à magia restritiva criado pelo clã Einzberns, acaba sendo fisicamente impossível sua aproximação do castelo.
  
Bom episódio, embora não possa ser chamado de “completo”. Não foi algo explosivo, nem visualmente orgástico, um tanto quanto anticlimático, mas fechou muuuuuito bem à história [e com tela negra, créditos e the beginning, poaar]. Nooooovamente destaque para cenas isoladas e sem muitas firulas, como a linda seqüência de Shirou e seu monologo ao ser encontrado por Kiritsugu. E claro, foi ótimo o epílogo. Até mais ver e obrigada por lerem.
  
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["Você nunca me deixa entediado" - Gilgamesh - OH MY GOOOOOOD]
Só acho que deveriam mostrar ele de pé, dar close na bundinha.. só falando

Letra  de the beginning: