Os anime dessa temporada não estão tão empolgantes. Nem suas
aberturas. Mas as músicas se destacam.
Uma balada de amor, calma e quase sonífera, daquelas que
você coloca no play, encosta a cabeça no travesseiro e deixa as lágrimas
escorrerem. É sim, algo meio emo. Me lembra as canções suaves de Suga Shikao (XXXHOLiC/Honey and Clover), num ritmo
suave que casa perfeitamente com dramas românticos.
“Sempre perto, mas
parece longe. Você quer que eles estejam ao seu lado, mas não é necessário. Com
esses tipos de sentimentos tristes, dolorosos, eu cantei essa música. Estou
feliz, com essa música, eu fui capaz de chegar perto da história comovente de Natsuki
Rendezvous" – Yuya Matsushita
Enquanto a melodia dá o tom, a abertura faz um passeio pelo
belo cenário de Natsuyuki, num feeling poético e saudosista. Não é excepcional,
mas consegue me prender a cada novo play.
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Essa primeira abertura de SAO é basicamente uma miscelânea com quadros de episódios, apresentação dos protagonistas e mais alguns personagens em sequências clichês. O bacana é que há alguns efeitos exclusivos para a abertura, que servem de plano de fundo para algumas imagens previamente reutilizadas, que dá o tom perfeito para o feeling de realidade virtual.
Mas não seria tão legal ao ponto de te prender a cada novo
episódio se não fosse e melodia "crossing field", com o tom de voz enérgico
de LiSA, que ficou conhecida já na sua estreia profissional na voz da vocalista
da banda fictícia Girls Dead Monster [que ganhou um artigo aqui no ELBR] do anime Angel
Beats!, em 2010. "Oath Sign", single da primeira abertura de Fate/Zero é boa, mas convenhamos que "crossing
field" traz a tona toda aquela impulsividade da LiSA que vimos em Angel Beats!, numa pegada mais rocker, cheia de atitude. A voz aguda da
LiSA combina com essa postura energética, que em algumas partes da música
consegue tornar seus agudos bem rasgados, aumentando e diminuindo com segurança
o timbre de voz, respeitando as nuances da melodia, que é bem crua, ousando
umas firulas muito bem vidas apenas no final da canção. A LiSA além de boa
compositora, manja das técnicas vocais (o
que é um ponto pra ela, já que sua voz não é potente. Técnica pra um músico é
tudo), e ainda que "crossing field" não seja nada tão incrível assim,
caiu como uma luva na abertura de SAO, tornando-a melhor do que realmente é.
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Eu nem sou grande fã da Koda Kumi, mas aqui ela mostra mais
uma vez sua faceta mutante do Jpop numa canção escrita por ela especialmente
para este anime. E caiu muito bem. Kumi disse que se inspirou nos personagens e
seus conflitos, o resultado é um casamento ritmo perfeito entre melodia, letra
e imagens sequenciais da abertura. Aliás, a abertura parece ter sido feita com
base na música já pronta, tamanha a precisão, e o resultado é bem style. Acho
puro charme os personagens de costas, parando e olhando para o espectador. No
momento em que a letra faz menção a ir para o alto, os mechas começam a subir,
dando lugar ao logo do anime. Mas o destaque para mim é a partir dos 00:40 aos
00:44, com a câmera pegando dos pés a cabeça da personagem Tarisa. Ao menos
para mim, foi um take de puro charme (declaração
perigosa, certas pessoinhas aí já estão achando que sou uma lolion...).
Assim sendo, a grande quantidade
de quadros reutilizados da animação, consegue até passar batido e se tornar
algo que chame a atenção. "Go to the top" é música de pista, dançante
e bem pulsante, com um toque de electro e
house que é contagiante, sem abusar do vocal sintetizado.
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Chouyaku Isshu Hyakunin: Uta Koi - Love Letter from Nanika? (ecosystem)
Sim, eu sou uma otakinha que
dança (!!), que vai até o chão e faz
Headbanger. Até por isso, não poderia faltar “Love Letter from Nanika?” nessa
lista, que é uma mistura insana de percussão desenfreada, pegada rocker e um vocal realmente poderoso.
Quem tem sangue quente, não consegue ficar sem reagir a essa abertura.
Tecnicamente, não é apenas a
melhor abertura da temporada, como também o melhor single. Os arranjos são de
arrepiar, mesclados com um rock meio sujo, batidas de pratos, um teclado que só
é possível notar toda a sua glória na versão FULL da música e uma batera
atrevida que se destaca nos mini solos. Os remixes com toques eletrônicos logo
no inicio fluem maravilhosamente bem, numa música que vive alternando entre o
lento e o acelerado com a batuta da vocalista.
E claro a própria abertura é
sensacional, apresentando num ritmo ágil diversos casais da história,
novamente, com cenas reutilizadas, porém com fundos exóticos e uma montagem bem
excitante. O vocal da Megumi Tsubosaka é doce, muito doce e suave, mas não
fraqueja quando a música pede uma pegada mais forte. É como se fosse um grito
silencioso e com todo esse lance de poemas rápidos, e outros longos, do anime,
esse ritmo acelerado da melodia e do vocal da Megumi, combinou muito bem na
curta abertura, mas não deixem de ouvir a versão FULL. Oh, sim, virei fã. O
Ecosystem já havia feito uma abertura do anime Gintama, mas é a primeira vez que
ouço. Um som meio exótico, mas bem pop, que casa muito bem com a proposta da
série em questão.
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Jinrui wa Suitai Shimashita - Real World (nano.RIPE)
Beeeeem, se tratando especificamente de aberturas, não há outra mais original, mais criativa e mais irônica que a de Jinrui. Se há... me digam. Por isso, a meu ver, é a melhor da temporada. A música não é tão especial, nem envolvente quanto “Go to the top”, “crossing field” ou “Love Letter from Nanika?”, mas a animação da abertura é tão criativa, que não pode ser ignorada.
A banda nano.RIPE vêm ganhando
destaque no mundo dos animes desde seu [bom] trabalho em Hanasaku Iroha. Desde então, eles também fizeram um single para a
abertura de Sankarea. O que há em
comum entre todas elas? Ambas são bem positivas, enérgicas, popzinhas – E casou
bem com todas essas aberturas, mas sinceramente não é algo que se destaque ou
que dê vontade de jogar no play e ficar ouvindo repetidas vezes. Porém, com o
tom proposto em Jinrui, e a própria animação da abertura, ela acaba se
destacando um pouco mais devida a [já minuciosamente pensada] incompatibilidade
entre melodia/letra e a proposta da série.
Você olha para a Watashi com
aquele sorriso plástico na face, para as fadinhas com aquele sorriso imutável e
assustador, num ambiente doce e feliz, mesclado com uma música positiva/otimista,
alto astral e tal, e é impossível não notar o sarcasmo ali, o tom de falsidade.
Que no final das contas, é o que a história de Jinrui passa para o espectador.
É como se fosse aquela história sci-fi [era uma webcomic, mas não me lembro do
nome], que se passa num futuro diatópico, onde a humanidade é separada por
imensos muros, onde a população que vive por trás destes muros, é obrigada a
sorrirem sempre, e estarem sempre felizes. E a história de Jinrui é o inverso
ao que a abertura apresenta, a humanidade está estagnada e num lento declínio.
Que coisa, não? Qualquer referência a realidade, não é mera coincidência
[hahaha me lembra o clima de carnaval no Brasil, em meio ao caos, com boa parte
da população alienada, enquanto os políticos fazem a fiesta].Essa abertura é fabulous
max, com todas essas cores, escondendo algo podre.
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1 Lixo: Tari Tari - Dreamer (AiRI)
"Dreamer" é o tipo de música que faz a cabeça do fã de música POP, mas não me prendeu de forma alguma e pra fechar, como abertura de um anime minimamente musical, deixa muito a desejar. O tom morno da melodia acaba não casando com o cenário de verão e em constante movimento da abertura, que nada mais faz do que dar uma amostra no que o anime tem de melhor: tomadas externas e fluidez na movimentação dos personagens. Mas, é como se você estivesse assistindo um filme dessincronizado.
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