domingo, 6 de janeiro de 2013

Primeiras Impressões: Maoyuu Maou Yuusha

Quase uma Chitanda Eru

Declaro aberta, a Temporada de Inverno Aníííííííííííííííííííímisticaaaaaaaa [imagine aqui, a voz do Mau do Rapadura Cast].

Maoyuu Maou Yuusha traz uma história intricada por trás, complexa e com diversos simbolismos. O primeiro notado neste episódio, se trata do Rei Demônio ser uma mulher, não obstante, ela ainda é possuidora de grandes dotes e com olhos de Rubi. Ênfase no "grandes".


-"Por que o Rei Demônio é uma mulher?"

É porque japoneses adoram transformar criatura terríveis em garotas doces, amáveis e atraente fisicamente.

Na verdade, se trata de uma mensagem oculta: Mulheres são um demônio! E são piores ainda quando possuidoras de grandes dotes. Nem mesmo um guerreiro da mais alta patente como Yuusha, seria capaz de vencer esta guerra, como demonstrado no episódio. Obviamente se trata de uma série machista, feito por alguém machista, logo não é de se estranha que sua origem tenha se dado no 2chan...
BRIN-CA-DEI-RINHÁÁÁÁ >_^

Embora, talvez quem sabe tenha mesmo um fundo de verdade nesses primeiros 2 parágrafos delirantes, não é disso que eu quero falar. Quem me lê, acho que não deve esperar por nenhuma objetividade, mas sim muitas divagações, né? Então vamos lá. Aaah, a temporada de inverno, sim, aquela que mesmo que você torça o nariz e faça pirraça no chão (como se não houve tantos animes interessantes para ver ainda, já finalizados) só pelo fato de não ter o que te interessa, traz sim suas boas surpresas. E Maoyuu Maou Yuusha entre tantos títulos de calibre fraco, chega com hype alto pela ala otaca do fandom de animes. Mas essa mistura do convencional, com um plot que não se vê sempre por aí envolvendo a escola Keynesiana (teoria político-econômica), suprirá estas expectativas?

A princípio, por causa do envolvendo do estúdio ARMS na produção, muitos ficaram receosos. Estúdio ARMS é conhecido por seus animes de TETAS e o “alto nível” de sexploitation. Mas bem, acho veio pelas mãos certas, afinal de contas, combinar fanservice com uma trama teoricamente séria, eles já fizeram outras vezes no passado, e com certa competência. E claro, apesar do estúdio ter grande influência, sim, na produção de uma série (principalmente os estúdios menores, que conta com um espaço e equipe reduzida, tornando sua assinatura menos diluída), uma staff de respeito também influência de uma forma decisiva.

Dessa forma, o comitê de produção e o estúdio, foram muitos felizes em trazer uma equipe encabeçada por um diretor veterano e experiente na temática de economia, filosofia politica, fantasia e uma forte pitada de comédia romântica sexualizada. Takeo Takahashi (Yosuga no Sora, Aki Sora) é um bom diretor, apesar de ter dirigido muito pouco, e sabe lidar com séries que possuem teor sexual (apesar de eu ter detestado a estruturação narrativa dele em Yosuga no Sora). Ele dirigiu Spice and Wolf, que constantemente é comparado à Maoyuu Maou Yuusha, e consigo vieram outros que tiveram envolvidos com ele neste anime, como Naruhisa Arakawa para compor o roteiro e Toshihiro Kohama, diretor de arte – Além de outros que não valem apena citar.
E eu gostei bastante da parte técnica. A impecável segurança ao movimentar e rotacionar a "câmera" sempre de forma suave pelo cenário em torno dos personagens com extrema desenvoltura, só poderia vir de alguém com a experiência de Takeo Takahashi. E ele dá uma áurea meio teatral que eu apreciei bastante, colocando muitos objetos entre o espectador e os personagens, optando por enquadramentos distantes, o que aumentou a sensação de imensidão do castelo, além de usar bastante o top down layout, dando a impressão que os personagens estão sendo filmados a certa atura. O senso de movimentação é muito bom, isso é muito importante para séries que se focam muito nos diálogos. Assim sendo, planos de câmera exercem uma função importante em não deixar a cena cair na monotonia.

Ele foi bem eficaz em desfazer a atmosfera "séria" do anime logo no primeiro embate e mostrar que apesar de Maoyuu ter os seus momentos mais sérios, é também uma comédia com romance, e fantasiosamente surreal. Tornar o tom que será trabalhado na série obvio para o espectador, é fazer com que ele se sinta a vontade com elementos que fogem do contexto, como as tetas de Maou fazendo BOING BOING e as quebras nas personalidades dos mesmos, que ora dialogam de forma madura, ora estão numa discussão infantiloide. Hitchcock dizia que quando o público vai ao cinema, ele quer fantasia, e não realidade. Verdade. Mas o desejo do espectador não é estático, varia de acordo com a proposta de cada filme, série, livro, etc.


O ponto negativo é o orçamento, e, portanto, CG por todos os lados que você possa olhar. Porém, ele é renderizado de uma forma que se assemelha bastante aos cenários do romance original no qual o anime é baseado. Mesmo para quem não deu nem uma olhadinha nas imagens da light novel, fica claro que a fotografia se assemelha muito à ilustração de um livro. O uso de filtros especiais para cada tomada e a coloração estão impecavéis. É sempre bom ver profissionais, que sabem fazer bom uso com aquilo que tem em mãos. O cenário quebra muito o senso de realidade dentro da narrativa, não se integrando com os personagens [dá pra notar que os personagens não parecem fazer parte daquilo realmente, tem um efeito teatralizado] e este parece ser o objetivo esperado. Achei bacana este ar meio artístico e penso se adequar a uma narrativa estática.

Maou -"Faça o mal, seja pego e depois diga que os demônios o manipularam. Essa é uma forma comum de os humanos fugirem da responsabilidade"

Yuusha  - "E quanto a guerra com as Nações do Sul? Eu vi centenas de pessoas sendo assassinadas por demônios, com meus próprios olhos..."

Maou -"Os humanos também mataram demônios.”
Yuusha -"Porquê o demônios são malignos!"
Maou -"Quem decidiu isso? Talvez você devesse ser Deus, então."


Linha de diálogo sensacional. Os diálogos são ótimos, objetivos e sempre fazendo a trama andar. Não tem coisa pior do que você assistir algo, onde parece que os diálogos não levam a lugar algum. Às vezes, diálogos dizem mais que ação. Este é um caso. Não precisamos ver "O Rei Demônio" lutando, seus argumentos desarmaram nosso herói. ARGUMENTOS. Outro ponto importantíssimo em tramas que se baseiam muito em diálogos. Ao menos até aqui, foram bem simples e de fácil compreensão, espero que continue assim. E mais do que o conteúdo destes diálogos, está a postura dos dubladores através dessas personagens, com o timbre e feeling certo para a cena. Este é aquele momento de soar sério.

Também as quebras de tensão me agradaram bastante, onde ao invés da direção mudar a postura das personagens, ele apenas tira a BGM ao fundo e deixa em tempo diegético [ao som ambiente], mas os personagens continuam agindo como antes. O que mudou então? A sua perspectiva apenas, para as personagens o clima é o mesmo. Destaque para a boa OST apresentada neste primeiro episódio. Minimalista, mas pontual.

-"Não há vantagens em uma guerra!"
-"Um brinde à guerra"


Eu gosto do contraponto que Maoyuu faz aqui com Jormungand Perfect Order – Enquanto Koko (ela é louca, e eu disse: Oh, não!) deseja ingenuamente o fim da guerra para que enfim haja paz no mundo, Maou deseja o contrário; a manutenção da guerra para haver harmonia no mundo. Não me sinto à vontade para explanar este aspecto, por não ter lido o original, nem ao menos um dos vários mangás da série, mas no primeiro instante eu achei um máximo a filosofia econômica que Maou usa para desarmar Yuusha, e a forma como a politica se mostra vital para a manutenção da economia, e por sua vez, o equilíbrio entre humanos e demônios. O desafio maior a partir disso, será tornar interessante o desenvolvimento desta temática. Politica é algo muito melindroso, mas se manterem a pegada deste epsódio, ao executar bem uma narrativa tão expositiva de modo dinâmico e divertido, não deverá ser problema.

Enquanto Spice and Wolf se concentrava em microeconomia, Maoyuu é voltado para a macroeconomia; basicamente, irá tratar de questões econômicas e politicas, envolvendo todo um país, não apenas um pequeno vilarejo – O que torna tudo com uma perspectiva muito maior.

-"Não tem problema em contar a verdade?"
-"Que seus seios são menores do que todos pensam?"


Do episódio, eu tirei ótimas impressões iniciais. Especialmente de Maou, que pelo menos no episódio de estreia, não me decepcionou como figura feminina. Eu temia que ela fosse apenas o tropo sem atrativos, além dos físicos, mas ela demonstrou certa personalidade a principio, apesar de se sustentar como um tropo. Clichês existem, porque deram certo, e é o que o público espera, o diferencial é como se trabalha isso. Fico no aguardo para que ela cresça mais e mais. O mesmo para Yuusha. O papel dela na estreia não é muito proeminente, ou seja, de destaque. Algo puramente burocrático, mas não comprometeu. A única ressalva que tenho, é com relação a ele parecer ter alergia à mulher. Apesar de eu ter achado engraçado – Todo o episódio aliás, o senso cômico estava afiado –, acho que preferiria uma personalidade mais centrada. Não, um pouco mais maduro já estaria ótimo. Enfim, fico na que ele possa se mostrar um bom personagem, não precisa ser necessariamente maduro, e sim que consiga se desenvolver bem, porém é evidente que ambos serão tropos ambulantes até o fim. O que não é exatamente um problema, inclusive se este romance cair mais para o lado satírico, é provável que o bom de Yuusha, seja aparente apenas nas situações que exijam dele uma postura diferente da que ele mostra com Maou. Vale lembrar que, assim como em Jinrui wa Shimashita, os personagens são conhecidos por seus pseudônimos; Maou (demônio) o Yuusha (herói). Ou seja, a história parte do pressuposto arquétipo. 

"Mas tem uma coisa que eu posso te dar, além da metade. Eu mesma. Em troca, eu quero você. Eu quero você todinho"- Mas não é só de macroeconomia e negociações que se faz uma história. Se quer ter apelo, tem que ter aquela pitada de romance. E assim, temos aqui um casal que promete embalar uma comédia romântica bem carismática e divertida, como tem que ser. Então, dá pra entender o motivo de Yuusha ser construído como um garoto ainda não familiarizado com o sexo oposto (aqueles protagonistas bobocas), enquanto ela é provocante e sempre com uma tonalidade que leva para o lado sexual. É aquele típico casal desajustado, onde um, é o oposto do outro. E neste caso, bote oposto nisso. Bem, Lawrence e Horo em Spice and Wolf também são o típico casal e deu muito certo. Aliás, Maou, ao contrário da Horo, que usava suas curvas provocantes como atrativo, ostenta o seu dote de uma forma que nem mesmo ela parece ter consciência dos efeitos que isso causa no seu parceiro.

"Minha castidade é a única cosa da qual posso me orgulhar" - HAHAHAHA OH MY GODDESS. Sim, é antes de tudo uma série recheada de otakices. Se você se incomoda com isso, muito provavelmente terá grandes problemas com a série. Num geral, eu avalio até aqui (Há, mas este foi o primeiro anime que assisti da nova temporada!), como a melhor estreia, ou ao menos me agradou bastante. Tem potencial altíssimo.

Avaliação: ★ ★ ★ ★

Dica de Leitura: Maoyuu Maou Yuusha - Dos mangas ao anime (Ominia Undique)

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 >Cultura otaku, presente desde os tempos antigos. Podemos chamar isto de Dakimakura de otaco pobre? Ando pensando seriamente em dar nomes às minhas almofadas! Talvez até imprima fronhas estampadas!

 >"Veja como meu antebraço é flácido." - hahaha minha cara, sei como se sente. O terror de qualquer mulher, mesmo quando estamos exagerando na coisa toda.

 > Só eu ri muito dessa cena? HAHAHAHAHAHAAHA-- Aliás, andei lendo duas impressões após o termíno do episódio e em uma delas, disseram que há um desconstrução de romance. Olha, sinceramente eu não vi onde, ou é algo que ainda irá acontecer. Até aqui, tudo o que posso ver é um relacionamento com tons de paródia.

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