Ousaka Megumu é provavelmente a única adversária
de Chihayafuru 2 que não se transforma em um estereótipo completo e quase uma
caricatura. Falei sobre isso na crítica da primeira temporada do anime. A
escola Akashi enfrenta a escola Mizusawa, e Chihaya tem que enfrentar a gentil
e graciosa Megumu. E quem leu meu texto anterior, ou costumava acompanhar meus
comentários pelo twitter, sabe que eu sempre gostei muito da protagonista.
Porém, nesse duelo não teve jeito. Pela primeira vez mudei completamente de
lado. Creio que os criadores notaram o potencial e prolongaram seu belíssimo
embate.
Inicialmente calma e discreta, a própria heroína
comenta nunca ter jogado com alguém tão calmo antes (nessa hora me veio um
flashback de inúmeros personagens bobinhos e cartunescos que inflaram essa
segunda temporada). Com um visual de óculos tornando-a mais centrada, e
sardinhas tornando-a mais jovem, é uma combinação fascinante para enfrentar a
queridinha Chihaya. Humilde em seu modo de jogar, não demonstra apego doentio
na vitória precoce, não se importando em ceder cartas empatadas e duvidosas à
adversária. E seus comentários mais audaciosos nada tem de grosseiros ou
maldosos, sendo naturais e até charmosos. E seu desenvolvimento é gradual e crescente
com sinais delicados e pontuais espalhados. Como por exemplo, ao vencer
inúmeras cartas na frente da protagonista, e com o time Mizusawa inteiro
incrivelmente abismado com o que está ocorrendo.
No decorrer
do karuta, a partida evolui e Chihaya passa a alcançá-la (quase), e Megumu
descobre surpresa sua vontade de não ser derrotada. As pistas pontuais da
determinação crescente dessa personagem tão doce variam entre a animação
trêmula de seu rosto, ou os momentos em que esquece de proclamar gritos de
motivação ao restante de seu grupo em algumas rodadas. E até mesmo quando para
de ceder cartas empatadas e começa a lutar e debater por elas. A própria trilha
sonora doce a esperançosa costumeira, dá lugar a uma marcha obstinada e grave,
dando o clima de suspense que elas merecem. Embalando momentos de pura tensão
quando a protagonista perde sua carta favorita e até então nunca vencida, a “Chihayafuru”.
E claro, o momento em que Megumu derrota Chihaya em seu máximo, sem desculpas
nem desvantagens, ambas no auge. Em momento algum caindo pra megalomaníaca, é
uma personagem fascinante de real, bem construída e que evolui perfeitamente ao
longo de seus episódios em tela. Certamente deixará saudades.
(Para mais dos meus textos, é só ir no menu 'Crítico Nippon'.)
@PedroSEkman
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