Com o episódio 2 de Wizard Barristers, duas coisas ficaram
claras para mim: 1) o show não pretende ter qualquer comprometimento sério com
o sistema judicial e a formula do julgamento, o que por um lado é bom mas
também arriscado 2) é um show que é puro estilo performático, típico de Umetsu.
A boa notícia: a direção têm mostrado bom timing e imprimindo
um ritmo acelerado que cai muito bem à narrativa, ainda que tropeçando aqui e
ali, dispensando embromações desnecessárias que tornaria a dinâmica personagens
+ mundo, arrastada e provavelmente um porre. Por que digo isto? O roteiro até
aqui é bem fraco, o que não quer dizer que seja ruim, o que dá vivacidade à
narrativa é a direção, que tem mostrado perspicácia em exibir a melhor
perspectiva do seu mundo. O roteiro pode ser fraco, mas ele acompanha este
ritmo, com linhas de diálogos que dão um tempero a fórmula descontraída e
pipoca da série, como ilustrado abaixo. O que provavelmente não interessa a
certa parcela de fãs de animes, mas não há como negar que funciona bem.
A Cecil (Rui Tanabe) é uma personagem fisicamente frágil e com uma
maneira hiperativa de se portar que refletem uma imagem de si para os outros de
pouca capacidade e infantilidade; um alvo fácil para ser coagido, amedrontado, e
desestabilizado emocionalmente através de questionamentos sobre suas
capacidades e ações agressivas. Mas ela possui uma força de vontade interna e
uma personalidade forte – que pode ser sintoma da sua latente teimosia que por
sua vez encontra razão de existir na confiança que nutri em suas capacidades – intrínseco
no seu grande objetivo; a força motivadora da personagem e com certeza o mote
principal do enredo, está na sua esperança em provar a inocência da mãe. Neste
caso, nem seria tão surpreendente que a evidente subtrama, que envolve muitos
personagens, e a vigilância constante que mantém sobre Cecil, também estivesse
interligado a prisão de sua mãe.
O ponto forte da direção é estar conseguindo equilibrar estas
facetas da Cecil, ora fragilzinha e infantiloide ora confiante e usando conhecimentos
técnicos para se impor frente aos tubarões (afinal,
essa obstinação não vem do nada, mas da necessidade dela crescer e ajudar sua
mãe). Então, sequências como estas [nas imagens abaixo], se transformam em
grandes ferramentas para a caracterização sútil de Cecil, sem a necessidade de
exposições obvias de uma premissa já nítida através de imagens.
A péssima noticia: claro que personagens como a Cecil, não
são muito queridas, eu mesma sou bem indiferente a ela, por enquanto. Personagens
como a Ageha (Ayumi Tsunematsu) e Kamakiri
(Chafurin) despertam muito mais a
minha atenção. Mas o mundo de Wizard Barristers é colorido e vivido, sobrepondo
se, por exemplo, à atmosfera acinzentada de A Kite. Logo, esse tipo de
personagem não contradiz o mundo da série, que, aliás, possui uma temática conflitiva
propicia ao drama e melancolia, mas a direção já inicia o primeiro episódio já
com uma proposta adversa e pulsante. O que percebo pelos comentários sobre a
série, é que muitos se deixam levar pelo que querem ver e não embarcam no que a
direção propõe para a obra.
O ponto fraco da direção, e consequentemente o roteiro, é em
dar melhor consistência no exercício de trabalho de Cecil. Como comentei lá em
cima, a falta de comprometimento com julgamentos e sistema judiciário por um
lado pode ser até algo bom. Ao se levarem a sério, a construção destas tramas e
roteiro teriam que se mostrar muito mais polidos e com uma base que exigiria um
ritmo mais desacelerado. Por outro lado, o enredo se sustenta exatamente em
cima dessa premissa, é esperado que sequências como a do julgamento ao final
deste episódio, tenham uma melhor solidez e sejam um pouco mais intensos. A
aceleração no julgamento do caso do réu para entregar um final feliz e um
desfecho ao episódio, não apenas foi anticlimático, como abre mão de uma melhor
caracterização do mundo e da própria Cecil como uma Benmashi. Talvez, até
melhorem isto nos próximos episódios, mas fica uma pontinha de receio forte
para o futuro da série.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
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Okay, algumas aleatoriedades.
Bem, vou deixar aqui, o motivo que mais tem me causado
entusiasmo em Wizard Barristers. Sim, sim, o visual e o modo como os
personagens se movimentam e são desenhados, tem algo que me soa charmoso nisso ai. É moe! Isso pede trilha sonora do New Order!
Hahahaha, essa voltinha é KAKOOOOIIIIIII (bonito, elegante)!!!!!!!!!!!!!!!
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