Techno-thriller sobre pessoas com habilidades de entrar na
mente de outras.
Dirigido por Mamoru Kanbe, o mesmo de Elfen Lied e do
excepcional Denpa teki na Kanojo, Psycho Diver: Soul Siren começa com alguns
flashes que viriam a se repetir ocasionalmente, para logo depois cortar para
uma performance musical da idol Yuki Kano (Junko Iwao). Yuki é uma estrela pop de enorme sucesso, no entanto, ela tem
enfrentado dificuldade de cantar desde que entrou em uma misteriosa seita. Mais
à frente descobrimos que Yuki é uma “Psicose Diver”, alguém com uma habilidade
especial de mergulhar na mente das pessoas e que essa seita planeja aumentar
seus poderes ao extremo. Em meio a algumas lambanças provocadas por ela, o Psicose
Diver Busujima (Jouji Nakata) que
atua como profissional, usando suas habilidades para fins psicoterapêuticos, é
persuadido a ajuda-la.
Lançado nos EUA como Psycho Diver: Soul Siren, o título
original é Psycho-diver: Bodhisattva Demon, que reflete melhor o enredo dessa
série, apesar de isto não salvar sua história esquecível. Como a maioria dos
OVAs, essa série única de quase 50 minutos adapta uma das séries da light novel
original de Baku Yumemakura, autor consagrado já e com diversas obras
adaptadas, como Kurozuka e Golden Boy. Pesquisando, descobri que o OVA é uma
adaptação do volume 5 de Psycho Diver, que iniciada em 1984, já conta com mais
de 20 volumes (no qual, eu fiquei bem
interessada). Cada volume é independente do
outro, trazendo seu próprio enredo e personagens. O que poderia indicar que
este OVA é completo e bem adaptado.
Mas não é o caso. Soul Siren é um grande resumo compactado,
que tenta explicar coisas complexas com flashbacks, tirando camadas importantes
de substância do enredo e dos personagens, deixando tudo raso e aguado. A
ligação entre todos os eventos se dá através de diálogos repetitivos e vazios,
que se resume em “precisamos salvar a Yuki” e que se repete a cada sequência.
Mas no fim, tudo o que você conseguirá se lembrar é de “blá blá blá ZzZz”. O elemento central da série, o Psycho Diver, se resume em duas sequências rápidas e usado mais como artificio para justificar a motivação de alguns eventos, sem nenhuma propriedade substancial no enredo que o torne imprescindível. Entre algumas mortes e cenas de nus aqui e acolá, comum a todos estes OVAs, as ações dos
personagens são tão desprendidos de urgência dramática que soam apenas como
sequências aleatórias. Em um roteiro coeso e bem escrito, você conseguiria
entender do porque de Yuki aparecer nua numa determinada sequência, sentada em
cima de Busujima como uma dominatrix. Na verdade, ela é uma ninfomaníaca que
age inadvertidamente nas noites. Sua melhor amiga, é uma Onmyoji, mas o roteiro
prefere deixar subtendido de que há um mistério em torno dela e deixar que o
espectador tente usar psicoterapia para descobrir o que é, assim como boa parte
dos eventos que povoam os flasbacks.
Há quem diga que muitas vezes, o problema de uma série é a
falta de tempo. No caso de Psycho Driven, eu prefiro acreditar que é apenas um
trabalho preguiçoso em cima de uma série de DVD sem grandes pretensões comerciais - eu diria que as maiores pressões comerciais nestes OVAs giram torno de gravadores que precisam vender seus talentos, tornando a música uma característica marcante nessas produções do final dos anos 1980 e 90, uma época em que animesongs possuíam uma logística bem diferente da atual. Sabemos que sempre foi uma característica usual aos OVAs, voltados geralmente para
os fãs dessas obras, mas assusta o modo automático da maioria. Infelizmente, Kanbe não repete a mesma destreza que em Denpa
teki na Kanojo, série que também adapta determinado capítulo de uma light novel.
Curiosamente, mesmo com a apatia do texto, eu não poderia deixar de me ver fisgada por um ou outro resquício criativo, como o contraste das cores com as sombras, os ângulos e o uso da iluminação que absorve em trevas boa parte do cenário. É uma composição visual que fisga a atenção para uma atmosfera escurecida, ainda que tecnicamente seja tudo de aspecto barato e econômico. Também a bela trilha sonora, em especial, a performance da Junko Iwao e Kate T. Vogt que cantam uma insert song interpretada pela Yuki, uma canção pop com ritmo hip hop que permeia vários momentos do OVA – e eu diria que os melhores, além da ótima musica de encerramento. As músicas cantadas por Junko Iwao conseguem dizer mais sobre a Yuki do que o roteiro em 40 minutos, e em geral, a trilha sonora tem um toque techno bem anos 90 que me soa agradável. Nesse meio tempo, não pude deixar de pensar que Soul Siren se sairia melhor se fosse um musical. E falo sério.
Curiosamente, mesmo com a apatia do texto, eu não poderia deixar de me ver fisgada por um ou outro resquício criativo, como o contraste das cores com as sombras, os ângulos e o uso da iluminação que absorve em trevas boa parte do cenário. É uma composição visual que fisga a atenção para uma atmosfera escurecida, ainda que tecnicamente seja tudo de aspecto barato e econômico. Também a bela trilha sonora, em especial, a performance da Junko Iwao e Kate T. Vogt que cantam uma insert song interpretada pela Yuki, uma canção pop com ritmo hip hop que permeia vários momentos do OVA – e eu diria que os melhores, além da ótima musica de encerramento. As músicas cantadas por Junko Iwao conseguem dizer mais sobre a Yuki do que o roteiro em 40 minutos, e em geral, a trilha sonora tem um toque techno bem anos 90 que me soa agradável. Nesse meio tempo, não pude deixar de pensar que Soul Siren se sairia melhor se fosse um musical. E falo sério.
Vou até deixar esse vídeo-clip que a Yuki canta no OVA, aqui.
Nota: 04/10
Diretor: Mamoru Kanbe
Roteiro: Tatsuhiko Urahata, Toshiaki Kawamura
Estúdio: Madhouse
Tipo: OVA
Duração: 48 min.
ANN: http://goo.gl/tP1OoK
MAL: http://goo.gl/5MXTz3
Temas Relacionados
-[+18] Believers: Hikikomori, Aum Shinrikyo, e o Culto
-Dragon's Heaven (1988) – Um Brasil que não é o Brasil
***
Curta o Elfen Lied Brasil no Facebook e nos Siga no Twitter