Com tantos personagens estúpidos, o desfecho não poderia ser outro, claro.
Uma das características mais interessantes na direção de Ei
Aoki é a sua capacidade de criar pontos de forte impacto dentro de uma obra em
momentos chaves. É difícil não sair deste episódio com todos os sentidos desorientados.
Asseylum morreu? E o Inaho? Eles parecem ter sido alvejados
na cabeça, mas na ficção ninguém morre enquanto sua morte não for confirmada e
mesmo assim costuma-se surpreender. Levando em conta o clássico Space Battleship Yamato, mesmo as pessoas mortas podem voltar a vida por pura
conveniência, especialmente se você é o herói ou a princesa da história. Aldnoah
Zero tem ainda um longo cour pela frente e comercialmente não é viável que
personagens importantes da história morram, nem que protagonistas acabem desta
forma. O que é curioso, se tratando de uma série transmitida no começo da
madrugada e que não é voltada para o publico infantil, deveria estar aberta
para todo tipo de experimentação, mas sabemos que o mercado não funciona assim.
Em Ga-Rei-Zero Aoki utiliza o recurso da narrativa do flashback intercalado
com ações no presente, mas é improvável que isto caiba aqui. Zerar tudo e
começar uma nova fase, com novos personagens e alguns remanescentes do primeiro
cour? Igualmente improvável. O que Aoki utiliza aqui é o mais safados dos
truques de narrativa, dando a entender algo que dificilmente irá se
concretizar. Lembrando que ainda há questões não resolvidas no enredo, como o
tal “Aldnoah Zero” e como milagrosamente o Aldnoah de Slaine funciona (será que Cruhteo voltou à vida? Rsrsrs).
O que não nos impede de ficarmos curiosos em relação ao rumo
que tomará a historia no segundo cour (será
que teremos uma viagem no tempo? Será este o tal poder do “Aldnoah Zero”? Sobre
isso, vale ressaltar que embora o Gen Urobuchi não tenha uma grande
participação direta no anime, o anime em si é baseado numa escrita antiga dele com
um grupo da NitroPlus, com Ei Aoki mudando diversas características na
adaptação para anime, como por exemplo, o modelo de personagens; e loops temporais
e etc. são características comuns nas história do Urobuchi – mas enfim, estou
apenas deixando a mente viajar aqui). Ainda que não sejam definitivas, os
rumos tomados neste episódio são devastadores para o enredo, levando-o a um
novo patamar. É esperado que tenha um enfoque maior na figura de Slaine e
provavelmente nas engrenagens marcianas – ou será que ele continuará
desempenhando o papel de um garoto atormentado pelo infortúnio do destino, ou
seja, perdido na história? São questões que ressoam e fazem odiar a mim mesma
já que certamente não serei capaz de evitar mais um cour de roteiro com escrita
ruim e decisões equivocadas da direção.
Não poderia estar mais indiferente ao desfecho dos
personagens de Aldoah Zero, mas Slaine é um caso diferente – particularmente eu
gosto/gostava dele, por mais que sua construção não tenha sido tão boa, seu dilema
era simples e efetivo. De um garoto gentil e azarado, foi obrigado a encarar a
morte de sua amada princesa ocasionada por sua própria estupidez, levando-o se
tornar alguém capaz de “matar” a sangue frio um rival. Slaine foi um personagem
totalmente perdido na história, ainda que guiado pelo único desejo de salvar
sua amada e se distanciado dela por diversas interferências de terceiros. Sua
falta de firmeza o levou a ser traído e jogado para longe por diversos
personagens. Inaho por outro lado, em seu ultimo momento, consegue um pouco de
emoção em seu semblante, e revelar sua paixão por Asseylum. Acho que mesmo as
pessoas mais frias também têm um coração pedindo para ser aquecido, não é?
Enfim, divago e divago para fugir do obvio: a sensação de
completa insatisfação. Posso admirar os rumos tomados neste episódio, e até
mesmo a ação – onde um Aldnoah é acoplado a diversos outros mechas em uma espécie
de serie sentai. Não deveria ser tão surpreendente essa ação nonsense depois de
verem aquele mecha com diversas mãos que soltam e se transformam em armas da condessa
Femieanne, na verdade é um momento potencialmente divertido, mas que não se
traduz na sequência nem é visualmente atraente em termos de animção.
Inaho novamente vencendo da forma mais apática possível, não
combinando com o momento de tensão, que nem sequer teve uma grande luta de
fato. Ao invés da inteligência de Inaho, o que fica nas entrelinhas é a
estupidez do povo marciano. Se os anteriores tinham a desculpam de
menosprezarem o adversário, o mesmo não pode ser tido em relação a Saazbaum,
que transformou seu Aldnoah em uma super máquina para enfrentar reles
mustangues que pra começo de conversa não deveriam nem por uma fração de
segundo serem rivais para aquele monstro metálico. E não são, mas o caso é
diferente com Inaho, que incrivelmente resiste. Usa-se a desculpa da precisão
lógica, mas a verdade é que você prefere sentir na pele a experiência de jogar o
game ao invés de assisti-lo no youtube; para sentir o momento, e a direção e
roteiro de Aldnoah Zero menosprezam seus expectadores com saídas fáceis e
manjadas desde o termino do episódio 3.
Por isso que por mais que admire a premissa e a os
acontecimentos, a forma como são conduzidos é terrivelmente ruim, com diálogos de
péssima construção, falta de substância nos personagens e motivações tolas.
Essa rivalidade entre Slaine e Inaho é uma das coisas mais absurdas e forças
que já assisti e que obviamente termina igualmente de uma forma estúpida,
afinal, ninguém se transforma em tão pouco tempo como ocorre com Slaine.
Segundos atrás Slaine teve dificuldade de atirar no assassino de sua princesa, mesmo
depois dele ter a matado pelas costas (sendo que ele não passou mais que alguns momentos ao lado de Saazbaum. Não ha motivos para crermos nem mesmo numa pretensa relação afetiva dele com o conde. Pelo visto, nenhum personagem da série conseguiu fugir da estupidez), mas não hesitou em “matar” Inaho. A justificativa que a narrativa nos empurra é
obvia; um triângulo amoroso imbecil que nem sequer aconteceu de fato. É tanta
falta de tato e desenvoltura em conduzir situações que poderiam reverter em momentos
grandiosos, mas que culminam em ações esdrúxulas, que realmente me odeio por
não me sentir capaz de evitar o segundo cour do anime. Há a surpresa, há
inquietação, mas isto se deve muito a trucagens da direção e fatos marcados
para acontecerem no storyboard do enredo, do que exatamente qualidade na
escrita e condução dos eventos.
Felicitações aos desertores e meus pêsames para aqueles, que como eu, continuará a odisseia em janeiro.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Katsuhiko Takayama
Storyboard: Ei Aoki, Makoto Katou
Diretor auxiliar: Makoto Katou
Diretor: Ei Aoki
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