Diretor que, recentemente voltou a ficar em alta entre japoneses e impressa ocidental, falar sobre o temor do fim do mundo.
Em entrevista para a Agence France-Presse, direto de Tóquio
durante a Tokyo International Film festival, o diretor Hideaki Anno comenta
sobre o seu maior sucesso, o clássico Neon Genesis Evangelion, assim como o
contexto no qual a obra nasceu.
Hideaki Anno ao lado da sua esposa Moyoco Anno, mangaká autora de Sugar Sugar Rune, Hataraki Man, entre outros. Ambos no tapetão vermelho da cerimônia, no dia 23 de outubro de 20014 |
Para ele “o medo da Guerra Fria era, em essência, o
medo de uma guerra nuclear” e completou “Havia um sentimento real de que,
se a guerra atômica estourasse, o mundo seria destruído. Se alguém apertasse o
botão nuclear teria conduzido à destruição do mundo, essa era a realidade na
época, esse era o medo do Armagedom. Eu sinceramente pensei que o mundo iria
acabar no século 20. Esta foi uma grande influência em Evangelion, que é sobre
o que acontece depois que o mundo foi destruído. Naquela época muitos animes japoneses
trataram sobre o que acontece depois de um holocausto nuclear. O Japão é um
país onde há muitos tufões e terremotos derrubando tudo. É um país onde a
destruição impiedosa acontece naturalmente. Isto lhe dá um forte sentimento de
que Deus existe lá fora”.
Como sabem, Evangelion é uma série pós-apocalíptica que lida
com a eminência da morte e da destruição completa do mundo, sendo que no tempo
corrente dos acontecimentos do anime, o mundo já se encontra bastante devastado.
Anno ultimamente tem sido figurinha fácil em diversas
conferências e festivais. Recentemente, o produtor do estúdio Ghibli Toshio
Suzuki, declarou que com a aposentadoria de Hayao Miyazaki, Anno se tornara a
referência japonesa em termos de animação, no qual ele sempre responde com bom
humor e jogo de cintura “Não há nenhuma pressão. É o que as outras
pessoas dizem, não eu. Eu só quero continuar a fazer filmes estimulantes e eu
gostaria de dar algo de volta para a indústria. Espero que eu possa ajudar a
cultura e a arte do anime se tornarem ainda maiores e contribuir para a
sociedade de alguma forma, deixar algo que vai durar”.
“A animação de Miyazaki-san pode ser apreciada por crianças e adultos,
um grupo demográfico muito amplo. As obras de Miyazaki-san tiveram uma grande influência
no cinema japonês. Elas nunca poderão ser replicadas, e ninguém vai fazer
filmes como esses novamente. Observe a sua abordagem para o cinema — ele se
sacrificou por seu trabalho. Seu princípio era que sua arte era tudo, o filme
era mais importante do que qualquer coisa. Isso foi especial”. Ao
compararem Miyazaki a Walt Disney, ano insistiu “Animação japonesa não é só para
crianças. Se fosse apenas para as crianças você iria parar de assistir quando ficasse
mais velho e seria como assistir a desenhos animados norte-americanos”.
O motivo de perguntarem tanto de Miyazaki para Anno se deve
ao fato de este ser praticamente um pupilo do “mestre” dos animes, tendo
trabalhado com ele no longa animado Nausicaa, de 1984, como animador e projetos
de designs. Para muitos no Japão, Anno é o herdeiro natural de Miyazaki e, este
reitera, tendo inclusive a certa época deixado aberto a possibilidade de que se
Anno quisesse, daria a ele toda a liberdade para fazer uma sequência de
Nausicaa (o assunto surgiu com Anno
comentando sobre a espera de uma sequência de Nausicaa pelas mãos de Miyazaki,
que aparentemente acredita que já fez tudo o que queria com a série no universo
da animação, mas que estaria ok se fosse o Anno a conduzir o projeto). No
último filme de Miyazaki, Kaze Tachinu, é Anno quem dá voz ao protagonista.
Miyazaki insistiu que fosse ele, apesar dele se mostrar receoso. Enfim, como
podem ver, estes dois se dão muito bem e estão sempre a trocar gentilezas,
praticamente um Gen Urobuchi e Kinoko Nasu. Além de falar sobre Miyazaki e Evangelion,
também comentou sobre a possibilidade de uma adaptação com atores reais, de
Evangelion, e se mostrou irritado às comparações entre Evangelion e Guerra nas
Estrelas – clássico de George Lucas.
“O conceito de Evangelion nasceu como uma animação e seria muito difícil
expressar isso em live action. Você teria que refazê-lo totalmente e então
seria algo diferente, então eu não vejo isso a acontecendo”.
Via GMA NEWS
Via GMA NEWS
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