O Fim (resposta) do idealismo.
Dessa vez a equipe do ufotable fugiu um pouco do protocolo habitual de tentar mostrar ao invés de explicar, com diálogos mais expositivos e uma Saber que parecia um eco, repetindo tudo – isso a fez parecer tão burra quanto Shirou, em Fate. Contudo, a incisão nestas informações me parece necessária para melhor digestão de diversos conceitos jogados em episódios anteriores, e até mesmo para uma melhor sedimentação destes conceitos. Por exemplo, a questão da longevidade de espíritos heróicos, que ainda não me parece detalhada a fundo no anime – com razão, já que isso é discutido à exaustão em Fate –, e a importância de um catalisador reafirmam algumas questões pinceladas nos primeiros episódios, mas que com certeza já desapareceu da memória de todos. Outro aspecto interessante diz respeito à revelação explicita de que Kirei matou o pai de Rin com a mesma adaga [Azoth] que lhe presenteou; é algo que não existe no original e que no anime ganha contornos folhetinescos, mas que dá um senso de completude em um arco dramático iniciado lá em Fate/Zero (ou melhor dizendo, na origem dos acontecimentos).
O acréscimo mais significativo é em relação à representação visual do processo que levou Emiya a se tornar um Contra-Guardião, apesar da caracterização pecar um pouco em não fazer Shirou parecer realmente estar na casa dos 30 anos, e tampouco ignorar aquilo que o leva a uma matiz de pele mais escura e à cor de cabelo – no caso, segundo informações oficiais, são seqüelas das diversas projeções. Mas todo o resto da sequência, com aqueles efeitos representativos de seu contrato com o mundo e as fragmentações de sua jornada como anti-herói trágico tiveram um impacto visual belíssimos.
A termos de curiosidade, os únicos Contra-Guardiões conhecidos são Emiya e Jeanne d'Arc. Já Saber, caso obtenha o Graal e cumpra seu desejo – ainda que de um modo torto –, também terminaria se convertendo em um Contra-Guardião, já que ela fez um pacto com o mundo, para que pudesse ser sempre convocada para a guerra do Graal a fim de obter este desejo; eis o motivo de ela estar participando novamente, depois de ter sido convocada em Fate/Zero, e não outra figura heróica, como ocorre com todos os outros [à exceção de Gilgamesh, por motivos que iremos entender melhor no futuro]. (Bem, essa é a explicação oficial usada como desculpa para os fetiches que a Type-Moon tem com a Saber! A gente sabe).
Pensando nisto, é interessante como em relação a Saber isso é sugestionado como um destino equivocado, seja por Archer, ou mesmo Shirou – e até mesmo ela compreende que o que ela quer alcançar é um plano intangível. Em retrospecto, o destino de Archer não é dos mais felizes e tampouco invejável. Seu sonho é uma fantasia utópica e a realidade que reflete diante de Emiya Shirou através de um Archer imerso na semi-escuridão do ambiente é tão dura e impossível de fugir ou se negar, que Shirou não pode sequer questioná-lo. Sim, como um daqueles frios que fazem lá no interior do Rio Grande do Sul que o restante do Brasil desconhece, um frio que atravessa o agasalho e a pele, atingindo os ossos e provocando uma reação dolorida. Porém, por mais que seus ideais sejam irrealizáveis, Shirou entende que desistir disto seria como desistir de si mesmo, o que de certo é uma metáfora para este eterno duelo entre ambos. Então podemos entender que ambos defendem quase que sua própria existência, e que ceder ao outro, seria como deixar de ser. No roteiro deste episódio isto não vem à tona, mas no original Shirou chega a dizer que entende que seu ideal é inalcançável, mas que ainda assim ele é incapaz de desistir dele.
Claro, Shirou vê apenas em parte. Ele é uma criança, um adolescente ainda com todos aqueles impulsos e ideais que geralmente são consumidos depois que se adentra ao mundo adulto – existe uma máxima no Japão, que a adolescência é a idade da magia, onde tudo é possível e os jovens são capazes de transformar o mundo e conquistar qualquer coisa com seus poderes. Archer é um adulto, já transformado pelas decepções da vida e atormentado/desiludido por não ter sido capaz de superar a figura paterna, se tornou um homem cínico. Ele vê o todo. É certo que Shirou não pode rebater as experiências traumáticas pelo qual Archer passou, sua verdade é de um assombro silencioso, no entanto, por mais que você compreenda e se coloque ao lado deste, Shirou empunha uma determinação tão verdadeira e acalentadora, que sua verdade também se torna humanamente algo capaz de despertar uma faísca até mesmo em quem o acha – com certa razão – um tolo. Essa determinação vem dele ver em parte, de ainda ser a criança que é, mas o porquê de soar tão verdadeiro e honesto é simples: ele em nenhum momento nega o futuro sombrio de Archer. Sua questão é simplesmente; “você se arrepende de tudo?”.
Eis o motivo pelo qual ele não pode aceitar Archer. E também um dos motivos de ser um personagem tão magnífico, no sentido de construção. Ele está disposto a passar por tudo aquilo, até mesmo de não ser capaz de realizar o seu sonho em completude, desde que possa salvar uma e mais uma vida e continuar galgando pelo caminho que acredita. Nesse sentido, seus sonhos podem não ser aplicáveis, mas ele não é um completo iludido, como Kiritsugu – e este, talvez, o motivo fundamental dele não se perder mesmo depois de confrontar o seu futuro bem diante de si. Afinal, ele é capaz de aceitar que não pode abraçar o mundo, e ainda assim continuar a tentar obstinadamente; ele compreende que o Graal não pode lhe dar o que ele deseja, e que isto deve ser algo que ele precisa conquistar com as próprias mãos. Ele pode ver o que Kiritsugu não conseguia, e que por ingenuidade, sacrificava pensando que então poderia ser recompensado depois, através de um passe de mágica. Assim, o que eu penso de tudo isso é: você pode até abrir mão de si, mas você pode salvar o mundo com mágica se não pode nem mesmo lidar com aquilo que está ao seu alcance.
No fim das contas, mesmo que não seja um good ending, o destino de Emiya se encontra em um plano mais palpável que o de Saber, por mais idealizado e irrealizável que seja, é algo aplicável através da tentativa e erro, por se tratar da construção de um futuro, e não da tentativa de se corrigir o passado. O que faz com que a jornada de Archer em busca de apagar Shirou seja também seja equivocada.
Resumindo o episódio:
>Flashback
>Excaaaaaliburrrr
>Modred
>EMI FUCKING YA!!
Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Kazuharu Sato
Diretor do episodio: Yuusuke Maruyama
Storyboard: Takashi Suhara
Direção de Animação: Takuya Aoki, Tomonori Sudou
Direção: Takahiro Miura
-Algo que nunca gostei muito nessa parte é de Rin estar em perigo e não usar um selo de comando para chamar Saber. Eu imagino que ela não o faça pensando que Saber deve ficar ao lado de Shirou para protegê-lo, mas... De qualquer forma, essa intervenção de Lancer é uma das coisas mais deliciosas EVAAARRRRR.
- ...... ainda mais com esse LANCER PUNCH DO CARALEEEEOOOOOOOOOOOOOOO AOPSKDAPOSDKASPODKAPSOJpS[speowqoisajOApdkSO
- Um momento de silêncio por favor!
- Quando você descobre que a garota que você ama namora o Shirou Fodido Emiya. A GENTE ENTENDE O SENTIMENTO!
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