sábado, 17 de outubro de 2015

Comentários: Subete ga F ni Naru #02 - Tudo se Torna Platônico

Blue Meeting.
A impressão comumente deixada pelo primeiro episódio é a de que irá acontecer algo surpreendente a qualquer momento, como um monstro pulando para fora do armário e pegando a audiência. É aquele tipo de suspense onde uma nota é mantida em fermata, sugerindo que algo assustador está por acontecer e deixando o espectador na expectativa, que muitas vezes é apenas um “falso susto”. E então, volta a respirar aliviado. Diria que este episódio representa este alivio de toda a atmosfera carregada do anterior.

Pra se ter uma ideia, eu passei a maior parte do tempo rindo de algumas passagens do roteiro e completamente admirada pelos trejeitos faciais da Moe, do que exatamente tensa. Quer dizer... até a segunda parte do anime, onde a ainda jovem Magata rouba a cena no alto dos seus 13 anos em uma sequência provocativa, repleta de tensão sexual e de perigo eminente. Interpretação, por parte tanto do roteirista, passando pelo diretor, até o storyboard, digna da Ninfeta de Vladimir Nabokov. É aquela perturbação instintiva, que penso eu, o texto emerge magnificamente através das reações/hesitações dele, que ao contrário do protagonista de Ninfeta, pode até se sentir compreensivelmente atraído e excitado, mas isto lhe causa mais pavor do que fantasias. É uma complexidade de sentimentos subjetivos que somente a literatura consegue extrair em seu máximo, por melhor possa ser uma leitura visual onde as palavras são desnecessárias. Porque as palavras, quando querem, não deixam margens à interpretação.
Subete ga F ni Naru nesse sentido continua sendo, talvez, uma obra limitada, por precisar apelar para uma narração em off de um personagem unilateral. Claramente um recurso empregado no livro original e replicado aqui, com fidelização das palavras ou não. É uma adaptação, no entanto, esta ação seria impensável em um filme com atores reais. Mesmo porque, uma boa atuação do ator poderia ser a ponte ideal, enquanto em animações para tv, se usa muito do recurso de omitir as feições de figuras de autoridades relacionadas às personagens principais (dica: A Relação Entre Pais & Filhos nos Animes), quando estas são de alguma forma ausentes fisicamente – ou emocionalmente – na vida futura desta personagem. Desenhos animados também fazem isso. Diz respeito a um apelo semiótico do publico alvo. E, mesmo que animes que passam durante as madrugas japoneses sejam consumidos por pessoas mais velhas que uma criança, acaba que a impressão é a mesma, pois fala diretamente ao publico otaku, pessoas que emocionalmente tem um quê infantil latente.

Divagação à parte pode ser que houvesse alternativas mais charmosas, mas eu gosto do apelo que as palavras neste episódio ressoam em mim, especialmente as que revelam o interior de um personagem. O ritmo ter o timing acertado auxilia nesta percepção, ou caso contrário, poderia ser um desastre e é o que geralmente ocorre.
Mesmo que se considere a exposição, a série também ainda se consegue transmitir emoções e sentidos sem utilizar diretamente as palavras, como a animação executada em Moe Nishinosono, privilegiando o minimalismo das expressões faciais, que diziam tudo sobre o que ela estava sentido em determinado momento, e de uma forma tão natural e verossímil que é difícil não nos vermos também ali, naquela situação – afinal, você também em seus longos anos de vida já deve ter passado por situações semelhantes.

Dito isto, algumas coisas permanecessem indefinidas para mim: a sobreposição das tramas de Moe e dra. Magata, e o que a série estaria tentando nos dizer. Eu realmente não consigo entender, apesar de haver diversas possibilidades, mas nenhuma me soa interessante o suficiente até aqui (ou simplesmente as tramas destas personagens ainda não são envolventes o suficiente para que este emparelhamento sugestivo entre ambas seja realmente digno de nota que pelo simples recurso cênico de corte e montagem). As teorias de terceiros me parecem absurdas, como a possibilidade de Moe ser irmã de Magata. Sinto que, para a devida compreensão desta sobreposição antagônica criada entre as duas, precisaremos antes entender como elas irão se comportar em um relacionamento tempestuoso, onde Saikawa é o centro do triangulo. Pra ser sincera me desagrada que isto possa descambar para algum triangulo amoroso imbecil e que as personagens se transformem em duas loucas disputando um pedaço de pau de carne. Por enquanto, a paixão platônica de Moe por Saikawa tem sido o suficiente e divertido, e dada [ou não] sua empatia pela personagem, pode até ser algo a ser sentido emotivamente toda vez que ela se fere. Para quem deseja aprofundar melhor essa dualidade entre Moe e Magata, o atelier emily faz uma boa dissertação sobre. Embora eu pense que elas não tenham qualquer força como personagens "rivais" ou antagônicas.

Como sugerido no primeiro episódio, Subete ga F ni Naru tem demonstrado a intenção de ser mais do que um anime de mistério, e mais sobre os conflitos vividos pelas personagens. A traminha descompromissada na primeira parte do anime dá um ótimo balanceamento no que se vê na segunda parte e na estreia. A direção entende que em qualquer tensão, é preciso haver um respiro. Mamoru Kanbe, no entanto, continua afiadíssimo em construir cenas encharcadas de tensão e terror. A sequência final consegue isso sem transformar sua BGM em um recurso over, através dos layouts do storyboard, que evidencia uma atmosfera de suspense. Enquanto assistia, foi impossível pra mim não pensar em Elfen Lied, especialmente o primeiro episódio, onde Lucy sai por detrás das portas metálicas de um laboratório em uma ilha isolada e faz respingar sangue até através do monitor. Mas dessa vez, o que surgiu ao fundo não foi uma diclonius, mas uma noiva bastante creepy e um bando de personagens que de tão inusitada cena, não conseguiam esboçar reação e se viam apavorados. Eu aplaudi de pé.

Avaliação: ★★★★
Staff do episódio:
Roteiro/composição: Mami Amemiya
Direção do episódio: Takeshi Yajima
Storyboard: Mamoru Kanbe
Direção de animação: Youko Kubara, Yuri Nakajima, Hiroki Fujiwara, Takuya Kawai
Diretor: Mamoru Kanbe

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Subete ga F ni Naru (Everything Becomes F): The Perfect Insider, review, resenha, análise, crítica, estudo, anime