Rewrite: Chihaya Route (Yuto Tonokawa)

Spoilers, SPOILERS adoidados! Série de artigos de minhas impressões sobre cada rota de Rewrite. Chegou a vez do Sakuya brilhar, minas!

>Rewrite - Reescrevendo o Mundo Segundo o seu Próprio

Seiyuu: Saya Shinomiya

Chihaya é outra personagem que sofre os mesmos problemas de caracterização que Shizuru. Ela é uma personagem que é muito músculo e pouco cérebro, além de um forte tsunderismo e propensão a ser desastrada que escondem seus sentimentos verdadeiros. Junte isto à ótima performance de sua dubladora, que dá o tom ideal para o tipo de personagem que ela é [chatinha, mimada, imatura e carente], e então temos uma heroína facilmente odiável. Na verdade eu gosto muito da Chihaya, ela é divertida e espontânea, com um forte senso de companheirismo, mas o autor não consegue trabalhar com ela de modo a torna-la mais do que expressões, caras e bocas. Portanto, sua história triste por meio de flashback e sua relação com Kotarou é estritamente formulaica, você sabe que está ali por demanda comercial por não conseguir transmitir um sentido de verdadeiramente natural. Assim com Shizuru, Chihaya também não soa como uma amante natural para Kotarou – imaginem se houvesse cenas de sexo, seria desastroso.

O que brilha e segura a rota de Chihaya é Sakuya e a espontânea química estabelecida com Kotarou. Além de travar diversas boas linhas de diálogos, eles são personagens que estão em constante evolução; isso se dá pela integração que há entre eles. Claro que tem o fato de, apesar de se repelirem, ambos serem muito similares, mas é por construírem um relacionamento que soa realmente verdadeiro e natural aqui, que eventos ocorridos entre eles em Moon e Terra que tornam aqueles momentos tão mais emblemáticos e poderosos. A relação nutrida entre ambas é o que salva a Chihaya Route, e a torna extraoficialmente a "Sakuya Route". Muitos torcem o nariz para os equívocos narrativos do seu autor, Tonokawa, que assim como foi em Shizuru, parece não ter lido o guia do cara responsável pelo cenário global da obra – no caso, Romeo Tanaka – e toma decisões amplamente dissonantes que contradizem o que se vê mais adiante (na verdade, eu acredito que a culpa nem seja do Tonokawa de fato, e sim um erro de comunicação que em um projeto deste nível é de inteira responsabilidade da diretora, Inoue Itaru, afinal é um projeto com uma quantidade enorme de scripts e mentes pensantes trabalhando ao mesmo tempo, antes mesmo de que possam ver detalhes do que cada um escreveu, onde mesmo com um guia, não é o suficiente para o nível de complexidade do mundo criado por Tanaka). Mas, apesar disso, Sakuya route é divertida se você consegue encará-la mais do que apenas um rumo para se dar bem com a heroína, e conseguir aproveitá-la pelos momentos de interação de um grupo de amigos. Ademais, a Sakuya Route trouxe paralelos ainda mais profundos que dão substância à comparações entre Shirou e Archer.

Fora Kotarou e Sakuya, a rota de Chihaya se destaca pela forte presença do occult club e Nijikujou, além do apelo “battle-shounen” e a atmosfera ser mais aventuresca e repleta de bom humor. Há sempre alguma coisa acontecendo, diversos pontos de clímax e uma dinâmica ágil e envolvente. Rota da Chihaya foi divertidíssimo de ler, e embora a própria Chihaya passe quase despercebida, Kotarou se sente como um personagem muito vivo e pulsante dentro da história. É a única rota em que o clímax se torna explosivo e alucinante num sentido catártico. Também é a única em que Kotarou desenvolve suas habilidades em duas mãos – os universos de Tonokawa tendem a se chocar com os demais, como na rota de Shizuru onde a salvação é completamente diferente do que aprenderemos em Terra ou Akane; e aqui, o único universo onde Kotarou desenvolve o poder em duas mãos. O Fato de os dois universos de Tonokawa divergir com o que aprendemos nos demais e na própria rota “cânon”, cria um certo contraste negativo em termos de substância global de Rewrite, afinal, em Terra ou Moon, esta divergência não é tratada como algo natural e passível de acontecer por se tratar de universos diferentes, isso é simplesmente ignorado, com certas características dos personagens sendo tomado como algo que irá acompanha-los seja qual for o mundo.

Na próxima semana, uma das minhas rotas prediletas. Escrita por um cara que trouxe ao mundo duas das obras mais marcantes em minha vida. *tambores rufando*