Comentários: Subete ga F ni Naru #08 – Tudo se Torna Simbolismos

As coisas começam a se clarear em Perfect Insider, vulgo Subete ga F... mas é interessante que mesmo quando a sujeira se assenta ao fundo e a superfície se mostra mais translúcida, o fundo ainda permanece aquela obscuridade abissal. Creio que isto que seja o motor da narrativa, no sentido de nem tanto querer obter quem matou quem, mas sim as razões envolvidas. E este motor é sem dúvida o que faz você seguir adiante. Inconsciente você continua querendo saber.

E o que sabemos até agora certamente é esclarecedor em muitos aspectos, como a concretização da “teoria” de que Shiki teve uma filha. No entanto, agora temos mais detalhes que embasam melhor essa suspeita, com o próprio anime apontando em direção com uma bandeira nem um pouco sutil. Assim praticamente confirmamos a hipótese de que Shiki ficou grávida do pedofilo e que esta filha assumiu o seu lugar (explicando com mais solidez que não seja o clichê ‘anime otaku’ o motivo de uma mulher de 29 parecer ter 15) em algum momento. E que a irmã de Shiki, a Miki, na verdade é a própria Shiki. Tudo faria sentido com o “tudo se torna 15”, mas o que seria esta “inserção perfeita”? E que demônio é Shiki que, como tudo indica, já tinha tudo planejado, antes mesmo de acontecer? O que há em sua mente?

Ah, sim... aquele diários com as memórias do pedófilo sempre ao lado de ‘Miki’. No fim, talvez seja ele próprio a desvendar todo o enigma F? É certo que Shiki sempre soube que seria punido. Que ambos seriam punidos. O que não se sabia, é que eles próprios seriam os próprios carrascos. Haverá o sonho de uma verdade libertadora através do universo virtual à lá Paprika, no quando a assombrosa Shiki perseguia?

Essas são algumas das questões que fazem chispar faíscas dentro de mim, mesmo que a série esteja muito irregular em termos de estimulação e desenvolvimento de personagens.

Por falar neles, neste episódio Moe é absolutamente adorável em todos os momentos, e finalmente a quebra do gelo que existia entre Saikawa e ela se dissolve, ao ponto de podermos vislumbrar alguns sentimentos escorregadios no doutor. Eles realmente possuem uma boa química, o pesar é a série não saber como explorar isso de uma forma mais forte, ficando sempre muito no artificial e nos repetitivos ação e reação entre um e outro, que nunca sai do lugar realmente – com a exceção do episódio anterior onde a coisa se move de verdade. O resultado já se torna visível neste episódio, onde indução dedutiva e calor humano conseguem se equilibrar com igual intensidade. Moe e Saikawa formam um par divertido, especialmente ela consegue atraí-lo naturalmente, sem as habituais forçadas de barra. Isso acontece justamente quando enfim se torna menos densa.

Posso dizer tranquilamente que este foi um dos episódios mais gostosos que assisti do anime, pela interatividade e também a forma como clímax é construído, que por menos chocante que seja, tem uma abordagem realmente curiosa por meio de retalhos de imagens significativas, tal qual um sonho. Mas não é um sonho, né mesmo? Saikawa não adormeceu ao ponto de ter um sonho tão abstrato e desfragmento, só possível na fase REM. Ou o roteiro meio que deu uma forçadinha de barra, ou ele foi induzido.

Por quem?

Michiru?

E essa Michiru, será uma existência autentica ou uma manipulação de alguém? Meus receios levantados no episódio anterior ainda se fazem notar.

Neste meio tempo, as minhas sobrancelhas se arqueiam quando vejo num cenário como este duas personagens circulando no meio da noite e madrugada de maiô e biquíni em um laboratório como se fosse a coisa mais natural que existe, quando nem mesmo numa casa de praia isso é tão corriqueiro como se possa imaginar (porra, se até mesmo na praia é comum nos cobrirmos com toalhas quando se está num circulo de conversa mole). Será que elas não sentiriam certo constrangimento? Oh, o famoso pudor japonês parece que só aparece em momentos convenientes. Este tipo de bobagem é algo que realmente tira a minha imersão. Nada contra fetiches. Inclusive os amo. Mas criar um ambiente onde isto não se torne algo dissonante é também ser bom autor.

Avaliação: ★★★★★

Staff do episódio:

Roteiro: Mami Amamiya

Direção do episódio: Hiroshi Ishiodori

Storyboard: Jun Matsumoto

Direção de animação: Kazuhiko Shibuya

Diretor: Mamoru Kanbe

Bônus

-E esse ritual? Rituais são comuns em pequenas aldeias/vilarejos onde todos acabam participando de um mesmo fim, mas eu não faço ideia se é o que essas imagens querem dizer. Rituais normalmente celebram vida, morte/reencarnação/ciclos, etc, sacrifícios. Em relação ao avestruz. o que mais se destaca nele é ser um simbolo transcendente, se relacionando com a morte e a vida, encubando seus ovos com o calor do corpo (= laboratório?). Enfim, me senti assistindo Cosmos.