quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Rewrite: Akane Route (Romeo Tanaka)

Spoilers, SPOILERS adoidados! Série de artigos de minhas impressões sobre cada rota de Rewrite. Aportando no blog cor de beterraba, a dama da noite, a misteriosa cigana... 


Seiyuu:  Eri Kitamura – minha segunda interprete favorita em Rewrite, só perdendo para Chiwa Saito como Kotori. Kitamaura está simplesmente deslumbrante, dando um show de carisma, desenvoltura, charme, sexy appeal e afetação, sem sair por um segundo sequer do tom. Akane só é tudo o que quer, sem ficar presa a um mero arquétipo, porque a atriz que a interpreta, no caso Kitamura, é uma grande atriz e interprete de voz e defende a sua personagem com bastante leveza. Tem horas que Akane fale em sussurros que parece mais estar tendo um orgasmo, sendo difícil especificar se é puro desânimo ou excitação (bem, seria difícil se você apenas ouvisse, mas Akane é esse tipo de pessoa. Ela é naturalmente HOT, e como especifica o autor Romeo Tanaka em uma entrevista, ela é o arquetipo da senpai, da garota mais velha e experiente, e sexy. A maior da conquista de Akane é conseguir ir além disto, e antes de passear por sua rota, é difícil crer nisto, mas é verdade)
Senri Akane é a minha heroína preferida. Ela tem toda uma áurea mística em torno dela, o que faz com que seu apelido de “Bruxa da escola” seja um reflexo desta sua imagem misteriosa. É como se você nunca tivesse acesso completo ao seu interior e ela fosse quase inalcançável – notamos isso não apenas pelo fato de ela estar sempre um passo à frente de Kotarou ou por mesmo quando estão juntos e ficar claro que ela definitivamente o ama, ainda assim o manipula, mas sim por ela manter uma barreira de proteção em torno de si na maior parte do tempo. Nas duas únicas vezes que ela se abre um pouco e se permite chorar nos ombros de Kotarou, fica implícito o quanto encara isso como um ato de fraqueza e, que ao ceder a algo assim, parece se sentir como se não fosse conseguir seguir adiante, como se estes momentos de aberta fragilidade pudessem deixa-la mais vulnerável – o que é um fato. Há um motivo para isso, claro. Sempre há um motivo para tudo, até mesmo quando uma folha cai de uma arvore. 

Há um certo momento, quando Akane route está perto de seu fim, que Kotarou entende que provavelmente Akane sempre esperou que ele pudesse traí-la e acabar com seus planos, assim tirando um fardo de seus ombros. O que faz de Akane uma heroína tão superior é a sua fundamentação e o modo como se desenvolve tão expansivamente; apesar de ser claro que ela é uma vítima e que fora levada a isso, ao contrário do que ocorre em Lucia, o texto não tenta justificar suas ações equivocadas para torna-la afável ao leitor, pois isto já é claramente implícito na própria narrativa [e é ainda mais substanciado em Terra]. Ela tem suas mãos sujas e possui consciência disto. Apesar de toda a estruturação fantasiosa, sua complexidade é bem humana, até mesmo nas contradições. Ela deseja a felicidade, mas se sente incapaz de alcança-la ou ser merecedora, e mesmo quando encontra um porto seguro ao lado de Kotarou, ela acaba fugindo. Isso mostra que aquilo que Akane procurava e necessitava estava muito além de um romance e uma feliz vida comum, o que ela precisava era preencher seu vazio interior (o que também vai de encontro a razão máxima de Kotarou, só que isto é melhor desenvolvido em Terra) e isto ninguém mais poderia fazer por ela, pois sempre fora algo que ela própria precisava resolver consigo mesma dentro de si. 
A maldição da mulher santa tem um papel definitivo no que ela é e neste seu ar um tanto melancólico e com certa aversão social, mas certamente são todos os anos de doutrinação e sem um maior suporte emocional que foi essencial para a sua total falta de esperança e amor próprio. Akane e Lucia são as duas heroínas que tiveram sua infância violentada e a sua formação comprometida por diferentes corporações. Mas ao contrário de Lucia, o desfecho de Akane foi libertador e pode ser visto menos como punição e mais como salvação – e que bom que foi assim, depois de tanto tormento e aflição, se o final fosse anticlimático, deixaria uma sensação inequívoca de insatisfação. O desfecho é agridoce, mas oferece tudo aquilo ao qual Akane sempre buscou (algo que fica implícito no seu comportamento na escola, em uma sala fechada com acesso restrito): o afastamento de tudo e todos, o que significa também, o alivio daquilo que carrega sobre os ombros. 

Akane possui a escrita mais sólida entre todas as rotas, acredito que pela própria ambientação da história e de sua heroína, uma garota que ao contrário das demais, é bem mais madura e embora seu conflito seja equivalente ao de Lucia, possui uma configuração que envolve muito mais o núcleo da narrativa, enquanto Kotori, Shizuri e Lucia, ainda que abordem um pouco sobre como é o funcionamento interno de cada organização, são tramas que ficam mais em paralelo. Já Akane é a própria Gaia e todo seu peso, e isso se traduz em uma narrativa que por vezes chega a ser angustiante – até mesmo os embates físicos em torno de Kotarou são conduzidos em um ritmo denso e nervoso – e o rompimento de uma linha fatal que reflete a definitiva passagem de um adolescente entediado e sem responsabilidades em um homem adulto carregando sobre os ombros o peso das responsabilidades tomadas. As camadas de obscuridade e complexidade em Akane seriam apenas um prenuncio para tudo o mais que veríamos em Moon e Terra, contudo. Sendo assim, fazer pós-Kotori, as rotas de Shizuru e Chihaya foi uma boa decisão, pois se percebe a partir de Lúcia, Rewrite ganhando contornos cada vez mais graves e irreversíveis. Sufocante!
Não falei muito do Kotarou, pois em Akane seu papel é mais proeminente como narrador, mas ao lado de Kotori, esta é a rota que ele forma o melhor par com a heroína, seja pelo relacionamento decorrer com maturidade sem o viés adolescente que tende a deixar tudo mais folhetinesco ou seja por ser fácil perceber em Kotarou uma necessidade verdadeira de estar com Akane – quando ela desaparece sem lhe dar satisfações, se sente naturalmente traído, magoado, e acima tudo, a quer de volta ao lado dele, tudo isso sentimos através da narrativa que expõe essas emoções através de gestos e atitudes que chegam a nós com naturalidade. E quando ele a encontra, mesmo que a decisão a que chegue seja equivocada, como ele próprio se dá conta mais tarde, ainda assim é fácil notar urgência em como ele quer mantê-la ao seu lado. Urgência é uma boa palavra para definir a rota de Akane. Sua absorção não me foi tão fácil, precisei de muito refletir (outra característica de Akane Route: sua digestão não é fácil e ela permanece contigo por um tempinho além) para enfim poder apreciar melhor algumas das decisões criativas - o timing da fase em que Kotarou passa vagando pela cidade semidestruída ainda acho imperfeito, pois apesar de excelentes acontecimentos, como o encontro com Yoshino ou a luta sensacional com Tasakago, além da representatividade que possui na construção do clímax, há alguns momentos que se torna chato por seu caráter repetitivo, que faz perder o ritmo em demasiadas ocasiões – se fosse um pouco mais curto ou com linhas de pensamentos mais evocativas eu realmente não teria nenhuma queixa contra a rota de Akane, mas depois de tanto refletir, é apenas isso que me desagrada em toda rota. Afinal, o desfecho é o exatamente o que deveria ocorrer e o clímax, em que Akane e Kotarou chegam a um entendimento, traz o alivio e recompensa emocional que tanto ficou suspenso. Em suspense até o último momento, em que enfim podemos respirar aliviados. 

Avaliação: ★★★★
Autor: 皇ハマオ

Destaque: CHOREI DEMAIS, DEMAAAAIS


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