domingo, 26 de junho de 2016

5 Luxos & 1 Lixo: Openings da Spring/Primavera 2016

Falemos sobre música. Falemos sobre animes. Sobre aberturas de animes. Dessa vez não é um top, mas uma lista. Ou seja, a ordem não faz diferença, com a exceção do lixo. Vamos?! Clique ai em leia mais e segue comigo. 
Luxos

Kiznaiver
Música: LAY YOUR HANDS ON ME
Interprete: BOOM BOOM SATELLITES
Acho que o ingrediente principal para uma boa OP é a sua música tema, sendo assim, ela pode ser genérica o que for, mas se conseguir um bom embalo ela se torna algo envolvente. E eu sabia que a Kiznaiver se enquadrava nessa categoria logo nos primeiros segundos. Claro que há a questão essencial do timing que tem uma equivalência também, mas essa consegue se sair bem também neste quesito.

Com a dançante música tema LAY YOUR HANDS ON ME (algo como "coloque suas mãos em mim"), essa OP faz uma rima perfeita com a temática da série, que trata sobre conexões, através de um desenho que valoriza efeitos caleidoscópicos sobrepostos à animação – caleidoscópio é uma metáfora visual para diversidades e fragmentos de vários aspectos que estão unidos ou se unindo. Ou seja, um reflexo muito bom sobre o que é a série, já ambientando instintivamente o expectador. Eu gosto bastante de como músicas eletrônicas transmitem, como nenhum outro estilo consegue na mesma intensidade, uma dissonância entre a forma e o conteúdo, com um ritmo dançante uma melodia melancólica. É como nós mesmos e nossos sentimentos conflitantes.

Nota lateral: fizeram uma versão com Take on Me do A-ha e ficou muito sensacional)

Sailor Moon Crystal
Músicboboa: New Moon ni Koi Shite (In Love With the New Moon)
Interprete: Etsuko Yakushimaru

Essa é a minha OP de anime preferida da temporada, além de conter a animação mais bonita e mais fluida. Desenhada e dirigida pela diretora Chiaki Kon, a abertura traz os maiores clichês das aberturas de animes – como personagens correndo para a direita, a apresentação de cada um e suas habilidades e o encontro de todo o elenco ao fim, etc – além de alguns frames que remetem a cortes clássicos de Shoujo Kakumei Utena (de Kunihiko Ikuhara, que também dirigiu a hoje clássica primeira temporada do primeiro anime de Sailor Moon e sempre demonstrou certo carinho pela série ao ponto de aparecer com cosplay de sua personagem preferida, Rei) e Higurashi, onde ela foi diretora. 

É um storyboard imagético e bem dirigido, em que o trabalho de câmera passa a impressão de que ela está se movimentando muito rápido. O resultado é excelente, pois todos os elementos soam pulsantes. Destaque para quando as pernas das meninas se transformam em cauda de foguete, com uma lógica de mahou shoujo clássico. Inclusive a música tema é o oposto da que vi na abertura da primeira temporada de Crystal, essa tem um apelo mais infantil, por assim dizer. Nesse sentido, tudo nessa abertura remete a uma série de garota mágica tradicional, e é uma brincadeira divertida porque Sailor Moon não é o mais tradicional no gênero.

JOJO Parte 4: Diamond Is Unbreakable
Música: Crazy Noisy Bizarre Town (~EDM arrange ver.~)
Interprete: THE DU

Com storyboard do diretor da série, Naokatsu Tsuda, essa abertura é altamente estilosa como seria de se esperar de uma abertura de Jojo, e apesar de fugir do que foi estabelecido nas outras temporadas – com personagens em CG – mantém o mesmo feeling de músicas temas contagiantes e animação performática. Não só a abertura, mas a nova série se distingue notavelmente das outras em um sentido estilístico, apostado em uma coloração mais vibrante e saturada e linguagem visual que remete à pop-arte. Tudo isso, obvio, reflete na própria abertura repleta de explosões de cores, pop-arte e o cenário simulando uma vibe absolutamente Disco, com uma lógica visual de boate dos anos 80. As próprias poses dos personagens – inclusive é foda como as sombras são simulações dos stands dos personagens – em meio à toda purpurina e luzes faiscantes é espalhafatoso nível Saturday Night Fever (talvez seja até mesmo uma referência, indireta ou diretamente). Aliás, a própria música original é totalmente Disco, ao ponto de surgirem algumas paródias, como esta feita pelo Diogo do Aninkenkai* que brinca com as semelhanças melódicas com uma música dançante do Tim Maia. Depois de alguns episódios trocaram por uma versão remix, que eu realmente não entendi o que motivou a troca, pois a versão original é muito superior.

Curiosamente, a história de Unbreakable acontece já no fim da década de 90 e despontando os 2000, mas toda a lógica visual é anos 80 e meados dos 90.

Koutetsujou no Kabaneri (Kabaneri of the Iron Fortress)
Música: KABENERI OF THE IRON FORTRESS
Interprete: EGOIST

As aberturas de animes dirigidas e desenhadas por Tetsuro Araki (Shingeki no Kyojin, Death Note, Highschool of the Dead, Guilty Crown) tendem a ser explosivas e, além de performáticas e com edições dinâmicas, são uma especie de vídeo clipe com uma síntese visual da obra em seus momentos mais climáticos. O resultado é notoriamente excelente. Araki é um dos [poucos] animadores, diretores e storyboarders que se sobressaem nesse exercício de pegar os melhores cortes dos storyboards dos episódios e desenhar uma narrativa de videoclipe editada com filtros e trilha sonora vibrantes, as vezes, até melhores que a própria adaptação. Ele tem um olho afiado para sequências de ação e o seu trabalho de "câmera" nunca é visualmente chato ou sem graça. Ademais, ele merece todos os méritos de conseguir extrair de um tema caracteristicamente lento do EGOIST um envolvimento tão natural entre áudio e imagem sem perder o ritmo alucinado e sem que essa composição soasse dissonante.

Joker Game
Música: Reason Triangle
Interprete: Quadrangle

A opening de Kuma Miko é, particularmente, uma gracinha. Senti como se meu coração fosse torrãozinhos de açúcar se desmanchando fácil demais à sua exposição, apesar da animação genérica. A de Concrete Revolution s2 tem uma composição visual mais inventiva. No entanto, é a de Joker Game que se sobressaiu aos meus olhos. A composição é bem simples e se sustenta basicamente em filtros, mas o tema musical consegue ser muito mais evocativo aos meus ouvidos e olhos, ao se misturar com a animação que tem alguns momentos bem interessantes. As sobreposições de personagens sobre personagens mesmo, parece ser uma influência direta da abertura do seriado True Detective. É uma abertura bacana que apresenta uma integração melhor que a de suas concorrentes diretas. Além disso, nunca é enjoativa, justamente porque os trompetes ao fundo são uma delícia para os ouvidos.

Lixo

Phoenix Wright
Música: Gyakuten Winner
Interprete: Johnny's West

O que não falta para esta posição são concorrentes de peso, mas certamente dentre todos, a de Phoenix Wright merece uma posição de destaque, porque sua abertura não é apenas sem graça ou monótona ou genérica, como a maior parte das aberturas dos animes de cada temporada, mas também sagra-se com louvor em ser muito, muito ruim. Em todos os sentidos, desde a animação ao storyboard. É constrangedor. Aposto que eles tavam zoando e riram todos com o resultado final.


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