domingo, 18 de setembro de 2016

Entrevista: Horikawa Kenji – Produtor Abre o Jogo sobre P.A. Works e Indústria

"Por mais que eu queira fazer algo centrado em torno de personagens mais velhos, existe uma coisa chamado valor monetário associado com personagens."
Entrevista curtinha e muito bacana com o produtor do estúdio P.A. Works* Horikawa Kenji no evento americano de anime Otakon 2016. Ele é fundador e presidente do estúdio, além de diretor de operações do estúdio Bee Train Productions Inc.

É um prazer fazer esta entrevista com você. A minha primeira pergunta tem a ver com True Tears. Foi o seu primeiro trabalho num estúdio, e pelo que eu ouvi o anime é bastante diferente da visual novel. O que levou você a escolher esta série para adaptar como seu primeiro projeto, e o que levou à mudança do material de origem?

Horikawa: O produtor, naquele momento o Sr. Nagatani, havia dito: “Vamos trabalhar em alguns projetos juntos!” E uma dessas escolhas foi True Tears. Nós pensamos que era perfeito para o que poderíamos fazer naquele momento. Nós também pensamos que teríamos muita liberdade também, já que o tema era “lágrimas”, nós poderíamos fazer o que queríamos.
Hanasaku Iroha é uma série que mostra o charme do campo e a tradição japonesa. Parece que mais e mais animes estão sendo pensados para a promoção do turismo para regiões do Japão. Você criou o Festival Bonbori em Hanasaku Iroha, mas era uma ideia a promoção de uma região do Japão que fazia parte da produção desde o início?

Horikawa: Quando fizemos Hanasaku Iroha, nós não tínhamos a intenção de elevar o turismo, muito pelo contrário, na verdade. Recentemente, há muitos casos em que fãs de anime vão para os locais onde o seu anime favorito aconteceu. Algumas pessoas chamam isso de ir para “lugares sagrados” ou “investigar a série”. Mas, enquanto isso pode ser uma coisa boa, o ato de fãs que vão a estes locais pode não ser sempre positivo. Quando os fãs se reúnem, eles podem tirar fotos de – digamos – casas de classe média, o que poderia ser muito problemático e perturbador. Quando eu vou selecionar um local para um trabalho, eu penso sobre como fazer para que mesmo que os fãs o visitem tudo fique bem.

Então, quando nós estávamos fazendo Hanasaku Iroha , era parte dos nossos pensamentos baseá-lo em uma cidade termal e com isso estaria tudo bem com ter alguns numerosos fãs o visitando. Nós também tivemos o cuidado para que os moradores daquela cidade fossem notificados quando um grande número de fãs estivesse chegando.

Em relação ao Festival Bonbori, inicialmente não era algo que estava previsto, mas acabou surgindo em cima da hora durante a produção de Hanasaku Iroha. Pensamos que, se fosse um festival que as pessoas pudessem continuar – não no sentido de anime, mas de um legitimo festival – nele sua duração seria bem longa, e o impacto seria muito maior. Enquanto um anime pode ser esquecido em poucos anos, um festival é parte da cultura japonesa e não será esquecido.
Em Hanasaku Iroha, a avó é um personagem muito importante. Em Shirobako, a maioria das personagens são mulheres com uma carreira ou já fora da escola. Tari Tari tem uma das minhas personagens favoritas, que é a Takakura Naoko. Você sente que há um melhor mercado para séries estreladas por personagens mais velhas, talvez semelhantes à série que você faz agora, mas com as pessoas em seus 20 e 30 anos?

Horikawa: Por mais que eu queira fazer algo centrado em torno de personagens mais velhas, existe uma coisa chamado valor monetário associado com personagens. Em Hanasaku Iroha, os personagens deveriam estar fora da escola e já trabalhando, mas devido a essas complicações se tornaram meninas do ensino médio.

Em Shirobako, no entanto, demos esse passo no sentido de tornar os personagens como pessoas que estão realmente fora da escola e inseridas no mercado de trabalho. Isso foi uma grande aventura para nós. Quando eu descobri que Shirobako foi realmente um sucesso, temos mostrado que as meninas não têm que estar na escola para os fãs se mostrem interessados. Então, foi ótimo descobrir o que os fãs gostam de mulheres maduras tanto quanto as do ensino médio.

Há um número de personagens em Shirobako baseadas em verdadeiros criadores, por exemplo, Maruayma Masao e Hideaki Anno. Será que eles foram consultados sobre suas caricaturas, e têm alguma coisa a dizer sobre?

Em relação às pessoas ligadas a esses personagens, nós pedimos seu reconhecimento. O diretor conhecia Maruyama-san, então ele provavelmente perguntou a Maruyama-san, enquanto eu pedi [autorização] às pessoas que eu conheço. Mas alguns parecem que dizem que nunca receberam os pedidos de reconhecimento.

Fonte: Ogiue Maniax