Saudações do Crítico Nippon!
Segunda
vez que participo do Corrente de Reviews. Provavelmente porque me dei bem da
primeira vez, com o divertido Golden Boy. Se tivesse tirado esse God Eater
antes, minha participação pela segunda vez estaria em risco... E isso já diz
bastante sobre o anime, não é?
Mas,
bem, suponho que essa é a graça de participar de uma brincadeira dessas. Pra
quem não teve que assistir horas e horas dessa desgraça, claro...
Baseado
no jogo de mesmo nome, o anime parece colocar em um liquidificador elementos
retirados de diversas outras obras para ver o que acontecia. Remete a Shingeki no Kyojin, com Buso Renkin, Koutetsujou no Kabaneri (este foi lançado
posteriormente, com um resultado infinitamente melhor), Knights of Sidonia, uma
série de clichês de dezenas de animes, e uma pitada de Dragon Ball Z no final.
Aham.
Vejamos
se eu me lembro da trama... A humanidade foi praticamente exterminada por
criaturas chamadas Aragamis. Enquanto isso, os sobreviventes vivem dentro de
uma muralha chamada Fenrir. Mas alguns também vivem fora (?!). Aqueles que
batalham com os monstros são chamados de God Eater e suas armas são, bem,
lembram de Buso Renkin? É aquilo lá, só que pior.
Com
um universo que parece querer mesclar entre futurístico, repleto de tecnologia
em determinados momentos (e em sua animação de CG), e outros mais rústicos,
remetendo a animes e povos que vivem em vilarejos na floresta. A técnica da
animação revela-se absolutamente pavorosa. E olha que rasguei elogios para
Knights of Sidonia. Não havia necessidade nenhuma de empregá-la aqui, os
Aragamis parecem extremamente falsos e duros, e até mesmo os personagens não se
movem com a devida fluidez.
God
Eater consegue a façanha de não criar um único personagem carismático e
envolvente. Há a jovem mecânica que fornece armas para os heróis; o ruivo
engraçadinho (Psycho Pass, D. Gray-man...); a cientista adulta com um decote
imenso; a jovem séria e mais habilidosa de todos, que não gosta de trabalhar em
equipe; alguém que é chamado de Shinigami (Deus da Morte)...
Em
suma, apesar de haver inúmeros animes com esses estereótipos, ao menos são bem
trabalhados e carismáticos. God Eater não sai do básico. Cada um desses
personagens tem falas mínimas e engessadas em sua persona. A mecânica fala duas
palavras... sobre mecânica. A cientista sexy... sobre ciência. A garota solitária
e forte... bem, eu não lembro de um diálogo dela. E assim por diante. Cada um
ganha espaço para martelar o que já sabíamos só de bater o olho neles. Suas
interações soam pobres e aborrecidas, sem criar laços realmente.
E
chegamos ao protagonista, Lenka, que tem aquele rosto genérico com cabelos
negros espetados, camisa branca lisa. Obviamente ele possui a melhor espada de
todas. Por alguma razão. Sua capa verde remete totalmente à Tropa de
Exploração. Ele parece não ter realmente uma personalidade, sendo sério o tempo
inteiro, falando extremamente pouco e, pasmem, endeusado por todos sem motivo
aparente. Ele vira líder de equipes sem fazer nada. Mesmo, nada. Ouvimos
diálogos direcionados à ele como “Você
tem um poder incomparável”, sendo que mal o vimos lutar (e lembrando que a
garota se mostrou muito mais habilidosa que ele). Em outro instante, o
cientista diz que a arma de Lenka não funciona porque “a taxa de compatibilidade dele é alta demais” (é mais de oito mil!).
Quanta testosterona. Que homem. Mas não há ação alguma que sustente essa
expectativa toda.
As
mulheres são tratadas como o mais puro lixo. Sempre aparecendo semi nuas,
inclusive quando estão apanhando e jorrando sangue. Não condiz com o tom da
obra, que tenta realmente ser séria como as comparações anteriores, não um
Highschool of the Dead. Alisa Amelia chega aparecer pelada em praticamente
todas as suas cenas, na banheira, rastejando, dormindo, ou se recuperando. E se
havia gente que achava emocionalmente fraca a Mumei de Kabaneri (e não é),
esperem até ver Amelia que passa o anime inteirinho agonizando em pensamentos
sozinha, jogando no lixo toda força que demonstrou em sua primeira aparição.
Isso quando ela não começa a chamar os pais mortos, inúmeras vezes,
revelando-se completamente louca.
Aliás,
há um momento absolutamente pavoroso em que o protagonista tem o tronco
perfurado por uma gigantesca garra de Aragami. E não morre. E mais! Poucos
minutos depois, Lenka é quem está ajudando Amelia a se levantar e caminhar,
sendo que ela levou golpes infinitamente mais fracos do que... ter o corpo
atravessado por uma gigantesca garra da largura do tronco! É uma das sequências
mais surreais que eu já vi.
Contudo,
as outras se saem igualmente péssimas. A cientista sexy está ali para endeusar
o protagonista com o passar do tempo. Há também Sakuya que começa a fazer o
mesmo. E esperem só até ver as ações finais da irmã de Lenka. Confesso que
explodi de rir de tão incrédulo.
Não
há uma trama realmente, visto que nada se desenvolve. O clímax do anime poderia
ter ocorrido no primeiro episódio, pois não houve nada construído até culminar
naquilo. É só mais uma “vamos sair da muralha e lutar um pouquinho com os
bichos”. As sequências de ação são burocráticas, com a câmera estática e os
personagens quase não se movimentam. As armas soam extremamente desconfortáveis
e limitam qualquer coreografia. E esperem só até ver uma dessas espadas
enfaixada no hospital. Só mais um dos inúmeros momentos de chorar de rir.
Sem
uma história para contar, God Eater fica se remexendo na lama da mesmice. Há,
inclusive, sequências dessas cenas bobas uma atrás da outra. Por exemplo, Lenka
divagando se será forte o bastante para matar os Aragamis do mundo (zzZZZ),
imediatamente surge sua irmã que tropeça e cai nos braços do senpai bonitão. É
uma pior que a outra, incessante, sem nos poupar. A morte dos pais do
protagonista é igualzinho Shingeki, só que acontece todo o drama em 2 minutos,
máximo. É impossível sentir qualquer coisa (além de vontade de dar risada).
Com
dezenas de perguntas sem resposta, pois é palpável como ninguém estava dando a
mínima na hora de fazer esse anime, God Eater se torna esquecível imediatamente
após assisti-lo. E não fossem as minhas anotações no processo, eu jamais teria
lembrado qualquer coisa que escrevi aqui.
(Para mais dos meus textos, é só ir no menu 'Crítico Nippon'.)
Twitter: @PedroSEkman
Acompanhem a Corrente na página oficial AQUI. A Beta Roberta estará presente somente de pensamentos e orações esse ano (as mesmas duas ""soluções"" que os americanos dão para as armas). Porém, qual a vantagem de ter um time se não para essas horas complicadas da vida, não é? Apesar dos pesares, tentarei continuar participando nas próximas, ao menos me poupa o trabalho de escolher por conta própria.
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