Saudações
do Crítico Nippon!
Apesar
de contar com apenas 13 episódios para narrar uma preparação, viagem de avião,
navio e alguns dias na Antártida (sim, tudo isso), este anime sabe aproveitar
muito bem cada capítulo. Recrutando as personagens de maneira divertida e
irreverente, focando em seu desenvolvimento, estreitando os laços entre todas
até o final da viagem, Sora yori mo Tooi Basho é mais um excelente acerto da
Madhouse.
(Esse texto só existe graças aos Padrim. Participe também!)
O
anime começa nos apresentando a Mari Tamaki, uma garota do ensino médio que
almeja se aventurar das formas mais prosaicas possíveis (por exemplo, pegar um
trem para Tóquio) antes de mergulhar sua atenção nos vestibulares. Eis que por
algumas coincidências do destino, ela conhece Shirase, outra garota repleta de
planos, um pouco mais ousados: viajar em uma expedição para a Antártida. Obviamente
elas acabam se unindo na empreitada e colocando no grupo outras duas garotas.
E
aqui preciso ignorar certos conhecimentos prévios de documentários sobre a
Antártida, que jamais admitiriam crianças simplesmente passeando por lá. Mas
tudo bem, é só um anime. E é o que fazem com esta premissa, e dá maneira que fazem,
que importa. E a obra o faz muito bem. Primeiro ao estabelecer os
anseios de Mari, em seguida o desaparecimento da mãe de Shirase, e o esforço
imenso que a garota está fazendo para juntar dinheiro. Além de manter contato
com pessoas ligadas à expedição em que sua mãe desapareceu, tendo planos
concretos de como poderia embarcar no navio quebra gelo. Em suma, o roteiro
percebe a necessidade de amarrar os pontos e fazer com que tudo pareça
plausível.
Apresentando
as demais personagens com personalidades distintas e cativantes, Hinata parece
um misto de Mari e Shirase, desejando grandes aventuras e querendo provar algo
a quem não acredita nela. E Yuzuki traz uma aura mais centrada ao grupo,
abrindo possibilidades de novos planos para que a viagem ocorra. E é ótimo
fazer com que nem tudo saia como o planejado, novamente contribuindo para que
as garotas fiquem mais reais. Além de Mari não ser apenas a garota bobinha, mas
tendo insights interessantes. E Shirase não fica no estigma da “Sadako séria”,
sorrindo inúmeras vezes e se esforçando em todas as brincadeiras.
Com
gags extremamente divertidas, a direção consegue brincar com os passeios
frustrados de Mari; a vergonha de Shirase em falar nos vídeos documentados
durante a viagem; além de criar montagens fantásticas que ajudam o tempo a
passar mais rápido e aproximam as personagens. Como por exemplo, quando estão
passeando por Cingapura; ou a voz de Shirase ao fundo escrevendo para a mãe
enquanto vemos todas brincando no gelo, tocando instrumentos, cantando, dando
risadas. Até mesmo episódios que parecem ter um tema único, como o do enjoo no
navio, apresentam diversas outras atividades no decorrer. Como as garotas
auxiliando nas tarefas do barco, treinando resistência física, e até apreciando
algumas baleias. Cada minuto é aproveitado.
Fazendo
uma analogia inteligente entre a Antártida e a lua, com o nome do próprio anime e de um livro nele, “Um lugar mais longe que o espaço”, as semelhanças são óbvias e nem
por isso menos atraentes e poéticas. E com o estúdio Madhouse, só podemos
esperar um anime tecnicamente impecável. As paisagens são de tirar o fôlego,
aproveitando a beleza da neve, dos barcos, dos ambientes internos
e dos animais.
Com
informações sempre interessantes, como a eletricidade estática nas mãos, os
balões meteorológicos, recursos para aproveitar a neve e filtrar a água, a
dificuldade em respirar no frio, os cabos de segurança mesmo para percorrer
distâncias extremamente insignificantes. E as garotas ainda encontram
atividades para justificar sua presença lá, auxiliando nos afazeres domésticos enquanto
a expedição trabalha, e trazendo alegria e descontração para aquele lugar
desolado.
Com
a amizade delas crescendo aos poucos, e martelando que ainda não são amigas,
apenas companheiras de viagem, um soquinho de costas é o suficiente para
mostrar o quanto se aproximaram. E os momentos de maior força (sim, o episódio
12), são extremamente íntimos e revelam muito do que ainda estava guardado em
algumas delas. Proporcionando um crescimento individual para todas ao longo da
viagem, Sora Yori mo Tooi Basho é engraçado, tecnicamente irrepreensível e com
um gigantesco coração.
(Para mais dos meus textos, é só ir no menu "Crítico Nippon")
Twitter: @PedroSEkman
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