quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Sora yori mo Tooi Basho


Saudações do Crítico Nippon!

Apesar de contar com apenas 13 episódios para narrar uma preparação, viagem de avião, navio e alguns dias na Antártida (sim, tudo isso), este anime sabe aproveitar muito bem cada capítulo. Recrutando as personagens de maneira divertida e irreverente, focando em seu desenvolvimento, estreitando os laços entre todas até o final da viagem, Sora yori mo Tooi Basho é mais um excelente acerto da Madhouse.

(Esse texto só existe graças aos Padrim. Participe também!)





O anime começa nos apresentando a Mari Tamaki, uma garota do ensino médio que almeja se aventurar das formas mais prosaicas possíveis (por exemplo, pegar um trem para Tóquio) antes de mergulhar sua atenção nos vestibulares. Eis que por algumas coincidências do destino, ela conhece Shirase, outra garota repleta de planos, um pouco mais ousados: viajar em uma expedição para a Antártida. Obviamente elas acabam se unindo na empreitada e colocando no grupo outras duas garotas.


E aqui preciso ignorar certos conhecimentos prévios de documentários sobre a Antártida, que jamais admitiriam crianças simplesmente passeando por lá. Mas tudo bem, é só um anime. E é o que fazem com esta premissa, e dá maneira que fazem, que importa. E a obra o faz muito bem. Primeiro ao estabelecer os anseios de Mari, em seguida o desaparecimento da mãe de Shirase, e o esforço imenso que a garota está fazendo para juntar dinheiro. Além de manter contato com pessoas ligadas à expedição em que sua mãe desapareceu, tendo planos concretos de como poderia embarcar no navio quebra gelo. Em suma, o roteiro percebe a necessidade de amarrar os pontos e fazer com que tudo pareça plausível.



Apresentando as demais personagens com personalidades distintas e cativantes, Hinata parece um misto de Mari e Shirase, desejando grandes aventuras e querendo provar algo a quem não acredita nela. E Yuzuki traz uma aura mais centrada ao grupo, abrindo possibilidades de novos planos para que a viagem ocorra. E é ótimo fazer com que nem tudo saia como o planejado, novamente contribuindo para que as garotas fiquem mais reais. Além de Mari não ser apenas a garota bobinha, mas tendo insights interessantes. E Shirase não fica no estigma da “Sadako séria”, sorrindo inúmeras vezes e se esforçando em todas as brincadeiras.


Com gags extremamente divertidas, a direção consegue brincar com os passeios frustrados de Mari; a vergonha de Shirase em falar nos vídeos documentados durante a viagem; além de criar montagens fantásticas que ajudam o tempo a passar mais rápido e aproximam as personagens. Como por exemplo, quando estão passeando por Cingapura; ou a voz de Shirase ao fundo escrevendo para a mãe enquanto vemos todas brincando no gelo, tocando instrumentos, cantando, dando risadas. Até mesmo episódios que parecem ter um tema único, como o do enjoo no navio, apresentam diversas outras atividades no decorrer. Como as garotas auxiliando nas tarefas do barco, treinando resistência física, e até apreciando algumas baleias. Cada minuto é aproveitado.


Fazendo uma analogia inteligente entre a Antártida e a lua, com o nome do próprio anime e de um livro nele, “Um lugar mais longe que o espaço”, as semelhanças são óbvias e nem por isso menos atraentes e poéticas. E com o estúdio Madhouse, só podemos esperar um anime tecnicamente impecável. As paisagens são de tirar o fôlego, aproveitando a beleza da neve, dos barcos, dos ambientes internos e dos animais.


Com informações sempre interessantes, como a eletricidade estática nas mãos, os balões meteorológicos, recursos para aproveitar a neve e filtrar a água, a dificuldade em respirar no frio, os cabos de segurança mesmo para percorrer distâncias extremamente insignificantes. E as garotas ainda encontram atividades para justificar sua presença lá, auxiliando nos afazeres domésticos enquanto a expedição trabalha, e trazendo alegria e descontração para aquele lugar desolado. 



Com a amizade delas crescendo aos poucos, e martelando que ainda não são amigas, apenas companheiras de viagem, um soquinho de costas é o suficiente para mostrar o quanto se aproximaram. E os momentos de maior força (sim, o episódio 12), são extremamente íntimos e revelam muito do que ainda estava guardado em algumas delas. Proporcionando um crescimento individual para todas ao longo da viagem, Sora Yori mo Tooi Basho é engraçado, tecnicamente irrepreensível e com um gigantesco coração.



(Para mais dos meus textos, é só ir no menu "Crítico Nippon")
Twitter: @PedroSEkman

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Os comentários deste blog são moderados, então pode demorar alguns minutos até serem aprovados. Deixe seu comentário, ele é um importante feedback.