Saudações
do Crítico Nippon!
Chihayafuru
vem se consolidando como uma de minhas trilogias favoritas de todos os tempos.
E trilogias fenomenais não faltam no Cinema. Espero poder escrever isso com
propriedade ao assistir o capítulo final. Até o momento, o talentoso diretor Norihiro Koizumi
parece ter compreendido perfeitamente o que funcionava ou não no original,
aprimorando ainda mais para a linguagem cinematográfica. E após dedicar toda
Parte 1 a conhecermos muito bem a relação entre todos, poderia finalmente cair
na mesmice do original de enfiar adversários sem parar. O que não é o caso,
estabelecendo novos conflitos internos, sem repetir qualquer fórmula já usada
no anterior, é uma continuação direta e progressiva do desenvolvimento de
todos.
A
história segue acompanhando o clube de karuta Mizusawa, estabelecendo objetivos
diferentes para seus membros. Taichi quer vencer determinadas competições para
ser um jogador classe A; Komano e Kana precisam ficar mais fortes para
acompanhar o grupo nas competições mais avançadas; e Chihaya fica deslumbrada
ao tomar conhecimento da rainha do karuta, Shinobu, passando a treinar
exclusivamente para enfrentá-la. Por trás disso, os dois amigos de infância
tentam convencer Arata a voltar para o karuta, afinal ele foi o responsável por
apresentar aquele jogo a eles.
Sem
perder tempo em reunir os 3 companheiros de infância, o filme já começa com
este encontro. É possível compreender os motivos de Arata em seu luto, muito
mais do que nos numerosos episódios do original. Além de ser plausível eles não
saberem lidar direito uns com os outros após tantos anos sem convivência. Mas
nem por isso deixam de ter alguma interação no filme. Após ser derrotado em
algumas partidas (diferente das enfadonhas inúmeras vitórias do anime), Taichi
vai pedir conselhos para Arata, salientando um pouco daquela amizade e respeito
mútuo. Até mesmo Chihaya mantém uma misteriosa relação à distância com ele. Ou
seja, o filme não simplesmente isola Arata em um canto, mas os mantém
conectados cada um a sua maneira.
Criando
uma nova relação (e talvez a mais interessante) entre Arata e a rainha Shinobu,
alguns dos melhores momentos do filme são com eles. A atriz Mayu Matsuoka evita
colocar Shinobu na vala comum de vilãs, e trás contornos meigos (a reação com a
toalha) e genuína admiração por Arata e seu avô. E o garoto aceitar jogar com
ela em pleno velório, algo que não se sentiu à vontade com Chihaya e Taichi,
diz muito sobre a relação entre ambos. Além de talvez ser a partida mais
empolgante do filme, em pleno primeiro ato.
Por
sua vez, Mackenyu como Arata constrói um personagem que, mesmo parecendo
carregar o peso do mundo nas costas, transparece uma serenidade que o torna
amigável. Ora inseguro precisando de ajuda, e ora ajudando na insegurança
alheia, Arata é um personagem complexo e que evoluí gradativamente, sem
reviravoltas grandiosas da noite pro dia. Mas também não ficando num luto eterno
imutável. É um equilíbrio delicado conduzido com maestria.
Contudo,
é mesmo o time Mizusawa que carrega o coração destes filmes. O calor no peito
ao rever esses adoráveis jovens é a maior prova do quanto estes filmes
funcionam. Tendo dificuldades em treinar devido ao barulho do clube de banda,
as gags envolvendo essa situação são sempre eficientes e inusitadas, surgindo
quando menos esperamos. E assim como a Parte 1 contava com montagens
inspiradas, esse segue da mesma forma, encontrando tempo para fazer nossos
personagens dançar e aproveitar a música. Talvez seja o momento mais engraçado
do filme, que já conta com diversas sequências divertidas.
Inteligente
ao trazer conflitos entre Taichi e Chihaya, com discussões (pasmem)
absurdamente maduras e ponderadas, em que entendemos ambos os pontos de vista,
nos colocando ao lado dos personagens em situações delicadas. Sem esquecer os
demais membros do grupo, o diretor ainda coloca na mesa como esses desentendimentos
afetam os colegas. Afinal, eles também estão na história e querendo o melhor
para o time. Isso traz espaço para o grupo amadurecer de forma tocante, sem
precisarem depender de gritos e choradeiras artificiais (cof anime cof).
Esta
Parte 2 ainda traz mais aprendizado sobre o karuta, ensinando técnicas novas de
posicionar as cartas contra canhotos. E aproveita o personagem de Sudo, o líder
do principal time adversário do filme anterior, que já temos alguma conexão, ao
invés de enfiar algum novo rosto (como o original fez incontáveis vezes). Resgata
detalhes do anterior, como Chihaya colocando o cabelo atrás da orelha para
ouvir melhor. E a técnica sem som da rainha que é executada, realmente, com
ausência de som, criando um efeito mágico hipnotizante em todas as suas
jogadas.
Novamente
com a fotografia exuberante em suas cores quentes, essa Parte 2 segue
contagiante em sua juventude. Até o flashback de Arata e seu avô parece um
sonho idealizado devido aos cenários belíssimos. Chegando a um clímax crescente
de forma incrivelmente disciplinada e contida, temos várias partidas
intercaladas por inúmeros acontecimentos e conversas importantes. E são esses
longos respiros que jamais permitem tornar os jogos cansativos. Assim, quando o
filme mergulha de vez nos movimentos ininterruptos na reta final, estamos com fôlego
total (mesmo tendo passado já uns 40 minutos naquele torneio). Sequer
percebemos de tão impecável a direção de Norihiro Koizumi.
A força de Chihayafuru
Parte 2 pode ser constada quando o alegre e esforçado Nishida está enfrentando
a rainha, e ao fazer um movimento chave, vibrei como um louco aqui. Não foi
pela Chihaya, Taichi ou Arata. Mas por um dos demais colegas. Ou quando Komano
está frustrado por ter perdido uma carta, e Kana mostra que ela conseguiu, e o
garoto imediatamente muda de expressão, feliz pela companheira. São esses
pequenos gestos, de personagens “menos importantes” (só que não), que acabam
nos tocando com uma força surpreendente. Encerrando de maneira ainda mais
empolgante que o anterior, não vejo a hora de reencontrar estes queridos amigos
na Parte 3. Embora eu não queria ter que dizer adeus a essa garotada tão
animada e apaixonada pelo que faz.
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