Saudações
do Crítico Nippon!
Dragon
Ball Super é facilmente o pior arco da franquia Dragon Ball (até pior que o GT,
e tenho um texto inteiro sobre isso). É tudo que os haters sempre usaram pra
justificar seu ódio contra DB: lutas descerebradas, transformações novas toda
hora e uma das piores animações possíveis. Os textos que escrevi sobre a
complexidade da saga Freeza (aqui e aqui), ou mesmo de alguns personagens específicos, jamais poderiam ser construídos com o fiapo de conteúdo de Super.
Assim, eu não faço a menor ideia do que fui fazer nesta sessão de cinema. Inclusive,
eu até já havia comparado Batalha dos Deuses e o Renascimento de Freeza com os
filmes antigos que eram muito melhores. Dito tudo isso, este “Broly” ao menos é
superior aos últimos dois. Muito superior, aliás. Além de trazer algumas das
melhores lutas de todos os filmes da série, de modo geral.
Claro
que há muito do conteúdo ridículo de Super que é preciso simplesmente aceitar,
como Freeza revivido (argh) aprontando altas confusões pela bilionésima vez, as novas
transformações de cabelo vermelho e azul (até nunca mais, SSJ 3), e saiyajins
em sua forma normal conseguindo manter uma luta contra adversários com a força
de um deus. Não faz o menor sentido nada disso, mas é o que temos atualmente. E
uma vez absorvido estas novas regras, é possível apreciar a calma e cuidado com
que o diretor Tatsuya Nagamine conduz praticamente o filme inteiro.
Novamente,
pela bilionésima vez, testemunhamos o fim do planeta Vegeta (eu pensei,
inclusive, que iríamos ver a morte do tio Ben e da família Wayne, caso alguém
não conheça também), porém dessa vez há dois propósitos fundamentais com isso:
desenvolver o pai de Goku, Bardock (vulgo Jor-El); e as origens humildes de
Broly e seu pai Paragus. Aliás, é um filme repleto de relações paternas que ecoam entre os personagens,
incluindo também rei Vegeta e o príncipe, e rei Cold e Freeza. Todos os filhos
praticamente não tiveram escolha sobre seus destinos. De qualquer modo, é
impressionante como praticamente não há lutas neste primeiro ato do filme,
exceto com alguns alienígenas asquerosos que são derrotados em 5 segundos. Tirando
isso, o longa demonstra uma disciplina admirável, e ainda cria planos
belíssimos como Bardock carregando a nave do filho com um céu estrelado ao
fundo. Aliás, é um paralelo interessante Bardock carregar uma esfera cheia de
vida com o espaço atrás, e Freeza carregar uma esfera de morte também com o
universo atrás.
Com
um segundo ato igualmente ponderado, testemunhamos o início de um
desenvolvimento para Broly, com a ajuda de dois servos de Freeza que, pela
primeira vez na franquia, ganham nossa simpatia. Aliás, o próprio Freeza manda
recompensá-los com uma refeição adequada, algo que jamais foi feito idem.
Parecendo sempre desconfortável em receber atenção, o vilão título evita
contato nos olhos com qualquer pessoa que seja. E por um segundo, fiquei pensando
se ele não poderia ter síndrome de Asperger, inclusive no sentido de
desenvolver super habilidades que outras pessoas normalmente não conseguiriam. É
uma pena que este início de desenvolvimento soe tão rápido e com situações
bestas como uma briga de refeitório. De qualquer modo, é tocante como Broly
defende a honra de seu pai, mesmo perante os novos amigos.
Seguindo
a tradição dos personagens terem a intenção de fazer desejos incrivelmente
bobos para as esferas do dragão (começando lá com Oolong e a calcinha da Bulma),
fiquei abismado com a direção do filme colocando de forma paralela o desejo da
Bulma e de Freeza, que tem muito em comum. Esse tipo de montagem fluída
praticamente nunca aconteceu em Dragon Ball.
Com
uma animação realmente surpreendente (diferente não só da série Super, mas dos
medíocres filmes anteriores), aquela luta treino de Goku e Vegeta no mar,
levantando ondas, com a câmera girando por eles, é inquestionavelmente superior
àquela do filme anterior que fazem contra Whis. E ela se mantém consistente em
praticamente todo o filme, com exceção talvez de alguns momentos finais, quando
tudo parece estar jorrando da tela sobre o espectador. Parece transbordando de
empolgação consigo mesmo. E há um detalhe muito bacana em fazer Broly arrastar
o rosto de um personagem ao longo do gelo, algo que havia feito em um filme
anterior contra Gohan.
Desta
forma, pela primeira vez não temos nenhum outro guerreiro Z auxiliando no
combate. É Goku e Vegeta contra Broly. Cuja melhor sequência é com o príncipe,
em uma longa batalha no gelo, repleta de coreografia e crescendo exponencialmente. A utilização dos cenários
é belíssima, inclusive mais tarde, na lava, forma um clima realmente assustador
e empolgante. Aliás, o que mais me encantou em todas as etapas, de todas as
lutas, foi a seriedade dos adversários e igualdade de forças. Em todos filmes
anteriores do Broly, ele era uma força indestrutível cujos personagens sequer conseguiam
manter uma luta. Dessa vez não, eles mantém, e muito. Nunca sabemos quem está
ganhando, e não há nenhum massacre pra cima de nossos heróis (nem o contrário).
Por exemplo, Bills sempre foi claramente mais forte que Goku deus; e Freeza
dourado sempre foi claramente mais fraco que o SSJ Blue. Irritante apenas na trilha
sonora cantando aos berros os nomes dos golpes e nomes dos personagens, é
surreal alguém ter achado que isso seria uma boa ideia.
Com
uma resolução extremamente empolgante e incrivelmente satisfatória, “Broly” (o
filme) mostra que ainda podemos nos surpreender com Dragon Ball, seja na
direção calma, no desenvolvimento de personagem e nas lutas acirradas. E a
estratégia que Freeza utiliza lembrando de quando matou Kuririn em Namekusei é
totalmente inesperada e genial. Assim, pela primeira vez desde que começou essa
tragédia de Super com o Batalha dos Deuses, me vejo curioso para descobrir os novos
rumos que irão tomar com certos personagens. Isso é algo que eu jamais
imaginaria sentir. E o crédito é todo do filme.
(Agora você pode votar no que quer que a gente escreva; receber fotos dos bastidores; e ainda incentivar o nosso trabalho! Saiba como ser um padrinho ou madrinha: AQUI)
(Para mais dos meus textos, só ir no menu "Crítico Nippon" lá em cima)
Twitter: @PedroSEkman
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Os comentários deste blog são moderados, então pode demorar alguns minutos até serem aprovados. Deixe seu comentário, ele é um importante feedback.