sábado, 5 de janeiro de 2019

Dragon Ball Super: Broly (2019)


Saudações do Crítico Nippon!

Dragon Ball Super é facilmente o pior arco da franquia Dragon Ball (até pior que o GT, e tenho um texto inteiro sobre isso). É tudo que os haters sempre usaram pra justificar seu ódio contra DB: lutas descerebradas, transformações novas toda hora e uma das piores animações possíveis. Os textos que escrevi sobre a complexidade da saga Freeza (aqui e aqui), ou mesmo de alguns personagens específicos, jamais poderiam ser construídos com o fiapo de conteúdo de Super. Assim, eu não faço a menor ideia do que fui fazer nesta sessão de cinema. Inclusive, eu até já havia comparado Batalha dos Deuses e o Renascimento de Freeza com os filmes antigos que eram muito melhores. Dito tudo isso, este “Broly” ao menos é superior aos últimos dois. Muito superior, aliás. Além de trazer algumas das melhores lutas de todos os filmes da série, de modo geral.


Claro que há muito do conteúdo ridículo de Super que é preciso simplesmente aceitar, como Freeza revivido (argh) aprontando altas confusões pela bilionésima vez, as novas transformações de cabelo vermelho e azul (até nunca mais, SSJ 3), e saiyajins em sua forma normal conseguindo manter uma luta contra adversários com a força de um deus. Não faz o menor sentido nada disso, mas é o que temos atualmente. E uma vez absorvido estas novas regras, é possível apreciar a calma e cuidado com que o diretor Tatsuya Nagamine conduz praticamente o filme inteiro.


Novamente, pela bilionésima vez, testemunhamos o fim do planeta Vegeta (eu pensei, inclusive, que iríamos ver a morte do tio Ben e da família Wayne, caso alguém não conheça também), porém dessa vez há dois propósitos fundamentais com isso: desenvolver o pai de Goku, Bardock (vulgo Jor-El); e as origens humildes de Broly e seu pai Paragus. Aliás, é um filme repleto de relações paternas que ecoam entre os personagens, incluindo também rei Vegeta e o príncipe, e rei Cold e Freeza. Todos os filhos praticamente não tiveram escolha sobre seus destinos. De qualquer modo, é impressionante como praticamente não há lutas neste primeiro ato do filme, exceto com alguns alienígenas asquerosos que são derrotados em 5 segundos. Tirando isso, o longa demonstra uma disciplina admirável, e ainda cria planos belíssimos como Bardock carregando a nave do filho com um céu estrelado ao fundo. Aliás, é um paralelo interessante Bardock carregar uma esfera cheia de vida com o espaço atrás, e Freeza carregar uma esfera de morte também com o universo atrás. 


Com um segundo ato igualmente ponderado, testemunhamos o início de um desenvolvimento para Broly, com a ajuda de dois servos de Freeza que, pela primeira vez na franquia, ganham nossa simpatia. Aliás, o próprio Freeza manda recompensá-los com uma refeição adequada, algo que jamais foi feito idem. Parecendo sempre desconfortável em receber atenção, o vilão título evita contato nos olhos com qualquer pessoa que seja. E por um segundo, fiquei pensando se ele não poderia ter síndrome de Asperger, inclusive no sentido de desenvolver super habilidades que outras pessoas normalmente não conseguiriam. É uma pena que este início de desenvolvimento soe tão rápido e com situações bestas como uma briga de refeitório. De qualquer modo, é tocante como Broly defende a honra de seu pai, mesmo perante os novos amigos.


Seguindo a tradição dos personagens terem a intenção de fazer desejos incrivelmente bobos para as esferas do dragão (começando lá com Oolong e a calcinha da Bulma), fiquei abismado com a direção do filme colocando de forma paralela o desejo da Bulma e de Freeza, que tem muito em comum. Esse tipo de montagem fluída praticamente nunca aconteceu em Dragon Ball. 

Com uma animação realmente surpreendente (diferente não só da série Super, mas dos medíocres filmes anteriores), aquela luta treino de Goku e Vegeta no mar, levantando ondas, com a câmera girando por eles, é inquestionavelmente superior àquela do filme anterior que fazem contra Whis. E ela se mantém consistente em praticamente todo o filme, com exceção talvez de alguns momentos finais, quando tudo parece estar jorrando da tela sobre o espectador. Parece transbordando de empolgação consigo mesmo. E há um detalhe muito bacana em fazer Broly arrastar o rosto de um personagem ao longo do gelo, algo que havia feito em um filme anterior contra Gohan.


Desta forma, pela primeira vez não temos nenhum outro guerreiro Z auxiliando no combate. É Goku e Vegeta contra Broly. Cuja melhor sequência é com o príncipe, em uma longa batalha no gelo, repleta de coreografia e crescendo exponencialmente. A utilização dos cenários é belíssima, inclusive mais tarde, na lava, forma um clima realmente assustador e empolgante. Aliás, o que mais me encantou em todas as etapas, de todas as lutas, foi a seriedade dos adversários e igualdade de forças. Em todos filmes anteriores do Broly, ele era uma força indestrutível cujos personagens sequer conseguiam manter uma luta. Dessa vez não, eles mantém, e muito. Nunca sabemos quem está ganhando, e não há nenhum massacre pra cima de nossos heróis (nem o contrário). Por exemplo, Bills sempre foi claramente mais forte que Goku deus; e Freeza dourado sempre foi claramente mais fraco que o SSJ Blue. Irritante apenas na trilha sonora cantando aos berros os nomes dos golpes e nomes dos personagens, é surreal alguém ter achado que isso seria uma boa ideia.






Com uma resolução extremamente empolgante e incrivelmente satisfatória, “Broly” (o filme) mostra que ainda podemos nos surpreender com Dragon Ball, seja na direção calma, no desenvolvimento de personagem e nas lutas acirradas. E a estratégia que Freeza utiliza lembrando de quando matou Kuririn em Namekusei é totalmente inesperada e genial. Assim, pela primeira vez desde que começou essa tragédia de Super com o Batalha dos Deuses, me vejo curioso para descobrir os novos rumos que irão tomar com certos personagens. Isso é algo que eu jamais imaginaria sentir. E o crédito é todo do filme.



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