domingo, 12 de fevereiro de 2012

Formspring #01: O Que Há de Bom em FLCL?

Falar sobre FLCL é a mesma coisa que tentar juntar os fragmentos do Caos. As únicas palavras que me veem em mente são: “Insano”, “muito louco”, “nonsense”... Por ai. Mas eu não pretendo fazer um review aqui nem muito menos deixar a mente fluir solta e ir vomitando palavras como fiz no post de Mawaru Penguindrum (eu tentei, mas não consegui evitar). Mas lá no meu formispring, me perguntaram o que eu acho de Fooly Cooly ou Furi Kuri, ou "aquele com o robô e as guitarras...”. Já que eu teria de qualquer forma, fazer um exercício mental pra formular uma resposta não muito vergonhosa, acho justo publica-la no blog para que tenha um alcance maior, não é mesmo? E com isso, eu inicio uma série de posts da parceria entre “uma rede de contato pessoal da otakinha que vos escreve e o Elfen Lied BR” – Esperemos que seja uma parceria bacana.

Quando eu digo que pra responder com sinceridade e com mais de meia dúzia de palavras sobre o que eu acho de FLCL envolveria um certo exercício mental, é que este foi um dos meus primeiros animes que assisti. Antes mesmo de virar essa otaka que sou hoje. Então, imaginem a minha reação que me vi diante daquela loucura toda. Foi uma montanha russa de sentimentos. Eu não sabia o que era Gainax, não tinha assistido nem 10 animes que realmente me desse um chão para pisar e servir de referência. Eu penso que FLCL não é um anime recomendado para quem tá iniciando ainda, eu acredito que seja a mesma coisa que botar uma pessoa “comum” na frente da tv e colocar o DVD de Excel Saga pra rodar – Simplesmente, grande parte da sacada original deste anime, irá se perder.


Gosto bastante e sempre me recordarei com carinho e preciso em algum momento, rever os 6 episódios desse OVA.  Dizer que Fooly Cooly é completamente coerente seria uma mentira. Mas dizer que é totalmente incoerente e sem sentido é também uma mentira. E é justamente essa contradição que faz essa série ser tão interessante. Na minha visão, FLCL é um conto sobre adolescência, recheado de metáforas e com recursos fantásticos que na época, eram considerados inovadores – Algo que só poderia sair de um estúdio como o GAINAX (que por produções assim, este permaneceu por muito tempo sendo o estúdio preferido de muitos formadores de opinião e o mais queridinho dos otakus) em parceria com o Production I.G.

FLCL, através de muita loucura e insanidade explora essa angústia adolescente na figura de Naota e o stress que este sente, sendo bem representado pelas aberrações que saem de sua cabeça. E isso sempre acontece nos momentos mais críticos, como quando Naota tenta beija Mamimi e é rejeitado por ela. Então essa aberração que se assemelha a um pênis gigante, salta de sua testa e começa a atirar para o céu. E Naota tem esse conflito, de tentar entender seus sentimentos e a relação que mantem com as duas mulheres centrais em sua vida até então: a Haruko Haruhara e a Mamimi Samejima – Estas que, estão em busca de algo no qual ele não entende seus motivos (que virão à tona somente no último episódio). E isso é um ponto bacana, pois é uma metáfora pertinente sobre um universo adolescente e as diversas coisas que não são compreensíveis nessa idade. 

A conotação sexual em FLCL é altíssima e isso é fácil de perceber, até para mim que estava completamente fora desse universo. Começando pela forte tensão sexual que existia entre Naota e Mamami, proporcionados pelos chupões no pescoço que ela lhe aplicava. A sátira ao mundo adulto é ótima, este sendo representado de forma fraca e indigno de admiração. O pai e o avô de Naota são figuras incompetentes e desprovidas de autoridade (ao menos, que eu me lembro, posso estar enganada. Mas foi essa imagem que ficou em minha mente). Então, a trama acaba apresentando uma inversão de papeis, mas mantendo um tom critico para ambos os lados.

FLCL tem umas sequências de ação bem surtantes, especialmente as cenas que envolvem a investigadora extraterrestre que trabalha para a Patrulha Galáctica, Haruko, que em determinado episódio trava uma verdadeira e absurda perseguição com os agentes que estão atrás dela e da Medical Mechanica. Digo que é estilo Matrix, chegando aos limites da ruptura da animação e o CG que é praticamente imperceptível. 

Este é um anime despretensioso, bobo, divertido, excêntrico desde o character designer original de Yoshiyuki Sadamoto, até a abordagem da trama central da série. Quer coisa melhor quando a Haruko usa um contrabaixo para criar um portal na cabeça de Naota e dali sai de tudo, TU-DO!? Ou a falta de limite dessa degenerada Haruko? FLCL é sensacional; Uso de cores e formas abstratas, cenas de ação que não possuem coesão alguma, imagens de mangá em movimento e várias onomatopeias surgindo na tela. FLCL é muito aleatório. Minha reação ao assistir tudo aquilo, foi idêntica à da câmera extremamente nervosa durante os episódios. E se isso tudo já não fosse suficiente, a trilha sonora é “orgasmante”. A banda The Pillows, dá o tom indie e rocker que passa uma sensação experimental para FLCL. Olha, poucas vezes vi um casamento tão perfeito ente trilha sonora e a ação em vídeo. É de chorar pelo canto do olho, bebê. Sinceramente? Eu nunca quis tanto uma vespa amarela, rs.

Ah, sim, antes que me perguntem, eu li o mangá, que ficou a cargo de Hajime Ueda, mas não senti a mesma emoção. Obviamente, estamos diante de mais uma adaptação medíocre. É complicado tentar recriar algo. Enfim, acabei me empolgando e ficou mais longo do que deveria (planejava apenas 2 parágrafos). Mas acabei me deixando levar e falando um pouco mais.

O que eu posso dizer, é que se tem alguém que ainda não assistiu FLCL, vá lá conferir. E essa não é uma review, vou morrer negando isso, mas espero sinceramente fazer um post decente sobre FLCL até lá. E se você está lendo meus comentários e ainda não assistiu o anime, está esperando o quê?

Dica de leitura: Artigo de FLCL no blog Abstrações

[Eu tive que me segurar, ou isso iria virar uma bagunça e o post ficar enorme – e ai, ninguém iria ler]