Recentemente eu fiz um post comentando um pouco sobre Samura
Hiroaki e seu estilo agressivo de ilustração. Mas Samura não é apenas aquele
tiozinho doente e fã de heavy metal que faz qualquer otakinha sentir calafrios
e otakinhos fecharem os olhos com ilustrações bem peculiares, ele também sabe contar uma boa história. Emerald é uma
oneshot com ambientação ocidental, que faz parte do mais recente trabalho de
Samura, Sister Generator, uma
compilação de várias histórias curtas lançadas na revista seinen, Afternoon em
2009. Eu queria mesmo era ler todo a coletânea, que é composta de 6 histórias.
E dentre elas, infelizmente as únicas que foram traduzidas até o momento, foram
Emerald e Brigit no Bansan, o que é uma pena, pois parecem ser bacanas. E
bem, Brigit no Bansan é uma história razoavelmente boa, mas nada comparado ao
título desde post. Aliás, pelas imagens das outras histórias de Sisters
Generator: Kuzein-ke no Saidai no Show,
Seifuku ha Hugenai, Shizuru Cinema e Kasou Senryaku - Kagami-uchi, nenhuma parece conseguir fazer frente
a esta.
Claro que o fato de ser um western contribui para isso. O cenário
está completamente a favor das habilidades de desenho do Samura. São tantas
belas páginas, que dá pra rechear um Tumblr (o do ELBR é desatualizado e sem atrativo porque eu sou uma otakinha procrastinadora
e estudante de administração) inteirinho.
O western é um gênero onde os diálogos são
caracteristicamente curtos, dando se enfoque na ação e nas paisagens
apelativamente incríveis. Elas precisam chamar a atenção. O lado estético
predomina na expressão visual. Destaque também para a hierarquia e a importância em se manter uma promessa. Um "homem" no velho e violento oeste, sem sua palavra, simplesmente não consegue sobreviver. Assim como as tramas geralmente são em torno de mulheres,
dívidas ou trapaças no jogo. Com Emerald não é diferente, mas aqui a história
vai além da temática Bang bang ou da
eterna briga do mocinho com o bandido. Tem uma trama no melhor estilo puro awesomes e mindfuk se desenvolvendo ao fundo, que é simplesmente espetacular. Samura
é incrível, ele vai traFFçando alguns diálogos e divide a história em dois núcleos,
que você sabe que em algum momento irá se misturar, mas fica a pergunta: como?
E mais, por quê?
"Sarah, em qualquer ocasião, nunca desista da esperança, e esteja sempre pronta pra usar a inteligência. Poder é poder. E armas, são armas. Essas são soluções dos homens, não de nós mulheres. Por isso, a qualquer momento, você deve estar pronta pra usar a inteligência. E então, tenha a coragem pra usa-la."
-Defino Emerald, assim. Como uma história de sobrevivência de duas mulheres, no oeste dominado pelos homens, onde suas únicas armas são: Coragem, inteligência e esperança.
Emerald é uma oneshot de 64 páginas, ambientada num universo
tipicamente ocidental, onde uma jovem garota chamada Sarah, não tem outra
opção, a não ser participar de um jogo com o homem que matou seus pais, por
causa de dividas. Agora ela precisa vencê-lo nesse jogo ou será obrigada a ser
o pagamento da dívida deixada por seu pai, trabalhando num bordel, se
transformando numa mercadoria daquele homem. No outro núcleo, temos Weed Jimmy,
um conhecido bandido bom de mira, que recebe uma oferta de “trabalho” de uma
mulher chamada Rosalie, mas antes ele precisa passar no teste dela.
Pistoleiros, heróis, heroínas, bandidos, Emerald é uma autêntica história do gênero
western, onde seu maior defeito é não ter ganhado uma serialização contínua. Definitivamente,
gostaria de saber mais sobre aquele universo. Fora que o mistério do enredo, é
bem engenhoso e o suspense consegue permear as páginas de uma banda desenhada. A
título de curiosidade, Sarah e Rosalie lembram um pouco a Rin e Hyakurin, de Blade of the Immortal.
O desenho, para quem conhece o Samura, é aquele de sempre.
Um traçado muito bonito e dramático, ao qual combinam com suas histórias,
normalmente brutas e retratando o lado duro da vida. Como já lhe é característico,
aqui nós temos páginas inteiras desenhadas a lápis, nanquim. Não dá pra esperar
menos daquele que é conhecido como mestre do lápis preto. Os enquadramentos são
bem ágeis e dão um clima a mais na execução da história.No mais, leitura
mais do que recomendada, para aqueles que procuram uma história consistente e
adulta, belos desenhos, bons personagens e um roteiro instigante, mas sem
erotização ou violência. Se bem que recomendar um western e dizer que não é violento,
é meio que uma contradição...
Revista: Afternoon (editora Kodansha)
Ano: 2001
Demografia: Seinen
Gênero: Western, Ação, Aventura, Histórico
Onde encontrar: Chrono